Capítulo XVI - Início da Parte 2

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Chegara o dia. Telbeth estava completando dezenove anos. A coroação viria dali a uma semana.

Criadas arrumavam o cabelo de Selene, enquanto outras aplicavam-lhe maquiagem. O vestido cor de névoa a aguardava em um manequim, junto com saltos prateados e luvas longas.

Enquanto a vestiam, ela se olhou no espelho. Seu cabelo estava preso em um baixo coque de lado. Seus olhos delineados por tinta prateada assim como sua boca. Ela piscou, e um pó brilhoso voou pelos seus cílios longos e escuros.

De repente, uma figura esguia cruzou a porta de seu quarto. Laelia.

— Saiam.

As criadas apressaram-se pra fora, as cabeças baixas.

A rainha se aproximou de Selene sem nada dizer. Ela abriu a pequena caixa que carregava e tirou de lá um colar de brilhantes com um pingente de cristal em formato de coração. Um líquido púrpura brilhava ali dentro. Um peso pressionou o peito de Selene quando a mãe prendeu-o em seu pescoço.

— Ele enfeitiçará os olhos do rapaz que desejar conquistar. Ou rapazes.

Considerando o fato de que ela não desejava conquistar nenhum rapaz, talvez o feitiço não funcionasse. Isso a deixou esperançosa.

Telbeth vestia um gibão cinza-escuro por baixo das faixas de tecido de mesma cor que cobriam seus ombros formando um X nas suas costas. As calças que usava eram altas e possuíam seis botões de cada lado. E suas botas pretas tinham detalhes prateados. Laelia trajava um vestido branco e um manto cinzento parecido com o de Balken.

Estavam todos sentados em seus respectivos tronos. Telbeth, Balken, Laelia e Selene. Os primeiros convidados foram anunciados.

— O Rei Raj e a Rainha Maya acabam de chegar, junto da princesa Manon e dos príncipes Jair e Goa.

A família subiu até o palanque e cumprimentou-os. Em seguida, desceram e sentaram-se em uma mesa reservada para eles. O salão estava enfeitado com guirlandas e tecidos acinzentados e os lustres pareciam estalactites luminosas. Alguns músicos tocavam a harpa e outros instrumentos mais ao fundo, a música reverberava pela imensa extensão do ambiente.

As apresentações se repetiram até o salão estar repleto de aristocratas e damas da realeza. Os reis e rainhas subiam até o palanque para entregar os presentes mais caros, que eram recolhidos e guardados por serviçais. Depois de todos chegarem, Balken os convidou a se levantar e disse:

— Hoje é um grande dia para este Reino. Telbeth Delaney, meu sucessor, está completando dezenove anos. Gostaria de agradecer a todos os presentes pela consideração. E, para finalizar meu discurso, gostaria de presentear meu filho...— Ele retirou do próprio manto uma pequena medalha dourada e branca—... com isto. À Yndermoor e seu futuro rei!

Ovações tomaram conta do salão enquanto Balken prendia a medalha no peito de Telbeth. Quando ele voltou a olhar para os convidados, o barulho cessou.

— Sirvam o banquete.

Dezenas de criados surgiram com bandejas de carnes, purês, tortas, frutas e diversas outras iguarias e posicionaram-nas numa extensa mesa de madeira ao fundo. Os convidados eram livres para se servir ou chamar um criado para fazê-lo por eles. Aquela era apenas a recepção, então a família Delaney não consumiria nada que não fosse vinho ou água.

Antes que Selene pudesse descer do palanque para cumprimentar os convidados, sua mãe a segurou com força e lançou um olhar significativo em sua direção, então, para disfarçar, deu um beijo seco em sua testa e a soltou.

Ela ficou sem reação por um momento, mas Jair, o príncipe de Callidue, desvaneceu seus pensamentos com um cumprimento.

— Princesa Selene — disse, beijando os nós de seus dedos. — É um prazer conhecê-la.

— O prazer é meu. — Ela fez uma reverência.

— Mal posso esperar para recebê-la em nosso reino. Minha coroação é só daqui a três anos, mas já estou morrendo de ansiedade. — Selene deu um sorriso, absorvendo todo aquele entusiasmo.

— É, estou vendo. — Ele ruborizou e se encolheu. — Desculpe, não quis ser rude. Não estou acostumada com visitantes.

— Ah, sem problemas. — Ele sorriu e cumprimentou Katha, que se aproximara nos últimos instantes.

As duas irmãs de Katha a olhavam da outra extremidade do salão. Elas pareciam um pouco bravas, mas a jovem princesa as ignorou. Logo, Jair as envolveu numa conversa empolgada.

Os três atravessaram o salão, e no caminho, Selene pôde ver Telbeth conversando animadamente com Dohan Dahab enquanto tentava esconder a taça de vinho que segurava. Laelia a olhava de soslaio em alguns momentos, enquanto fingia estar interessada na conversa de alguma dama da sociedade.

— Ah... vocês não gostariam de... conhecer um pouco do castelo?— Katha e Jair assentiram, animados. Selene respirou fundo ao sair do mesmo ambiente em que sua mãe estava. — Que tal o salão de jogos?

Os três jogaram divertidas partidas de damas enquanto riam e contavam histórias sobre os seus respectivos reinos.

— Eu não acredito que você tenha uma serpente de estimação! — exclamou Jair, deixando de lado a formalidade.

— Eu ganhei quando fiz quinze anos, mas já estava acostumada com elas desde pequena. Ano que vem, quando eu fizer dezoito, poderei ter quantas quiser.

— Eu gostaria de poder ter um animal interessante assim. Minha mãe só permite peixes no palácio. E muitas vezes eles acabam em nossos pratos.

Katha levou as mãos à boca e começou a rir, junto com Jair. Selene sorriu enquanto empilhava os finos discos pretos e brancos. Um barulho soou no corredor, junto com murmúrios, e eles se calaram.

A jovem Delaney se levantou, indicando uma cortina vermelha perto das janelas. Os dois colegas entenderam, e foram se esconder.

Seus olhos não conseguiram discernir as duas silhuetas contra a parede, mas, ao ver a mão repleta de anéis e com as unhas tingidas de preto acariciarem as escuras tranças com detalhes em ouro ela soube.

Telbeth e o príncipe Dohan estavam juntos, muito juntos, a poucos metros de distância de Balken, Laelia, e toda a aristocracia dos Seis Reinos.

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