•Maria Vitória é uma pessoa boa, que tomou decisões ruins.•

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MAVI

A campainha tocou e eu bufei. Lá vai eu ser porteira pela milésima vez.

Fui sem o mínimo ânimo até a porta da casa do meu pai, e assim que eu abri fiquei surpresa.

— Lennon? — Perguntei vendo ele todo marreto.

— Ah qual foi? Você me chamou e tá surpresa? — Ele perguntou rindo.

Ele veio na minha direção e eu pensei que ele daria um beijo no meu rosto como sempre, mas Lennon me abraçou e eu devolvi.

Tava bem confortável ali, mas ele acabou com a minha graça depois de sair do abraço.

Dei espaço pra ele passar e ele preferiu que eu entrasse primeiro. Dei de ombros, ele conhecia bem o caminho também!

— Teu pai cadê? — Ele perguntou ficando do meu lado.

— Tá na churrasqueira. — Falei apontando pra área externa.

— Vou lá. — Ele avisou e eu assenti.

Sentei no sofá que eu tava jogada há um tempo atrás e já ia até voltar mexer no celular se minha mãe não tivesse interrompido esse meu momento.

— Você não é de trazer ex pra festa de família. — Ela falou sentando do meu lado.

Bufei.

— Márcia, é aniversário do meu pai, os dois se gostam. Então por favor!? — Preferi nem bater muito boca com ela.

— Tanto ex melhor e trás o pé rapadinho. — Ela xingou ele.

Rangi os dentes tentando controlar a minha vontade de dar um grito, não iria brigar com ela. Era aniversário do meu pai!

— Ele não vive as custas de herança. — Falei levantando.

  Eu não ia conseguir pantera a plenitude com ela do meu lado.

  Fui pra área e externa e dei uma boa olhada vendo o lugar cheio. Eu tava com saudade desse clima assim.

  Vi de longe meu pai e o Lennon conversarem e fiquei tentando ler os lábios dos dois, e modéstia parte eu sou muito boa nisso!

  Eles falavam alguma coisa sobre os lakers, também sobre o Flamengo e meu pai, nem precisei ler os lábios pra saber que ele tava falando do bota fogo. Seu Vitor tava berrando o quanto o time foi injustiçado.

  Me diverti vendo aquilo. Até o Lennon colocar os olhos em mim.

Sorri meio tímida e ele falou mais alguma coisa com meu pai, até ir na geladeira pegar uma cerveja. E até estranhei, ele tava bebendo uma.

Ele veio na minha direção e quando estendeu a latinha eu entendi.

— Obrigada, gentileza sua! — Agradeci abrindo a Skol estupidamente gelada.

— Que isso!? — Ele falou sorrindo.

Lennon ficou do meu lado e ficamos vendo a área externa cheia de gente, tudo de cinquenta anos pra cima.

— Aqui parece um asilo, não sabia que o Vitor conhecia tanto velhinho. — Lennon brincou e eu gargalhei.

Nem eu sabia.

— A maioria é da sociedade da Márcia, mas o resto eu também nunca conheci. — Dei de ombros.

Dei três goles na cerveja e suspirei, eu tava querendo sumir dali por um tempo. E eu me sinto egoísta por não estar pulando de felicidade no aniversário do meu pai.

— Seu namorado não veio? — Lennon perguntou me provocando e eu olhei pra ele de rabo de olho.

— Eu não sei se você está ironizando ou fazendo relação por aqui só ter velho. — Falei baixo.

Lennon gargalhou alto, e quando ele perde o controle da risada parece um jumento relinchando.

— Pior que eu não tinha pensado nisso. — Ele admitiu.

— Engraçado você hein!? Mas o Bruno tem só 40, e já disse que é melhor que muito jovem de 26 anos por aí. — Brinquei por ele ter 26 anos.

Lennon riu forçadamente.

— Ah pera aí também né? Eu pelo o menos te fazia gozar. — Lennon disse em um tom alto.

A maioria das pessoas na nossa volta encararam a gente com um baita desprezo. Eu quis muito rir disso, mas ele não podia saber que foi engraçado.

— Hahahaha nossa, morrendo de rir. — Ironizei e ele riu fraco.

Ficamos nessa até começar pagode e a Carol me chamar pra dançar. Podia ser coisa da minha cabeça, mas as vezes eu via o Lennon me olhar de um jeito estranho. Mas se eu não soubesse do rancor dele podia jurar que ele tava me secando.

LENNON

   Eu não queria achar ela fodidamente atraente enquanto samba. Mas quando a Mavi começa requebrar aquela cintura e sorrir como se fosse a coisa mais legal e divertida, meu peito explode.

  Ela não era uma pessoa ruim. Com o tempo percebi isso! Maria Vitória é uma pessoa boa, que tomou decisões ruins e no momento tá se desconstruindo.

— Tira o olho dela agora!

  Ouvi a voz suave do meu lado. E reconheci o deboche de longe.

  Márcia!

nada é pra sempre | L7NNONOnde as histórias ganham vida. Descobre agora