17 - Os beijos do inimigo são enganosos.

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Às quatorze horas em ponto, entrou um senhor distinto e atraente na sala de Claudia. Michael e Artur não queriam deixá-la sozinha na sala para recebê-lo, mas ela achou que ele desconfiaria, se aqueles dois armários estivessem na sala dela sem ter o que fazer. Então o Cristiano da informática estava mexendo no computador dela, ele era alto e franzino, mas segundo os dois era fera na capoeira, então ele estava lá na sala dela jogando paciência enquanto fingia arrumar o computador. Claro que ela também estava apreensiva, ainda bem que Marcelo não estava em casa na hora do almoço, pois ele iria enchê-la de perguntas porque ela não estava com fome na hora do almoço, afinal, ela chegava sempre esfomeada. E Luciana estava ocupada demais com coisas da escola para prestar atenção nela. Respirou fundo quando ele foi na direção dela com um sorriso sedutor.

- Boa tarde seu Giuseppe. - Cumprimentou-o estendendo-lhe a mão.

Ele galante apertou sua mão, mas a puxou e beijou suas bochechas; com a mão direita segurando a mão de Claudia e a esquerda na cintura dela. Ela se conteve para não empurra-lo, tamanho a repulsa que sentia por tê-lo tão próximo dela. Mas se controlou, afinal se não desse certo a digital da caneta havia a da blusa dela.

- É um imenso prazer conhecer uma moça tão linda! - Disse com um leve sotaque italiano. Soltando-a, ela conteve o impulso de limpar a mão na roupa.

- Pois é Seu Giuseppe, eu lamento tanto pelo desastre que eu causei, eu sinto muito mesmo. Ainda bem que o senhor pôde vir hoje, caso contrário eu estaria em maus lençóis. - Disse sacudindo de leve a cabeça. - O senhor aceita um copo d'agua? Ou café? Chá? - Perguntou ela enquanto entregava os papéis para ele assinar.

- Um chá seria ótimo! As pessoas daqui não tem o costume de oferecer chá, sempre oferecem café. - Comentou sorrindo.

Ele pegou os papéis que ela lhe entregara, e parecia que iria ler todos, mas desistiu e começou a assinar.

- Brasil é a terra do café, deve ser difícil acostumar com alguns de nossos costumes. - Disse ela servindo-lhe chá.

- Alguns, mas no geral essa terra é muito boa. O mais difícil de acostumar é o calor. Ainda não conheci lugar mais quente, e olha que eu já viajei bastante.

- "Eu imagino". - Pensou com tristeza.

Ele assinou a papelada, e degustava seu chá como se tivesse a tarde inteira.

- Você é interessante! Não é comum encontrar uma mulher loura natural como você por está parte do país, e seus olhos então, são extraordinários!

Claudia ficou em silêncio, lembrando que o fato de ser a única loura da família foi o que fez com que ela desconfiasse que não era filha dos seus pais.

- Muita gente acha estranho, mas este país, é o país das diversidades! O senhor conhece bem o Brasil? - Perguntou.

- Sim! ... - Mas Claudia não soube o que mais ele iria dizer. Michael e Artur, entraram porta adentro.

- Oh, desculpa! Não sabíamos que você estava ocupada! - Disse Artur na maior cara de pau.

- Tudo bem! Já terminamos aqui, este aqui é o padrasto do Guilherme.

Os dois se aproximaram cumprimentando o homem, elogiando o enteado, e o homem parecia um pavão inflado. Ela sentou ao lado de Cristiano.

- Você está bem? - Sussurrou ele no ouvido de Claudia. Ela apenas assentiu, e só então percebeu que tremia.

O padrasto do garoto se despediu dos professores, e se aproximou de Claudia, que se levantou e se afastou de Cristiano, ela não queria correr o risco de que ele visse a ficha que estava na frente do computador. Ele a puxou para um abraço, ela tremeu, e claro, que ele confundiu o tremor dela.

Deus também estava lá.Where stories live. Discover now