Capítulo XXXVII

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Dois dragões apareceram no horizonte, serpenteando pelo céu estrelado numa velocidade impressionante.

— Katha! — gritou Kenna pela janela quebrada, o sofrimento e o desespero em sua voz eram cortantes.

— Ainda há muitos guardas aqui! Não consigo... — Ela quase escorregou quando um pedaço do piso do salão cedeu. Por sorte, Dohan estava por perto e a segurou.

— Fique mais para trás. — Ela obedeceu, com o coração pulsando no peito.

— Cuidado! — Jair gritou para ela, e, antes que conseguisse pensar, sua faca já estava enterrada no flanco de uma jovem soldada. Ela não morreu instantaneamente, mas ficou atordoada o suficiente para que Nikolai a lançasse metros abaixo com um empurrão.

— Não podemos hesitar. — Seus olhos flamejaram e ela sentiu a faca começar a escorregar de sua mão.

— Neith! — O rugido de Morana atravessou o salão. Sua irmã estava sufocando com o próprio sangue, com um corte longo no pescoço. Os Novgorod impulsionados pelo ódio e pela dor investiram com mais força contra os inimigos.

— Katha! — Jair a puxou pela mão, para um canto mais protegido. — Veja: eles estão mais fracos, mas não pararam. Telbeth não morreu.

Com toda a confusão, ela não tinha reparado nesse detalhe fundamental. A garota olhou ao redor, todos ainda lutavam. Quando abriu a boca para falar, um guincho ensurdecedor fez todos estarrecerem.

— Irmã! — Kenna e Konna a chamavam, na varanda. O grito chamou a atenção dos outros que não haviam visto os dragões a princípio.

— Pelos deuses. — Os olhos de Jair ficaram redondos como pires. — Katha, você precisa atravessar.

— Venha comigo.

— Vou tentar. Bellona! — O garoto fez sinal para a rainha, indicando que precisavam passar para a varanda. Ela assentiu, as unhas de ferro reluziam com sangue.

Os dois correram, mas apenas Katha conseguiu sair. Uma guarda desferiu sua espada contra as costas de Jair e o grito que saiu dele, apesar de não ter emitido som nenhum,foi como um rugido para a garota.

— Jair! — Ela arquejou dolorosamente. — Jair...

— Katha, venha! — As asas dos dragões batiam como ondas. Uma última vez, ela segurou a mão do amigo, e correu para as irmãs.

Caden, Kaleb, Eden, Thalia e Marylia estavam ao redor de Selene, à frente da lareira. A garota descobriu do jeito difícil que a água poderia ser quente, mas o vento continuava frio e nada a impediria de pegar um resfriado.

— O chá está bom? — Caden perguntou. Selene assentiu, apesar de não estar sentindo gosto nenhum.

Poucos segundos depois, batidas desesperadas soaram na porta. Eden foi atender e uma garota começou a falar atropeladamente:

— Dragões desconhecidos entraram em Yndermoor. Os clãs Aurora e Crespuscular ainda vão chegar. Os Meia-Noite já estão aqui.

Todos, exceto Selene e Marylia, se levantaram. Caden instruiu:

— Fiquem aqui até voltarmos, por favor. Qualquer coisa enviaremos um aviso.

Eles saíram pela porta, deixando-as antes mesmo que pudessem falar algo. Marylia protestou:

— Que absurdo! Merecemos saber o que está se passando.

— Nós não somos exatamente moradores de Eridanus...

— Não importa. Selene, levante-se. Vamos segui-los antes que os percamos de vista.

— Marylia, espere! Você não acha melhor...

— Não. Vamos, ou eu vou sozinha.

Selene se levantou, nem um pouco disposta a ficar sozinha num chalé escuro, e largou a xícara de chá na mesa. Ela ajustou a manta que vestia ao redor do corpo e ameaçou:

— Se formos pegas, a culpa será sua.

— Tanto faz. Venha, rápido!

E então, elas correram.

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Erebus sentia um aperto forte ao redor do pescoço. Laelia, frágil e arrependida, parecia outra pessoa.

— Meu filho... — Ela arquejou.

— Ele não é mais o seu filho. — O aperto afrouxou e a mulher o fitou nos olhos.

— Não diga uma coisa dessas, Erebus.

O bruxo se calou. Olhou em volta, apesar de saber onde estavam. Laelia fez o mesmo.

A tenda de Erebus no acampamento do Clã da Meia-Noite estava iluminada pela luz mortiça que vinha dos archotes lá fora. Ele começou a se mover pelo ambiente, acendendo candelabros e lampiões para clareá-lo.

— Tem tudo o que pode precisar aqui.

— Aonde vai?

— Ao castelo, procurar por Telbeth. — E, respondendo à pergunta silenciosa de Laelia: — Ele não está morto.

— Vai matá-lo?

— Se for preciso. — Laelia fez silêncio. Erebus esperou.

— Eu não te perdoaria por uma coisa dessas.

— Entendo. Acho que você também entende que eu farei o que for necessário.

Ela se levantou e foi até ele. O amor materno que pensava ter sufocado agora a abalava como um terremoto. Isso a estava enlouquecendo, tornando-a selvagem, primitiva.

— Sinto muito — ela disse, entremeando as mãos pelos seus cabelos claros. O puxão nos fios foi a única coisa que sentiu quando enfiou a adaga entre as costelas dele.

*・゜゚・*:.。..。.:*・'・*:.。. .。.:*・゜゚・*
Oie! Quanto tempo, né?

Sei que demorou, mas finalmente saiu kkkkkkk

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Até 🥰

O Encanto da LuaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant