Telbeth a arrastou de volta para o túnel secreto de onde haviam saído.
— O que quis dizer com aquilo?
— E-Eu não...
— Selene, precisa ser sincera comigo para que eu te ajude.
A princesa respirou fundo antes de revelar:
— Ele não é um prisioneiro comum.
O rapaz aceitou a evasão da resposta. A irmã não confiava nele, e a culpa era sua. Talvez, se a ajudasse sem questionar, conseguisse reconquistar o que tiveram antes de tudo ter dado errado. Por isso, ele disse.
— Siga-me. Espero que esteja levando alguma arma.
ཀ
Dohan começou a ficar ansioso demais com a ausência de Telbeth e resolveu sair daquele canto escuro. A luz do candelabro não era mais suficiente.
A presença dos guardas por todos os lados o incomodava. O príncipe precisava de um lugar reservado para acalmar os nervos. Uma ideia passou pela sua cabeça e ele sorriu: termas.
A caminhada até elas é mais curta do que o esperado, e o rapaz suspira quando chega no ambiente quente e cheio de vapores aconchegantes. Ele retira as roupas e entra em uma das banheiras de pedra. A água morna o relaxa quase imediatamente e ele fecha os olhos, suspirando.
— Você não pode me separar da minha filha. Não pode continuar fugindo do passado.
— Eu não estou fugindo do passado, estou garantindo que nossas cabeças continuem presas aos nossos pescoços.
Laelia?
— Por que não acaba logo com isso? Dê um fim nele.
— Erebus.
Dohan mergulhou e prendeu-se ao fundo da banheira. Seu sangue latejava nos ouvidos. Os passos de Laelia ressoaram, altos e claros, atravessando as camadas da água.
— Não repita mais isso.
Ele só voltou à superfície quando o ar de seus pulmões se esgotou. As batidas do seu coração e sua respiração estavam aceleradas. O peso do segredo o sufocava e paralisava.
O que acabara de ouvir?
ཀ
Selene ouviu os gritos muito antes de chegar à pesada porta de ferro, que estava entreaberta. Telbeth disse alguma coisa que ela não entendeu muito bem. Seus ouvidos sangravam.
— Fique aqui.— A jovem entregou a ele um de seus punhais antes de encolher-se num dos cantos da parede.
Ela esperava que pudesse se recompor enquanto o irmão agia na câmara atrás de si. Infelizmente, os passos na escada acabaram com suas esperanças.
Seus instintos a fizeram olhar ao redor. Uma pedra solta no chão clareou suas ideias. Ela se recostou na parede oposta à qual estava e esperou. Quando vislumbrou a parte de trás da cabeça de um dos guardas, arremessou a arma improvisada com força e precisão. Os gritos do lado de dentro sobrepujaram o baque do corpo ao cair.
Sem coragem suficiente para checar o estado do homem, ela recolheu a pedra e adentrou o recinto.
O lado de dentro era milhões de vezes pior.
O cheiro, os gritos, a pressão. Tudo ali era pútrido e repugnante. Ela avistou Balken discutindo com Telbeth. Uma sentinela estava próximo a eles, segurando o cabo da espada, pronta para qualquer coisa. Selene tentou recuar, mas alguém a pegou por trás. Com um movimento, conseguiu golpeá-lo entre as pernas e se soltou. Mas agora todos olhavam para ela.
A jovem conseguiu retirar um punhal do corpete, mas a sentinela de prontidão a atacou a tempo. Agora ela estava deitada no chão, com uma bota pressionando suas costas.
— Selene?— exclamaram pai e filho em uníssono. Não conseguiu distinguir suas vozes, tal era a intensidade da dor de cabeça e do sangramento. Alguém gritava intensamente do lado de dentro da cela. Seu nome. Alguém gritava o seu nome.
— Pai — chamou ela, a voz rouca pela falta de ar.
— O que está fazendo aqui?
— Solte-o. Por favor.
— Você o conhece? — A princesa tentou, em vão, se reerguer. Ao olhar para o pai, viu sua expressão de nojo e descrença. Ele fez um sinal para a sentinela, que a puxou pelos cabelos e a arrastou para perto dele.
— Sim. Eu o conheço. E peço que o solte. — O rei se moveu. E Selene pôde ver os gestos que os prisioneiros de aparência incomum da outra cela faziam. Eles murmuravam algo como "chaves" e apontavam para Balken. As chaves estavam com Balken. Antes que ela pudesse entender mais alguma coisa, ele adentrou seu campo de visão.
— Selene, por acaso sabe o que ele é?
À essa altura, não adiantava mentir. Com um olhar de soslaio para ele, soube o que tinha de fazer. Por isso, disse, os olhos se afogando em lágrimas:
— Sei.
Balken mordeu o interior da bochecha e assentiu, devagar. Ajustou os anéis, e esbofeteou a jovem com tanta força que as jóias em seus dedos abriram cortes em sua pele. A sentinela ainda segurava seus cabelos e braços, e a garota podia apenas antecipar os golpes, contraíndo-se. Telbeth começou a gritar, e os guardas de dentro da cela saíram para contê-lo. Antes que pudessem agarrá-lo, porém, ele apunhalou o pai nas costas. Aquele curto momento congelado agora para a eternidade.
*・゜゚・*:.。..。.:*・'・*:.。. .。.:*・゜゚・*
Oi! Obrigada por ler mais um capítulo ;)
Se puder deixar um voto e um comentário, eu ficaria muito feliz! Gostaria saber o que estão achando ;)Até a próxima! 💕
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O Encanto da Lua
FantasySelene Delaney cresceu na terrível e poderosa família regente do Reino de Yndermoor, um dos membros da aliança formada pelo Império Kratoria. Herdeira de uma importante linhagem, ela deveria seguir os passos marcados por sangue e corrupção que havi...