•Aconchegada.•

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L7NNON

Não entendi. — Falei com cinismo e vi ela revirar o olho.

— Além de tudo é burro? — Ela perguntou ofensiva de novo.

  Respirei fundo na intenção de não cair na pilha.

— Olha, se você não se incomoda. — Falei levantando, mas ela me puxou de volta.

  Olhei pra ela sem entender nada.

— Ce tá ficando louca? — Perguntei em um tom um pouco alto.

  Marcia riu e apontou pra Mavi que não tinha visto a mãe vir me encher o saco.

— Você sabe que nunca mereceu ela né? — Ela perguntou tão sútil que parecida até uma tentativa de conversa normal.

— Se mereceu ou não, o que você tem haver com isso, né? — Perguntei com ironia.

— Sou a mãe dela. E sei que meus netos não podem e não vão ser neguinhos e feios como você. Imagina ter o meu sangue jogado no...

  Não deixei ela terminar. Eu tentei manter a calma e até pensei em ignorar, mas a filha da puta fez algo que se eu deixasse passar em branco estaria traindo o meu movimento e a minha palavra.

  Levantei de novo e bati palma chamando a atenção da festa em maioria.

— Atenção, tenho um comunicado. — Falei e todos estavam me olhando curiosos, principalmente a Mavi. — Está senhora aqui... — Olhei pra Márcia que me comia com os olhos. — Nunca aceitou meu namoro com a filha dela, e eu passei todo esse tempo acreditando não queria a princesa dela se envolvendo um favelado. Achei até justo o cuidado, mas eu acabei de descobrir o real motivo.

  Sorri de lado com deboche.

— Esta senhora aqui! Acabou de dizer que não quer os netos NEGUINHO E FAVELADOS. Todo esse tempo era racismo disfarçado de cuidado. — Falei alto e sentindo o nojo na minha garganta. — Mavi, eu sinto muito pela mãe que você tem. E Vitor? Você é um cara incrível pra estar suportando essa megera RACISTA!

Todo mundo tava encarando sem expressão. Invés de ficar ali e ver aquele bando de rico branco, que provavelmente vão defender ela. Dei as costas e sai pisando duro.

Quando já tava perto do meu carro, escutei a Vitória gritando meu nome.

— Espera! — Ela segurou meu braço.

Encarei ela irritado.

— Mavi, pede desculpa pro seu pai, mas eu não fico nem mais um segundo no mesmo lugar que aquela filha da puta. — Falei num tom alto.

Eu admito que tava completamente descontrolado, e não queria descontar na Mavi.

— Ei, ei! — Ela me fez encarar ela.

Mesmo sob reluta eu encarei os olhos dela.

— Eu não quero ser grosso contigo Vitória, melhor eu ir embora. — Disse cauteloso.

Ela sutilmente segurou meu braço me fazendo encarar ela sem desvio.

— Eu vou com você! — Ela disse com firmeza. — Mas antes eu preciso que você respire fundo.

nada é pra sempre | L7NNONOnde as histórias ganham vida. Descobre agora