Capítulo V

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Não houve cumprimentos ou determinações. Apenas começaram a lutar, as lâminas não passavam de um lampejo prateado em meio à escuridão das ruas.

Selene era estratégica e habilidosa. Algo esperado de alguém que estudara anos com excelentes esgrimistas e espadachins. Conhecia as mais diversas táticas.

Por outro lado, o rapaz era rápido e sorrateiro. Não seguia regras nem dava golpes pensados, imprevisível. Um oponente experiente.

A jovem teria ganhado se não fosse pela rasteira final que a fez se estatelar no chão imundo.

— Seu porco! Não pode fazer isso.

— Lutas de verdade não seguem regras. Você poderia estar morta agora— comentou, tomando a espada da garota.

Ela engoliu em seco e se pôs de pé. Sua lombar doía, mas se obrigou a endireitar as costas.

— Caden.

— O quê?

— Meu nome. Caden. Vá embora e não pise mais aqui.

Ele voltou para dentro da taberna, deixando-a sozinha com a lembrança dormente do combate e alguns olhares enxeridos por trás das janelas.

Balken encarava o espelho. O anel de rubi em seu dedo indicador pulsava com o peso do juramento. O juramento impronunciável e fundamental.

Purificação.

O silêncio em seu quarto era tão pesado e imperturbável sem qualquer presença além da dele. A esposa dormia (ou sabe-se lá o que) em um aposento separado. Quase nunca se falavam. Um casamento baseado em interesse e acordos.

Lentamente, o homem caminhou até a cama e se sentou, rígido. Uma vela bruxuleava na pequena mesa ao lado, junto de alguns papéis e documentos. Ele hesitou antes de retirar a chave presa no colar que pendia em seu pescoço e guardá-la numa caixinha aveludada.

Colocou-a embaixo do travesseiro, ao lado do punhal escondido, e deitou-se.


Selene ajustou o capuz na cabeça e abotoou o manto novamente. A dor pungente nas costas dificultava os passos, deixando-os vacilantes.

Não podia continuar sua jornada perseguidora, então deu meia-volta para retornar à mansão. O luar refletia nos paralelepípedos, iluminando as ruelas.

Pretendia fazer uma parada na pensão em que Marylia estava hospedada para, talvez, contar a ela os resultados de sua busca. Queria conversar com alguém. Queria permanecer nas ruas e nunca mais voltar a ver aquela mansão opulenta e execrável. Mas estes, é claro, eram desejos fantasiados pela euforia e não deviam ser ouvidos.

Ela sabia que não era seguro passar a noite rondando aquelas bandas traiçoeiras, mas a adrenalina em suas veias parecia ser alimentada pela brisa leniente que assoviava nos becos escuros e esquecidos.

— Garotinha corajosa...

Os pelos do braço de Selene se arrepiaram e ela retirou a faca do corpete tão bruscamente que se cortou. Uma risada felina soou por perto.

— Tsc, tsc... que falta de jeito...

Ela girou o corpo, determinada a cortar a garganta do dono daquela voz, mas não viu nada além de um gato preto e magricela. Tentou enxotá-lo, porém o animal apenas se aproximava mais e mais...

Suas costas se arquearam, sua cauda se eriçou, ele se ergueu nas patas traseiras e quando parecia estar prestes a atacá-la...

Transformou-se num rapaz moreno e esguio, com um sorriso lascivo e arrogante.

— Te assustei?

˚✧₊⁎❝᷀ *・゜゚・*:.。.'・*:.。. .。.:*・゜゚・*ົཽ⁎⁺˳✧༚
E aí, tudo bem?
O que acham que vai acontecer com a Selene?
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Até a próxima!

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