15 - Deus não nos deu o espírito de temor.

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Naquela manhã Claudia ligara para o pai, e perguntara se ele poderia buscá-la no horário do almoço, Marcelo a levaria pela manhã; é ele havia alugado um carro para este mês que ficaria na cidade, o primo era destes que não gostava de incomodar ninguém quando estava de férias.

- "Eu sempre tiro férias quando ninguém mais está de férias, então tenho que me virar sozinho". - Dizia ele.

Sorrindo ainda com aquele sorriso bobo, que ela percebera logo pela manhã, quando se olhara no espelho; e ainda insistia em permanecer no seu rosto ela assustou com alguém batendo em sua porta. Franziu a testa quando a pessoa não entrou.

- Entra! - Pediu confusa, uma professora, que Claudia não conseguia recordar o nome, entrou. - Bom dia. - Cumprimentou sorrindo.

- Bom dia. Eu sou Núbia, sou a professora de artes. - Disse constrangida.

- É um prazer Núbia. - Disse indicando que a outra se sentasse. - Fique à vontade. A professora sentou com um meio sorriso.

- Obrigada! Geralmente eu converso com a Vick, sobre as minhas dúvidas, mas ela não veio hoje, e eu estou realmente preocupada, talvez não seja nada demais, mas com crianças a gente nunca sabe. - Disse tirando alguns papéis de uma pasta e entregando para Claudia.

Claudia olhou para os desenhos, eram muito bem feitos, apesar dos rostos; ela franziu a testa.

- O que você acha desses desenhos? - Perguntou Núbia intrigada. Claudia olhou mais atentamente.

- Bem! Os desenhos estão muito bem feitos, mas creio que você esteja intrigada com as feições dos rostos, acho que nunca vi alguém desenhar o Lex Luthor sem rosto, mas tão Luthor!

- Você sabe o que ele desenhou? - Perguntou aliviada. - Eu perguntei o que eram essas cenas, se ele havia presenciado um acidente ou algo parecido, e ele me disse que são cenas de uma série que ele assistiu nas férias. Mas eu não faço ideia! - Concluiu tímida.

- Qual foi o intuíto desse desenho? - Perguntou Claudia interessada, olhando todos os desenhos.

- Eu pedi que eles retratassem as férias, do modo que eles achassem melhor, todos me apresentaram uma redação, ele me fez esses desenhos. Ele ama desenhar, então não fiquei surpresa por vê-lo desenhar, mas não sei explicar, talvez eu esteja apenas sendo neurótica, mas eu achei esses desenhos muito sinistros para uma criança tão doce quanto o Gui.

- Eu acho, que a Vick seria de melhor ajuda nessa situação. Mas eu diria que ele presenciou ou vivenciou alguma coisa nessas férias. - Começou Claudia cautelosa. - Ele desenhou cenas de Smallville, uma série de televisão do superman garoto.

Ela levantou e sentou ao lado da professora, colocando os desenhos espalhados sobre a mesa.

- Veja, esse carro caindo da ponte, agora esse raio azul vindo até o carro, e agora veja o garoto arrastando alguém do carro; essa cena é quando o Lex atropela o Clark, e caí da ponte, o raio azul é o Clark vindo salvá-lo, veja que em nenhum dos desenhos ele desenhou os rostos normais! Aqui claramente ele desenhou o rosto do Lex, nessa sena, ele procura o Clark, porque ele sabe que atropelou o Clark, mas não entendi como ele não morreu, e ainda conseguiu salvá-lo, e apesar do rosto ser desconhecido, pelo menos não parece com nenhum Lex que eu já tenha assistido ou visto em um Hq, ele retratou fielmente o Lex Luthor, frio, calculista, e simulado.

- E Clark caí na dele? - Perguntou a professora, como se fosse para si mesma.

- Sim. A única pessoa que não confia nele é o Jonathan, o pai do Clark. - Ela apontou para um dos desenhos na folha, um homem afastado e encolhido. - Apesar que o Jonathan em nenhum momento da história é tão apagado.

Deus também estava lá.Where stories live. Discover now