•Saudade que eu tava disso.•

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LENNON

  Tempo passou e tudo que eu penso é nela, na porra do beijo dela e em como Maria Vitória consegue revirar a minha cabeça sem muito esforço.

  Meu plano no começo era manter ela o mais longe possível, mas o ajuste do tempo e do nosso emocional fez com que a gente desse uma trégua e quando eu percebi estava sentindo a necessidade de perdoar ela, de não querer guardar sentimentos ruins sobre tudo e eu consegui. Mas bem quando eu consigo me recuperar ela consegue me golpear e me deixar no chão.

  Eu não quero me machucar de novo.

  E é até idiotice achar que ela me beijou por senti algo realmente por mim. E por mais que todos me mandem mensagem dizendo que acham que ela está mal por minha culpa, eu não consigo acreditar!

  Vitória não é uma pessoa ruim, nunca foi! E se olhar por fora, a trajetória de alguns meses pra cá achariam ela uma vilã de malhação, mas a gente viveu bem mais que isso. São cinco anos. Sete anos que a gente se conhece e, hoje em dia é estranho de pensar que há poucos anos atrás ela era alguém amorosa que se doava, mesmo tendo sua marra e jeito de ser. Ela se sacrificava por mim. Todo esse tempo, essa raiva incubada camuflou as coisas boas que ela fez por mim.

  Ela esteve lá nos meus piores e, até engraçado dizer, mas agora também está nos meus melhores momentos.

  Tenho certeza que se as pessoas da nossa convivência de hoje conhecessem a Vitória por quem eu me apaixonei, entenderiam toda a minha dor, todo esse drama. Ela é viciante e incrível pra caralho, não tem quem não goste de estar com ela. E é exatamente isso que vem estando na minha cabeça os últimos dias. Não tenho mais raiva ou rancor da Vitória e sim medo.

  E é egoísmo meu achar que foi culpa dela isso. Apesar de ter faltado sim com um pouco de empatia, eu quem cobrei demais. Eu fui dependente demais. E também não é culpa minha, mas eu preciso lidar com isso.

  Me conhecendo eu não vou nem conseguir dormir sem antes conseguir falar com ela. Então eu realmente tô precisando acabar com todo esse drama.

  Principalmente depois de ver o vídeo.

...

  Estacionei o carro na frente da casa dela e respirei fundo.

  Eu deveria ter ligado? Sim. Eu ligaria se não tivesse a certeza que depois que a Índia mandou o vídeo no grupo ela não tenha desligado o celular.

  Sai pra fora começando a criar coragem. E assim eu fiz.

  Pisei firme até a porta da casa dela, como se toda aquela confusão dentro de mim fosse invisível e, se olhassem de fora poderiam ter a certeza que eu sabia o que estava fazendo!

  E eu não estava.

  Parei na porta da casa dela. Toquei a campainha duas vezes.
  Prendi a respiração tentando controlar um pouco do meu nervosismo.

  A porta foi aberta por ela. Sua cara estava inchada, provavelmente de sono. Ela também parecia que tinha saído do banho, já que tava com um roupão branco é uma toalha na cabeça.
  Ela pareceu surpresa ao me ver e eu não julgo.

— Oi. — Ela disse com a voz fraca e eu sorri de lado.

— Eu posso falar com você? — Perguntei receoso.

  Ela ficou pensativa e eu pensei até que ela me mandaria embora, mas não!

— Pode entrar. — Ela me deu espaço. — Só não repara a bagunça!

  Ela riu fraco, mas eu estava nervoso demais pra tentar manter um clima descontraído.

  Sentei no sofá e esperei ela vir até mim.

—  Se for sobre o grupo, Lennon...

— Não Vitória, não é sobre o grupo e sim sobre como eu me sinto. — Desviei o olhar um pouco pra procurar melhores palavras. — Há poucos anos você terminou comigo, eu fiquei arrasado. Desiludido e tudo isso que você sabe. Quando eu conheci a Dani vi que ela era totalmente o contrário do que você é. Achei que pudesse ser uma boa escolha pra dividir minha vida, até porquê, você sabe que eu sempre procurei alguém pra ser bem mais que momento né? — Ela assentiu. — Enfim, eu estava bem com a Dani e então você voltou. E tudo que eu pensei ser verdade começou perder o sentido.

— Lennon eu...

— Me escuta! — Pedi. — Você me fez me contradizer três vezes. Não me aproximar de você, nunca te perdoar... — Numerei com o dedo. — E nunca mais deixar você tocar no meu coração.

Admiti e esperei não ter que repetir de novo.

— Lennon, eu vou me passar como monga aqui, mas eu não tô entendendo nada. — Ela disse confusa.

— O que tu não entendeu? — Perguntei.

— Vamo devagar ok? Por partes... — Ela respirou fundo. — Como assim você tava bem com a Dani e quando eu reapareci... Bem, explica isso aí!

Respirei fundo.

— Beleza, vamo lá! Eu e ela não estávamos muito bem antes e, quando você chegou, mano, eu fiquei doido de novo. Com mania de perseguição e confuso sobre tudo. E eu sei que é errado, mas todo momento eu tava comparando a minha paixão por você com amor da Dani, não tava fazendo mais sentido, nem mesmo pra ela. — Admiti esfregando uma mão na outra com nervosismo.

Ela piscou sem reação.

— Tá. Isso é foda, não imaginava. — Ela respirou fundo. — E sobre esse negócio do seu coração?

Respirei frustrado.

— Vitória, eu achava que tinha perdido qualquer interesse em você tá ligada? Mas isso não é verdade. Principalmente depois daquele beijo eu percebi que tu ainda mexe comigo. — Tentei ser o mais claro possível e vi ela abrir a boca sem dizer uma palavra.

— Lennon, isso tá muito confuso ainda. Calma eu acabei de acordar e...

Não deixei ela terminar de falar. Encurtei o espaço que tinha pra pode selar a boca dela. Só Deus sabe a saudade que eu tava disso.

Já não tava ligando de me arrependeria ou não disso, eu só precisava.

nada é pra sempre | L7NNONOnde as histórias ganham vida. Descobre agora