Capítulo 17

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Em meio ao caos que era estar novamente na mansão Malfoy, havia um pequeno ponto de paz dentro de si: saber que os outros estavam seguros e lhe esperando. Era domingo e Draco mal podia esperar para sair daquele lugar, odiava estar ali. Os gritos dos bruxos sendo torturados ecoavam pelos corredores, o cheiro intenso de sangue e morte, a forma constante que seu corpo ficava de alerta, tudo aquilo lhe consumia. O loiro agradeceu por Voldemort não pedir para vê-lo, aparentemente estava ocupado na biblioteca pessoal de seu pai.

Na noite que passara ali não se permitiu dormir, sequer conseguiria naquela situação. Era quase hora de voltar para Hogwarts e sua mãe lhe fazia companhia no quarto que lhe pertencia e guardava tantas lembranças quanto podia se lembrar. A mulher observava Draco com o coração apertado, ela sabia quem era o filho de forma verdadeira, sabia da bondade que havia nele apesar de não demonstrá-la, como lhe foi ensinado. A mão ossuda de Ciça segurou a mão do filho que lhe lançou um sorriso dócil e um turbilhão de memórias invadiram sua mente.

“Ele ficará bem”, disse para si mesma com certo receio.

Quando finalmente chegou a hora de se despedir, Draco trocou apenas olhares como o pai e deu um longo abraço na mãe ainda preocupada. Sabia que dali em diante somente teria uma vida dupla tão dura quanto a de seu tutor, aquilo lhe custaria alto.

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Já estava tarde quando chegou a sala de Dumbledore acompanhado de Snape. As trevas se estendiam pelo céu fosco dominado por grandes e pesadas nuvem cinza chumbo, o céu refletia exatamente a situação ali vivida. Passando pela gárgula, ele sente um cheiro adocicado, sabia que o Diretor era amante de doces, isso explicaria o odor açucarado que lhe trouxe um pouco de paz. Os quadros que sempre tagarelavam baixinho entre eles estavam quietos. As chamas que iluminavam o lugar estavam mais destacadas que o normal, já que o ambiente também estava mais sombrio. Dumbledore estava em pé ao lado da mesa à espera do loiro, ele queria saber o que houve no tempo que ficou fora dos terrenos da escola. Draco também notou a presença de mais dois homens. Um deles era seu antigo professor de Defesa contra as Artes das Trevas, Remus Lupin, e o outro mais alto com vestes púrpuras, acreditava ser Kingsley.

O homem barbado fez menção a sentar, sinalizando para que o garoto e o Professor ao seu lado fizesse o mesmo. Sentados no sofá antigo, o garoto buscou conforto o suficiente para conseguir achar as palavras certas e relatar tudo que viveu no fim de semana conturbado. Apesar de estar bem fisicamente, não podia dizer o mesmo de seu psicológico, pois havia recebido uma dose forte do que viveria a partir dali.

- Então, Draco, diga o que houve e, por favor, não me poupe dos detalhes. – sorriu leve.

Draco contou cada detalhe, cada ponto específico e crucial das horas que havia ficado dentro da casa de sua família. Ele pontuou o fato de Voldemort estar buscando algo, buscando em livros; pontuou o voto perpétuo que fizera com o pai; os gritos, torturas, mortes, alianças, a soberba e a ânsia que alguns dos seguidores do bruxo tinham pelas trevas. Ele contou das torturas psicológicas que sofreu, torturas vindas de sua tia, que acreditava ser uma honra a tarefa que recebera. Contou sobre as ameaças que Bellatrix Lestrange o fez, como a adaga da mulher adaga feriu sua pele alva e como a marca nega ficava dolorida ao estar naquele lugar. Era o inferno que os trouxas tanto falavam, não havia outra explicação.

- Bom, isso era algo esperado. Creio que o plano deverá seguir como foi de início, então pode seguir com a tarefa que lhe foi designada. – ele olhou para o Snape – Severo, a partir do momento que o desejo de Tom se cumprir, peço que zele pela segurança do menino Malfoy, saberá bem o que fazer. – ele olhe olhou nos olhos – Não se preocupe, Draco, se tudo ocorrer como mentalizo, ficará tudo bem.

