nada é pra sempre | L7NNON

•Loucura do seu coração.•

MAVI

Depois de uma das minhas crises a gente conseguiu pôr fim entrar no espaço de show e a casa tava lotada, até mesmo o camarote.

Por incrível que pareça eu cheguei por último, já tava todo mundo lá, até a Yá.

— Oi gente, tive uma ataque de emoção, mas eu cheguei faz uns vinte minutos. — Cheguei dando satisfações.

— Eu fiquei surpresa que você conseguiu passar um dia sem ter tido. — Carol falou me abrando de lado.

— Mas aí, melhor eu ter passado mal lá fora, aqui tá lotado, ia ser um inferno tá tendo piripaque com esse tanto de gente aqui. — Falei pegando uma das long neck que tava no balde ali em cima.

— Gente a Índia tá muito estranha, desde quando ela nega festa? — Anna falou mexendo no celular.

Dei de ombros dando um gole grande na cerveja.

— Cara eu tô chocada é dela ter vindo com o Lseven, no mesmo carro, sozinho e os dois ainda estarem inteiros. — Carol falou baixo, só pra gente ouvir.

— A gente tá se dando bem. — Dei de ombros.

— Não foi o que pareceu lá no grupo. — Anna disse brincalhona e eu ri fraco.

— Faz parte, a maioria dos ex's que são amigos trocam farpas. E é até engraçado as vezes. — Confessei.

A música da casa de show parou e o comediante Rafa Portugal entrou pra fazer a abertura. Comecei a sentir minhas mãos soarem.
Eu já fui há uns cinco shows do sorriso maroto, mas é sempre essa mesma emoção.

O Rafa fez algumas piadas que eu não tava conseguindo rir pelo nervosismo, mas eram ótimas.

Aproveitei a apresentação pra pedir no bar do camarote uma bebida mais forte.

Quando voltei pra onde eu estava ele já tava finalizando. E então começou o toque de "dependente".

Pouco me importei com todo mundo a minha volta, soltei mó gritão.

— PUTA QUE ME PARIU! — Senti minha garganta arranhar.

Aos poucos os integrantes foram entrando, e quando por último foi o Bruno eu quase desmaiei.

Tomei uns três goles da minha bebida por conta da sede.

— Para de manda mensagem carinhosa, no meio da noite só pra provocar! — Cantei com eles enquanto tinha a mão no coração e os olhos fechados.

  Eu não sei descrever a sensação que eu sinto ouvindo qualquer músicas deles. É incrível a forma que eu me sinto nas nuvens, sinto o meu corpo todo vibrando. Eu passaria minha vida inteira escutando sorriso maroto!

— PARA DE BEIJAR DO JEITO QUE EU ADORO, QUE EU NÃO TÔ PODENDO ME APAIXONAR. — Lana e a Anna gritaram comigo dessa vez.

  Elas estavam dançando, mas eu não conseguia fazer isso, tava ocupada demais sentindo toda energia da música no meu corpo.

...

  Eu já tava bêbada por estar bebendo rápido demais e eu tava pouco me fodendo. Eles ainda estavam na quinta música e eram as novas, quando começarem com as antigas eu não garanto manter minha dignidade.

— Amiga tem um cara que não para de te olhar. — Laura falou no meu ouvido.

— Laurinha eu tô pouco me fodendo, eu quero é sorriso maroto. — Falei meio alto.

  Logo o Bruno chamou pro palco o Ferrugem e eu tava sentindo que ia ter um treco, juro.

— EU SEI QUE VOU SOFRER UM TEMPO. É NATURAL NÃO É ASSIM QUE SOME, QUEM DERA EU ACORDASSE AMANHÃ, SEM LEMBRAR DE NADA, NEM SEU NOME. DIFÍCIL VAI SER TE REENCONTRAR. E FINGIR QUE ESTOU BEM QUE NÃO ME ABALEI. — Cantei sem medo de ser feliz.

  Meus braços estavam tão erguidos que pareceu chamar a atenção do Bruno que ergueu o olhar na minha direção e sorriu de lado.

  Senti minha pressão cair, mas óbvio que eu não faria o vexame de desmaiar agora.

— EU TENTO TE EXPULSAR DA MENTE, MAS VOCÊ NÃO SAI. POR ISSO EU NÃO ME SINTO PREPARADO PRA TE VER. — Voltei como se nada tivesse acontecido.

  O Ferrugem começou discursar e eu aproveitei pra pegar mais uma bebida no bar. Voltei quase correndo, e pela graça era uma das músicas mais fraquinhas que eu acho deles. Bebi cantando baixinho dessa vez, eu já tava me sentindo levinha. Com certeza eu saio daqui carregada.

— Quero agradecer aqui a presença de todos vocês. E aproveitar pra chamar no palco um dos meus grandes amigos na musica. DILSINHO! — Bruno chamou e eu senti a perna fraquejar.

...

  Eu já tava descontrolada e já nem sei quantas coisas eu tomei.

— Agora vamos fazer aquele remember gostoso. — Bruno falou sentando num banquinho.

— Gostoso é você, seu gostoso. — Murmurei pra mim mesma.

— Quero voltar há alguns anos atrás, quando a gente lançou essa daqui...

  Era o toque de me olha nos olhos. Eu senti meus olhos embargarem por começar a vir a nostalgia.

— Essa fere legal. — Yá falou chorando do meu lado.

— Eu choro desde os meus treze anos. Os caras não tem dó. — Falei puxando assunto.

— SEDUÇÃO, PODE FAZER MSL PRO CORAÇÃO. PODE DESPERTAR UMA ILUSÃO, E FAZER SOFRER!

  Eu e ela cantamos juntas.

  Quando eu vi a gente tá tava abraçadas de lado enquanto chorávamos e gritávamos.

— ME OLHA NOS OLHOS E DIZ QUE ENTÃO ME QUER. ME OLHA NOS OLHOS E DIZ. SE O CORAÇÃO TÁ QUERENDO FALAR, ME OLHA NOS OLHOS E DIZ!

  Começamos a sambar, mesmo caindo no choro.

  Eu não tinha como explicar o quanto eu tô feliz!

  Yasmin falou que iria sentar um pouco, e eu continuei ali chorando e sofrendo. Passei os olhos sem querer ali e vi o Lennon próximo de mim encostado na grade também.

  Foi então que o Bruno começou cantar futuro prometido e o Lennon apenas cantava com os lábios, era estranho, mas eu tava sentindo que ele tava cantando pra mim.

— Rasguei os planos, foi engano, eu me envolver. Por um coração cigano, leviano, que me fez sofrer.

  Ok ele tava cantando olhando nos meus olhos, com certeza era pra mim.

  Mas graças a Deus o Bruno trocou de música, e dessa vez era a minha música preferida deles. Senti todos os meus átomos em guerra no meu corpo.

— É SÓ PODE SER  LOUCURA DO SEU CORAÇÃO...

  Eu não tinha o porquê de gostar tanto dessa música, mas eu sempre choro quando escuto ela. Chorei mais do que tudo.

— MAS A GENTE SABE QUE NÃO VAI VOLTAR. FIZEMOS AMOR, OUTRA VEZ SEM AMAR! MAS ERA PRA VOCÊ DIZER, QUE NÃO! SE FOI RECAÍDA OU SAUDADE SEI LÁ. A IDEIA FOI SUA, EU TENTEI EVITAR. QUERIA TER DITO A VOCÊ, QUE NÃO!

  Eu tô muito louca, muito mesmo. Acabei de pensar nele.