•Não é um julgamento.•

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LENNON

Extrapolei na bebida.

Já tava me sentindo meio tonto e agindo fora do meu costume.

Sentei no sofá onde a Yá tava deitada. A maquiagem dela tava toda borrada e ela não parava de chorar.

— Qual que é?

— Você sabe que eu dou minha vida pelo sorriso maroto né? — Ela perguntou bêbada e eu assenti.

— Dou a minha por você. — Falei bagunçando o cabelo dela.

— Não começa com boiolagem. — Ela falou embolado.

Fiquei em silêncio apenas observando o movimento, e meus olhos caíram nela.

Mavi tava cantando de olhos fechados e um sorriso meigo. Eu lembro a primeira vez que a gente foi em um show, não foi do sorriso, e sim do art popular. E o engraçado é que a gente deu o primeiro beijo quando tava tocando primeiro beijo. Ela tava vestindo um vestido azul que tava realçando os olhos dela e... Eu não tenho ideia porque tô pensando nisso agora.

— Você por algum acaso gosta dela? — Yá perguntou deitando no meu ombro.

— Eu gosto da Daniela. — Falei e ela riu.

— Eu amo a Dani, juro que vocês são o melhor casal do mundo, mas sei lá, você nunca olhou pra ela do jeito que você olha pra Mavi. — Ela falou me deixando desconcertado.

— Como assim?

— Assim, a Dani você tem carinho, respeito admiração, parceria, amor... Mas não tem paixão. Você nunca olhou pra ela com o olhar intenso que você olhava pra Mavi, e pelo visto ainda olha. — Yá falou.

E eu não sei se era o efeito do álcool ou era a minha extrema confiança nela, mas eu disse.

— Pra você eu posso dizer... Eu amo a Dani, ela quem esteve do meu lado esse ano importante pra mim, tenho realmente uma grande admiração por ela. Já a Vitória... Ela é totalmente o contrário do que a Dani é, mas mesmo assim... — Suspirei tentando evitar usar palavras que eu me arrependeria depois. — Eu jamais brincaria com o sentimento da Daniela, mas eu também não vou negar que eu tô balançado. A Vitória ainda me chama alguma coisa...

Fiquei em silêncio apenas encarando ela sambando desengonçada.

— Eu acho que tudo bem. Ela quem ressurgiu do nada na tua vida, mas seja sincero com a Dani, você sabe que ela entende.

— Não tem o que falar. Não passa só de ego ferido.

Mavi percebeu que a gente tava olhando pra ela.
Pegou o copo dela e veio até a gente com um sorriso largo.

— Porque vocês não tão curtindo? — Ela perguntou embolado.

Mavi sentou do meu lado.

— A gente tá cansado. — Yá respondeu por mim.

— Eu queria ir tirar foto com o Bruno, mas eu tô muito bêbada... E suada. — Ela fez uma careta.

— Tá mesmo. — Yá concordou.

Começou então a tocar a música que eu mais tinha memória afetiva da Mavi, e tava torcendo pra ela ter esquecido disso.

— Meu Deus! Levanta agora e vem dançar. — Ela mandou.

Pensei em negar, mas meu corpo já não tava mais obedecendo meus comandos.

Levantei e ela se juntou comigo, começamos a dançar boa noite.

— Você cantou pra mim né? — Ela perguntou meio embolado no meu ouvido.

— Cantei o que? — Perguntei me fazendo de sonso.

— Futuro prometido. — Ela falou simples.

— Isso é muita auto estima sua. — Falei tentando desviar do assunto.

— Você sabe que não. — Ela disse.

  Segui em silêncio apenas dançando com ela.

   Enquanto passava a música eu pensava se eu estava fazendo o certo com a Dani. Não sei se me sentiria bem em ver ela dançando com algum ex.

— Não acho que isso tá certo. — Parei de dançar.

  Ela me encarou confusa.

— Tá doido? A gente só tá dançando. — Ela perguntou e eu suspirei fundo.

— Eu não faço coisas que eu não gostaria que fizessem comigo. Você sabe. — Me afastei um pouco dela voltando a ir pro sofá.

— Mas a gente não tava fazendo nada demais. Você não dança por exemplo, com a Yá? — Ela perguntou.

  Não disse nada apenas ignorei.

  Senti ela puxar o meu braço. Fiquei de frente pra ela que parecia bem confusa.

— Pera aí. É óbvio que dançar não é o problema. Sou eu no caso? — Ela perguntou embolado e eu assenti.

  Não era óbvio?

— Mas isso é normal... A menos que você ainda...

— Não tem ainda Vitória, não tem nada disso. Eu só acho uma puta falta de senso estar dançando uma música afetiva com a minha ex. Você gostaria de ver seu namorado fazendo isso? Po que eu não gostaria. — Falei sincero e ela abaixou o olhar.

— Você tem razão. — Ela confessou.

  Mavi deu as costas pra mim e foi pra onde a maioria da galera tava.

  Sentei no sofá e a Yá deitou no meu colo.

— Você sabe que ela tem razão né? O problema não é o que estão fazendo e sim o que você sente quando faz. — Yá falou completamente fora de si.

— Eu sei que você tá bêbada! — Comentei.

  Ela ergueu o tronco pra me encarar.

— Você sente que tá traindo a Dani né? Eu sei que sente, e não é um julgamento.

nada é pra sempre | L7NNONOnde as histórias ganham vida. Descobre agora