- Mas...

- Mas veja bem, isso não dependerá apenas de mim, isso dependerá especificamente de Harry e seus amigos, incluindo o senhor.

Kingsley e Lupin observavam Dumbledore atentamente, assim como Severo e ele, mas podia notar alguns olhares em sua direção em alguns momentos. Era óbvio que eles ainda desconfiavam dele, mesmo que pouco. Mas quem era ele para julgar? Se estivesse no lugar dos homens tomaria a mesma posição.

- Já está ficando tarde e tenho algumas coisas para resolver fora do castelo – disse o homem ajeitando seu oclinhos meia-lua – Já tratei os assuntos da Ordem com Remus e Kingsley, Severo. Creio que eles possam te passar as informações. – Snape assentiu assim como os outros dois – Gostaria de deixar claro minha plena confiança em Severo e no garoto Malfoy para garantir que não haja conflitos futuros. – disse sério olhando para os dois.

Dumbledore estava se aproximando se sua fênix que piava em busca de carinho do dono, assim que o teve se calou. O homem ajeitou alguns papéis em as mesa e olhou sério para os quatro que se faziam presentes na sala.

- Todos vocês, lembrem-se: Harry vai ser a salvação, o único páreo para Voldemort. Harry é nossa última esperança de salvação. Temos que confiar que vai dar certo. - e com o barulho característico de aparatação, desapareceu no mesmo local que estava.

O clima na sala estava um pouco tenso, mas com um simples sorriso do ex-professor, aquilo se dissipara. Ali, com os homens da Ordem, ele ouviu atentamente as instruções que o Diretor havia passado para os dois que chegaram anteriormente a ele e Severo, o que o fez perceber que provavelmente estava aliado à Ordem como todos os outros ali, como Harry, Ronald e Hermione. Ele estava se tornando verdadeiramente um deles, em todos os sentidos e sorriu ao pensar nisso.

Assim que tudo estava pontuado, os homens foram embora, Lupin havia lhe desejado sorte e parabenizado pela decisão tão complicada que havia tomado. Era estranho ver um sorriso daqueles em sua direção, mas Lupin sempre foi agradável em suas aulas. Nunca o havia julgado, mesmo com as ofensas que havia jogado contra o homem. Ele era uma pessoa boa.

Na volta para seu salão comunal, o loiro havia deixado um recado no objeto que o quarteto usava para se comunicar, ele estava aliviado de finalmente sentir os ares da escola, apesar das circunstâncias, parecia mais leve que nunca. Ao chegar em seu quarto e se deitou na cama macia que lhe pertencia e logo se viu submerso em seus devaneios.

Draco sabia que o plano que iria seguir não era do conhecimento da Ordem, Dumbledore havia lhe explicado o motivo e permitiu que o trio soubesse dele em partes, mas isso foi no início. Haviam coisas que ninguém além de Draco e Snape poderiam saber dali em diante. As memórias de Hermione da noite em que Dumbledore teve a primeira conversa com Draco haviam sido obliviadas. E assim como a garota, Ron e Harry também foram reféns do feitiço lançado por Dumbledore, a informação do que aconteceria quando plano seguisse havia sido totalmente apagada de suas mentes. Draco tremeu ao lembrar disso. No dia em que ele foi para a mansão, o Diretor conversou com o trio e assim conjurou o feitiço sobre eles. Era algo necessário a se fazer, o mundo mágico estava em jogo.

Quando finalmente adormeceu, Draco sonhou com um mundo diferente de sua realidade. Um mundo onde era livre de acusações, livre de suas culpas, livre para viver com sua amada e amigos, livre das trevas que lhe rodeavam. Pela primeira vez em tempos ele havia tido um sono tranquilo e continuo.

Através de minhas escolhas - DRAMIONEWhere stories live. Discover now