Capítulo 41

168 21 27
                                    


Em algum ponto ele sentia que estava perdido, mas onde que aquilo se iniciou? Perguntas recorrentes vinham em sua mente antes de dormir, enquanto comia, nas poucas pausas que tinha durante o dia. Sua farsa para todos estava se tornando cada vez mais aceitável – até mesmo para ele -, era como se tivesse tomado o posto de seu pai no tempo da escola, ou quase isso. Podia sentir dia após dia a escuridão crescendo novamente, mesmo sabendo que haviam pessoa que poderia recorrer, que o ajudariam quando necessário. Era algo eminente em sua vida, as trevas.

O céu noturno era capaz de engolir a alma mais pura que encontrasse, como um beijo de dementator sem aviso prévio, sem questionar seu receptáculo. As nuvens cinza chumbo cobriam os pequenos pontos de luz que insistiam em fazer morada entre a escuridão do universo, talvez tentando trazer esperança, ou, quem sabe, mostrar o caminho para aqueles que se perderam em tempos tão sombrios. Tudo era uma questão de interpretação, apenas uma alma aflita poderia encontrar sua própria resposta, a que mais precisava, nas estrelas ocultas.

A neve que caia não era branca como de costume, seu tom era acizentado, mas terminantemente fria, assim como o vento que sobrava com tamanha avidez. O que poderia ser mais reconfortante, que a representação de seu interior em uma paisagem tão deprimentemente bela?

A sensação dos pequenos flocos de neve tocando sua pele era satisfatória. Caiam leve, como algo inofensivo, mas assim que entravam em contato, um estado de alerta era passado da ponta de seus dedos para o resto de seu corpo. O toque congelado, seguido por uma ardência que o queimava até que o pequeno ponto cinzento voltasse a seu estado liquido, deixava sua marca sobre a pele alva, uma vermelhidão intensa, como aviso que até as coisas que aparentam ser mais frágeis, são capaz de ferir.

Um sorriso terno surgiu em seus lábios e o vapor esbranquiçado se sua respiração saiu pesado, vagando pelo ar lentamente, até que se misturasse na imensidão sombria. Admirar a beleza mórbida da natureza noturna era algo que lhe agradava, seus pensamentos fluíam numa calmaria que desconhecia na agitação do dia, entre o ir e vir de estudantes e suas falas alteradas, vezes altas, vezes quase inaudíveis, saindo em sussurros. Os olhares atentos em sua direção, as expectativas que criavam a partir de sua imagem, o peso de seu posto, tudo como um turbilhão de informações que corriam ao seu redor.

E tão rápido quanto veio, seu breve momento de paz se foi. A interrupção veio por conta da agitação entre os comensais que corriam com um olhar matador em direção a cabana do meio-gigante. Pelo que o loiro se lembrava, hoje ele faria uma pequena reunião clandestina com alguns apoiadores de Harry, a Apoie Harry Potter. Seguindo os passos dos homens de vestes negras, ele observou o caos centralizado se formando, alunos fugindo, enfrentando os professores como distração para que o hibrido fugisse em segurança, o grito de dor dos que foram postos sob a maldição cruciatus. Não era algo agradável de ver a este ponto.

Em um ato de autopreservação, seguiu para seu Salão Comunal, onde estaria seguro de cobranças referente ao ocorrido, ficando livre de mais suspeitas. Assim que chegou, sentou-se frente a lareira, um lugar privilegiado que havia conseguido por mérito, ou algo assim. No momento em que começara a descansar, uma ardência se deu início em seu bolso. A moeda encantada lhe trazia uma mensagem, talvez a que menos esperasse em um dia como aquele: Aberforth havia solicitado uma reunião com a Armada de Dumbledore, deixando clara a intenção de ter uma pré-reunião com Ginny e mais algum integrante da associação o mais breve possível.

O sorriso que havia forma do em seus lábios desfizeram segundos depois de surgir, a porta do Salão Comunal se abriu com força, fazendo um alto barulho. Snape estava indo em sua direção com as feições rígidas, sequer disse uma palavra, apenas pegou o garoto pelo braço e saiu sala a fora, apertando seu pulso com uma força desnecessária. Os olhos azuis buscavam por algum indício de explicação, mas sabia que não encontraria – isso até ver Luna parada dois corredores de distância do seu ponto de partida.

Através de minhas escolhas - DRAMIONEWhere stories live. Discover now