Capítulo XXXIX

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Selene, Caden, Eden e Thalia encontraram a entrada do castelo desprotegida. Havia homens lá, mas poucos e dispersos, estavam preocupados com outra coisa.

Outra coisa no lado de dentro.

Apenas Selene baixou o capuz que usava. Os guardas se aproximaram dela, correndo e bradando ordens, apontando lanças para os outros três.

— Não — ela imperou. — Eles são amigos.

— Vossa Alteza, iremos escoltá-la até a Mansão Raven, do Lorde Varian. O castelo não está seguro no momento.

Ela lançou um olhar penetrante para o guarda, trêmulo e nervoso. Perdido.

— Seu pai, o rei, foi encontrado morto nos calabouços — disse o homem, cautelosamente. Selene suspeitou que os guardas que prenderam Telbeth já tivessem revelado tudo.

— Eu sei — ela respondeu, sem se prolongar.

— A sua mãe, a rainha, está desaparecida no momento. — A garota engoliu em seco, sem palavras, esperando que ele continuasse. — E seu irmão está... sob o efeito de algo... maligno. Algo terrível.

Enquanto falava, ele recuou até as portas e as abriu com a ajuda de outro guarda. Lá dentro, escombros se amontoavam no saguão, obstruindo a passagem da escada, e homens cambaleantes tentavam defender-se de algum inimigo ilusório, enquanto outros jaziam - mortos ou cansados demais - e mais alguns ajudavam.

Ela correu para dentro, seguida pelos colegas. Agora via mais que escombros: braços, pernas e cabeças virados em ângulos impossíveis estavam no meio de todo aquele mármore estraçalhado. Seu corpo congelou.

— O que aconteceu aqui? — perguntou Eden, exasperada.

— Estava acontecendo uma luta no andar de cima. Nós não tínhamos permissão para abandonar a entrada do castelo, então outros guardas foram averiguar. De repente, ouvimos um estrondo e... — o homem parou de falar e começou a respirar rapidamente — Me desculpe, eu...

— Matias! Esses homens estão possuídos por demônios!

Todos viraram os rostos na direção da voz. Uma mulher gritava ordens enquanto um grupo tentava conter alguns guardas que berravam e atacavam o ar. Apesar de estarem ensandecidos, eles não conseguiam ferir ninguém. Pareciam fracos.

Selene desviou o olhar e se deparou com um homem que parecia convulsionar. Ele abriu a boca e uma fumaça preta saiu dela. Após isso, seu corpo ficou inerte.

— Com licença, o que aconteceu aqui? Podem me contar? — perguntou um rapaz, com um lado do roxo túmido e inchado o braço direito mole dependurado. — Eu lembro da dor na cabeça, depois... depois acho que desmaiei.

Os presentes ali não sabiam, mas aquele jovem fora uma das marionetes usadas por Telbeth no ataque. Como o seu poder estava enfraquecido, seu controle sobre os outros diminuiu, e, agora, eles começavam a recobrar a consciência.

— Matias! — A mulher repetiu. — Com mil diabos, essa é... Vossa Alteza.

— Nos diga seu nome — pediu Caden.

— Leandra. E, por favor, quem são vocês?

— São amigos — respondeu Selene. — Onde estão as famílias?

— Não sabemos, mas... não estão aqui. Então podem estar vivas.

— Certo. Obrigada, Leandra. — Selene correu para fora, seguida pelos colegas.

— Aonde vai, Vossa Alteza? — a mulher gritou.

— Este castelo é meu, eu o conheço como a palma da mão!

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Laelia abriu os olhos: estava na biblioteca de Blackburn. Um grunhido vindo dos fundos do ambiente a acordou de seu torpor. Ela correu.

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Kaleb encontrou o clã Crepuscular ainda na floresta. Eles avançavam com medo.

— Alto lá! Quem é você, garoto?

— Sou Kaleb, de Eridanus. Estão atrasados. Onde estão os Aurora?

— Não sabemos — respondeu uma moça. — Por favor, nos leve ao acampamento.

— Só precisam seguir em frente, vão abrir a passagem para vocês quando chegarem.

Ele transformou-se em gato novamente e correu, sem olhar para trás.

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Marylia e Rukbat analisavam o progresso dos quatros jovens por meio de uma enorme bacia de prata. As imagens eram mais simbólicas que precisas, mas a moça as lia muito bem.

— Como iremos pegar a Coroa de Avitus de volta, Rukbat?

— Da última vez em que foi usada, ela definhou Avitus até a morte. Sugou tudo dele, movida pela ambição. Infelizmente, não acho que cometerá o mesmo erro.

— Ah, por favor, não é possível que essa coroa pense.

— Não, não pensa. Ela é movida por sentimentos vis. Mas, ao absorver a essência de Avitus, ela adquiriu sua sabedoria, ou melhor, sua argúcia. E agora age em função dela também.

— Mas e agora, o que vamos fazer? Não existe nenhuma outra forma de derrotá-la?

— Existe. Mas um poder assim está desaparecido há anos. — Ele suspirou. — Precisamos do Encanto da Lua.

Marylia bufou e passou as mãos pelo rosto. Nesse momento, um nuvem de sombras apareceu no canto da tenda e Tuban e a mulher, que saíram para procurar Erebus. Os dois voltaram com um corpo trêmulo e ofegante e, quando se levantaram, suas mãos estavam sujas de sangue.

— Erebus. — O velho Rukbat correu ao seu encontro, o rosto velho contorcido de preocupação.

— Pai...

Marylia arregalou os olhos, surpresa e preocupada. A mulher gritou:

— Rápido! Chame um curandeiro.

Ela repetiu as palavras para a primeira pessoa que viu pela frente e voltou correndo para a tenda. Quando retornou, Erebus começou a relatar o que tinha acontecido:

— Eu senti a... vibração no castelo. Entrei e... bem, me deparei com Telbeth e a Coroa... a Coroa de Avitus. Eu queria ver a minha filha... queria ver Selene. Ela fez isso... Laelia fez isso...

— Shhh. Está tudo bem. Onde está o curandeiro?

Uma menina de cabelos de flores, que Marylia logo reconheceu ser Deschia, entrou na tenda. Ela disse, em tom de desculpas:

— Eu estava dormindo. O que aconteceu?

Marylia se encarregou de explicar tudo. Após sibilos de dor e grunhidos contidos, Erebus respirou fundo e agradeceu pelos cuidados da garota. Ele voltou a falar, o ambiente agora mais calmo, mas foi interrompido pelo som de expirações e vozes.

— O clã Crepuscular se anuncia. Perdão pelo atraso, colegas da Meia-Noite.

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Os quatro, Eden, Thalia, Selene e Caden, entraram pela passagem secreta que ficava no jardim. A garota lembrou-se de andar por ali com Marylia e estremeceu.

— Ouçam — começou Selene, e todos prestaram atenção. — Não sabemos onde Telbeth está, ou minha mãe, ou os outros. A biblioteca é um ótimo lugar para nos escondermos e tenho certeza de que não sou a única que pensa assim.

Eles assentiram e continuaram.

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Obs: Desculpa a demora kkkk

Até a próxima 🤩

O Encanto da LuaWhere stories live. Discover now