Capítulo XVIII

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Selene sabia que Teressa e os outros estariam perto dos estábulos, na área menos vigiada. Então ficou à frente de todos, guiando-os através de seu mapa improvisado.

— Tem certeza de que não estamos nos perdendo? — perguntou Anna, com a voz trêmula.

A garota mal respondeu. Ela tentava organizar os últimos acontecimentos em sua mente inquieta.

Seu pai estava morto. Seu irmão, preso. Ela prometeu a si mesma libertá-lo, e planejava cumprir a promessa, quando tivesse a oportunidade. Sua posição como princesa estaria extinta quando todos descobrissem o que realmente aconteceu. A princesa de Yndermoor virando uma rebelde.

Uma lágrima manchou o diário quando pensou de Katha e Jair. Ela relembrou de sua primeira fuga, com Marylia, e disse:

— Talvez possamos ficar numa pensão aqui perto.

— Eu ia sugerir isso. Os donos são bem simpáticos. Olga e...

— ...Matteo. Eles hospedaram uma amiga minha.

— Sua amiga Marylia.

Eles se entreolharam com as sobrancelhas franzidas por um bom tempo até Deschia interromper:

— Vocês terão muito tempo para esclarecer as coisas depois. Agora, vamos. Estou vendo escadas.

Os quatro desceram os degraus, abriram uma porta e chegaram na câmara circular com várias outras. Selene abriu aquela com entalhes de flores, que nunca mais fechara devido ao chute de Marylia.

Todos saíram antes dela. Quando a olharam, suas mãos estavam agarrando a madeira e seus olhos percorriam o interior do túnel com certo desespero.

— Selene? — perguntou Caden, se aproximando. Ela recuou.

— Talvez eu devesse ficar para tentar consertar as coisas.

— Você não pode ficar. Vão te prender.

— Quem? Meu pai morto? Meu irmão preso?

— Sua mãe. O Conselho. Todos os aristocratas que ganharam agrados durante esses anos. Eles virão atrás de você.

— Como é que você sabe disso?

— Muita gente sabe. E não finja que é mentira.

Não era mentira, mas ela queria bloquear esses pensamentos. Seu olhar se desviou do túnel escuro para o céu que ia de um roxo escuro até um rosa alaranjado.

— Nós vamos para o vilarejo — disse Caden e ela o olhou. — Todos nós.

— Se eu for com vocês, o vilarejo vai ser destruído.

— Estamos sendo atacados há muito tempo. Se vierem atrás de nós, vamos lutar.

— É, é. Vamos lutar. Agora podemos ir? Este lugar me dá nos nervos.

Deschia retomou a caminhada ao lado de Anna e Selene as seguiu. Caden foi atrás, olhando para os lados à procura de guardas.

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Marylia, Olga e Matteo estavam quase chegando no limite da floresta quando a mula empacou.

— Ei, ande. Vamos, vamos. — Matteo estalou a língua e deu tapinhas lombo do animal, mas ele não se moveu. — Que diabos...

— A floresta é encantada. Ela não vai passar daqui.

— As Madres te disseram isso? — perguntou Olga.

— Eu achei que todo mundo soubesse. — Marylia inspirou profundamente. — Precisaremos carregar nossas coisas.

— O lombo velho de Matteo não aguenta nem o próprio peso. Nós duas damos conta, Mary.

Matteo, ofendido, pegou uma bolsa tiracolo, um cantil e um cobertor para carregar, enquanto as duas recolheram o resto.

— Não sei vocês, mas eu também não estou muito ansioso para entrar lá.

— É o nosso único caminho. — A moça olhou para o castelo sombrio no topo do monte, às suas costas. Em seguida, para a distante cordilheira montanhosa, na direita, onde ficava a fronteira de Yndermoor com o Reino Ofídis. E por último, para a imensidão gelada à esquerda, que deveria ser atravessada caso quisessem chegar a Feriscruen. — Vamos?

Eden acordou com um susto. Seu pescoço doía por causa da má posição, e ela o massageou enquanto se levantava. Thalia ainda dormia e os raios de sol atravessavam a janela.

Quando terminou de descer as escadas, viu Kaleb recolhendo pedaços do que era uma xícara de chá com um pano.

— Desde quando gatos são tão desastrados?

— Desde quando você acorda antes das três da tarde?

A garota pegou um pano de cima da mesa e atirou nele com um resmungo.

— Eden, agora eu também estou preocupado.

— Com a Lua de Sangue?

— Com Caden. Eu meio que fiquei esperando por ele à noite.

— Se você quiser nós podemos patrulhar a floresta. Mas ele pode ter apenas parado para descansar numa hospedaria ou algo do tipo.

— Caden nunca dormiria fora por conta própria.

— Kaleb, não seja paranoico. Vamos limpar essa bagunça e cuidar do jardim.

Eles trabalharam em silêncio. A preocupação aumentando a cada instante em que a silhueta de Caden não aparecia na porta. Os dois não acreditavam que o pressentimento fosse apenas paranoia, mas não tinham coragem suficiente para dizer o que pensavam.

*・゜゚・*:.。..。.:*・'・*:.。. .。.:*・゜゚・*
Oie! É o fim de mais um capítulo!
Perdão se tiver ficado curtinho, é difícil escrever durante as aulas kkkk

Mt obrigada por ler, deixe um voto e um comentário se estiver gostando! 💕

Até a próxima ☀️

O Encanto da LuaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang