Capítulo 30

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O crepúsculo se formava em tons que mesclavam entre frios e quentes, fortes e claros. O ciano dançava com o laranja e o azul, que lentamente se torvavam um rosa claro e amarelo pastel; tudo tão cálido e acalentador que sua mente só pensava que seus amigos acordariam com um amanhecer belo e sem sentir a dor que fazia seu coração sangrar.

Sem forças o loiro se sentou frente a porta da casa de Snape para observar o início de uma nova fase, onde não teria o apoio das pessoas que o colocaram ali. Pessoas que o fizeram descobrir o poder de escolha e quem ele era. Aquele crepúsculo era a linha ténue entre a luz e as trevas. Era como ele via seu interior. As trevas estavam ali consigo, assim como a luz que nascia em meio toda escuridão, formando uma mescla de sentimentos que lhe avisavam que o sol estava nascendo aos poucos. Seu sol era nada mais que o trio de ouro.

Draco estendeu sua mão em direção aos sutis raios de sol que viam do horizonte, deixando que a luz passasse entre seus dedos e refletisse em seus olhos avermelhados, com seu azul em um puro cinza claro. Aquela era sua forma de tentar chegar ao sol mais rápido, pois era o que seu coração almejava.

Um suspiro longo e pesaroso saiu de seus lábios entreabertos, sua mão se fechou e em direção a seu peito, que subia e descia com dificuldade ao respirar. A visão límpida que tinha minutos atrás se tornara turva, como em uma pintura onde os borrões coloridos formavam paisagens conhecidas. Seus olhos transbordaram em lágrimas teimosas, quentes, salgadas.

Vai ficar tudo bem.
Eles estão melhor sem você.

O sol ficava cada vez mais aparente enquanto o loiro tentava controlar seus pensamentos e sentimento que passavam como um turbilhão em seu interior.

Um ranger sutil soou por trás de suas costas, indicando que a porta de madeira havia sido aberta, e olhando de soslaio viu quem fora o responsável por tal ato. Severus estava com vestes negras tão típicas e sua varinha em mãos, não olhava para Malfoy, mas para o mesmo horizonte que ele também observava tão atentamente segundos atrás. O mais velho encostou a pesada porta de madeira maciça e recostou ali mesmo, admirando aquele amanhecer tão calmo junto de seu aprendiz.

O silencio complacente de ambas as partes deixava tudo mais leve, os pensamentos de ambos iam e vinham em suas mentes de maneira fluida. A complexidade dos sentimentos e memórias dentro de ambos era algo que poucas pessoas poderiam entender, pois ninguém nunca imaginaria, nunca mensuraria a dor que cada um carregava em seu interior. Ninguém poderia de fato julgar a profundidade dos sentimentos que habitava no lugar mais profundo de seus corações.

Na realidade onde Draco e Snape habitavam, luz e trevas não passavam de sinônimos. Fazer o certo da maneira errada, ou, como Dumbledore gostaria de dizer, o fim justificava os meios. E lá estavam eles fazendo o possível e o indevido para conseguir cumprir a missão que tinham em mãos.

O sol já passara completamente da linha do horizonte, se mostrando completamente para aqueles que admiravam sua beleza. O homem soltou o ar pelos lábios finos e novamente abriu a porta, mas agora esperando que Draco entrasse com ele.

Com certa hesitação, o loiro se levantou limpando as vestes escuras e adentrando a casa tão simplória e bela. Os móveis antigos em uma madeira escura, rústica, faziam com que o local fosse acolhedor e refletisse bem o professor, assim como os livros nas estantes e alguns poucos quadros emoldurados em madeira negra.

Snape o guiou até uma pequena cozinha limpa e bem organizada, e fez um gesto para que o garoto se sentasse na mesa central, que com um pequeno aceno de sua varinha, se viu ficar coberta por uma leve toalha branca e com um farto café da manhã sobre si. O cheiro do café recém passado, tão forte e escuro fazia seus demônios interiores se acalmarem, assim como ao ver a torrada quente o suficiente para derreter a manteiga assim que tocasse sua superfície áspera.

Através de minhas escolhas - DRAMIONEWhere stories live. Discover now