Capítulo XVII

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Ela estava preocupada. Preocupada por Dohan. Esperava que ele não se apaixonasse pelo seu irmão. E também temia que seus pais descobrissem sobre os dois. Milhares de pensamentos passaram pela sua mente em milésimos de segundos.

— Aquele é... o seu irmão? E Dohan Dahab?

— Eu não sabia que eles... estavam juntos.

— Eles não estão. São só beijos. — Selene torcia para que suas palavras se tornassem verdadeiras. — Vamos sair daqui.

Ela puxou Katha e Jair para longe da pequena cena, e levou-os para fora do salão de jogos, por outro corredor.

Lisiantos roxos cobriam os paralelepípedos da rua como um grande tapete. Marylia olhava as pessoas na rua, aplaudindo a ilusão de um futuro rei. Ela passara por muitas coisas em seus curtos vinte anos, mas nada se comparava àquilo. Sentia-se oprimida e pequena diante daquela adoração doentia.

Seu rosto encontrou a fria janela, e uma lágrima se misturou às gotas de chuva que escorriam melancólicas do outro lado. Era horrível sentir as invisíveis marcas das mãos agressivas do príncipe em seu corpo, olhar os rapazes na rua e imaginar se eles também escondiam a face de um lobo por trás dos sorrisos melosos.

— Mary?

— Estou bem, Olga. — A senhora já lhe fizera a mesma pergunta tantas vezes que a resposta vinha automaticamente.

— Que bom. Conseguimos pegar algumas ameixas açucaradas, tente experimentar.

O som do pote no chão de madeira apenas piorou seu apetite. Ela não sentia fome. Os passos de Olga apenas ressoaram alguns momentos depois, hesitantes. Mais uma lágrima escorreu, e então mais outra, e ela começou a chorar novamente.

A embriaguez a qual aqueles beijos o levavam não equivaliam a todas as taças de vinho do reino. O sorriso de Dohan era despreocupado, como se ele soubesse que tinha o mundo na palma da mão e o tempo na outra.

— Eu senti sua falta, sabia?

— Enquanto beijava todas as bocas disponíveis ao seu alcance?

— Ah, por favor. — Ele se afastou e recostou-se na parede, deixando o indício de seus lábios no ar. — O que, ou melhor, com quem você tem feito na minha ausência?

— Eu... — Ele lembrou de Marylia, Clara e algumas outras jovens. Sua cabeça girou, e ele quis vomitar — bebi. Fumei algumas vezes. Já experimentou ópio?

— Pelos deuses, é claro que já. Mas não sou um viciado como você. Precisa parar com essas porcarias.

— Você sabe que não consigo.

Dohan parecia prestes a dizer outra coisa, mas Laelia saiu do salão de festas e apareceu no fim do corredor.

— É claro que o apoiarei em sua decisão, Príncipe. Conte com minha discrição — improvisou Telbeth, adquirindo um tom muito mais rígido e formal. O rapaz lançou-lhe um olhar de descrença.

— Ah, Príncipe Dohan, perdão pela interrupção. Preciso falar brevemente com meu filho.

— É claro, Vossa Majestade. — Ele se curvou e saiu andando. Ao passar por trás da rainha, piscou.

— Onde está a sua irmã?

— Ah, eu não sei. Talvez no salão?

— É óbvio que não está no salão! Procurei-a por toda a parte.

Ela se afastou, sem mais nada dizer, martelando o piso com seus saltos.
Telbeth olhou para o salão de jogos, vazio, e soltou a respiração.

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Até a próxima 💜

O Encanto da LuaWhere stories live. Discover now