27 - Amai-vos cordialmente uns aos outros.

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Claudia levantou e foi até a menina que ficara parada onde Andréa a deixara, pegou no braço dela e percebeu que ainda estava vermelho o local que o pai da outra criança apertara.

Ela era alta e linda! Havia algo de cativante e tranquilo no olhar dela; ela não parecia zangada, apenas envergonhada. Claudia franziu a testa.

- "Qual dos meus colegas é o pai de uma menina tão encantadora? Eu deveria ter pedido a Andréa a ficha das duas crianças." - Pensou intrigada. Claudia levou-a até sua mesa, e sentaram uma na frente da outra.

- Você pode me falar o que aconteceu? - Perguntou gentilmente. - Ela a olhou de um jeito, que pareceu familiar à Claudia, e por algum motivo desconhecido seu coração acelerou. - Você pode me falar do início, quando ela começou a fazer bullying com você?

- Na verdade, eu não sei exatamente! Nós éramos amigas até as férias de julho do ano passado. - Começou ela baixinho. - Quando voltamos em agosto eu não sei, ela começou a me tratar mal; eu não sei como ela descobriu que meu avô é também o meu padrasto, foi depois disso que ela começou a me provocar; ela fica me falando que minha mãe não sabe de quem eu sou filha, se do meu pai ou do meu avô. Não entendo porque ela fica me humilhando o tempo todo. - Disse contendo as lágrimas.

- Mas hoje foi diferente, você quer falar sobre isso? - Perguntou suavemente.

- Minha mãe e o meu avô estão no país, e domingo eu fui ao cinema com a minha mãe, ela sabe o quanto eu amo o diário da princesa e estava em cartaz o segundo, 'casamento real'. - Ela deu um meio sorriso. - Sabe a minha mãe não gosta de ler, então sempre que pode ela vê os filmes dos livros que eu gosto, assim ela pode conversar comigo sobre eles, e ela diz que acaba aprendendo também sobre os livros... - Ela se interrompeu constrangida. - Desculpe, isso não vem ao caso.

Claudia sorriu lembrando das irmãs, Carla assiste de tudo, e sempre que ela comentava sobre um filme, Jéssica que é o rato de biblioteca da família sempre dizia: 'mas o livro é bem mais interessante, no livro acontece assim...', sentiu uma saudade das irmãs, que sentiu uma dor física!

- Eu sei bem como é isso! Minhas irmãs são assim, uma ama cinema e a outra ama livros. - Disse sorrindo, a menina riu também.

- Eu vi a Cristina no cinema com a mãe dela, e saí com a minha mãe do campo de visão dela, não que eu tenha vergonha da minha mãe de jeito nenhum, eu só não queria que ela a ofendesse, ninguém além da família sabe, mas minha mãe já sofreu muito, ela não é o que a Cristina saí por aí falando dela, nem o meu avô! - Disse triste.

- Se você não quiser falar sobre o que aconteceu está tudo bem! - Disse levantado, ela pegou um pouco d'agua para a menina.

- Ontem a minha mãe me trouxe para a escola, e me buscou também, mas quando ela me buscou meu avô veio junto, eu não vi a Cristina, mas ela nos viu, e a noite saímos os cinco para jantar, meu tio Patrick foi também, ele é o marido da minha tia Michelle, e mais uma vez eu não vi a Cristina, e ela nos viu. Eu deveria ter prestado atenção. - Disse cabisbaixa.

- Katherine, você estava com a sua família, você não precisa ficar observando quem está te observando, as pessoas tem as suas próprias opiniões, e elas têm o direito de ter a opinião que quiserem, assim como você tem todo o direito de aproveitar a sua família, você não pode se apegar ao que os outros pensam sobre você ou sobre a sua família. - Disse gentilmente.

- Obrigada! Eu deveria ter contado até mil, quando ela me disse que o meu avô passa a mão em mim, e o meu pai não faz nada porque ele pega a minha mãe também, quando eu disse que isso era mentira ela disse que eu estava negando, porque eu sou uma vagabunda igual a minha mãe, e que o bonitão que estava todo sorridente com a gente, deve ser mais um que a minha mãe pega, e eu estou aprendendo com ela. E aí eu parti pra cima dela. - Concluiu com lágrimas nos olhos.

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