52 - Quando você andar através do fogo, não se queimará.

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O vento jogava seus cabelos no rosto, e pela milionésima vez ela o colocou atrás da orelha, e vasculhou mais uma vez a bolsa, obviamente não encontrando nada que pudesse usar para amarrar o cabelo, avistou uma lojinha e sorrindo dirigiu-se para ela.

- Bom dia! - Sorrindo ela cumprimentou o rapaz atrás do balcão.

- Bom dia! Em que posso ajuda-la? - Perguntou gentil, a voz dele fez seu coração acelerar.

- Nós já nos vimos antes? - Perguntou ela ficando séria.

- Tenho certeza que não, eu jamais esqueceria olhos tão lindos! - Respondeu sorrindo galanteador, ela assentiu arqueando a sobrancelha.

- "De onde eu conheço a sua voz dom juan"? - Perguntou-se inquieta.

Eles se encararam, ele era um rapaz bonito, olhos castanhos, alto e forte, a camiseta branca deixava óbvio o corpo bem definido, ele tinha tatuagens nos braços e no pescoço, os cabelos pretos caia sobre os olhos, e era um pouco abaixo da nuca e sobre as orelhas, era um bagunçado proposital, que o deixava com um ar jovial e simpático.

- E então, lembrou de onde acha que me conhece? - Perguntou abrindo ainda mais o sorriso.

Ele tinha um sorriso bonito, dentes perfeitos para uma boca linda, mas o sorriso não chegava aos olhos, fosse ele quem fosse, com certeza era um rapaz triste, e de tristeza ela entendia, pensou ficando triste também.

- "Credo! Tristeza é contagioso"! - Pensou sacudindo a cabeça. - Acho que é apenas impressão minha. - Repondeu olhando para os lados. - Você tem xuxinha ou elástico para amarrar cabelo?

- Logo ali naquela prateleira. - Respondeu indicando a prateleira em questão.

- Obrigada! - Agradeceu indo até o local, escolheu quatro xuxinhas grossas, ela não fazia ideia de como essas coisas sumiam de sua bolsa.

Voltando ao balcão, o rapaz estava distraído mexendo no celular não a vira se aproximar, ele via algo muito engraçado pois não parava de rir, colocou as xuxinhas no balcão.

- Quanto custa? - Perguntou tirando a atenção dele do celular.

- Três reais. - Respondeu pegando-as e colocando em uma sacola plástica.

Ela pegou o dinheiro, e sorrindo estendeu a mão para ele. Ela paralisou o sorriso, quando pálido ele encostou no balcão, olhando-a de olhos arregalados e apavorado, parecia que estava diante de um fantasma alternando os olhares entre o rosto e a mão dela.

- Não é possível! Era para você estar morta. Não é possível! - Gritou pondo as duas mãos na cabeça. - Não pode ser! - Continuou a gritar.

- Oi? Do que você está falando? Há um minuto você não me conhecia, agora era para eu estar morta? Qual o seu problema cara? - Perguntou confusa.

- Por favor! Perdoe-me! Eu estava fora de mim, eu quis tanto poder voltar no tempo! - Ele saiu de trás do balcão, e se aproximou dela. - Perdão! Perdão! Eu desejei tanto que você estivesse viva e pudesse me perdoar.

- Que maldita gritaria é essa? O que deu em você? - Perguntou uma voz atrás dela.

Como acontecera ao ouvir a voz do rapaz que agora chorava ajoelhado aos seus pés, aquela voz também acelerou seu coração, mas não foi só isso, ela entrou em pânico, o pavor congelou seu sangue. O rapaz ainda chorando levantou.

Deus também estava lá.Where stories live. Discover now