Através de minhas escolhas - DRAMIONE

Epílogo

O som do vento silvando em conjunto com o canto melodioso dos pássaros era agradável, a sensação do sol tépido tocando sua pele apenas intensificava a sensação. O ar limpo, puro, exalando cheiro de pergaminhos e jasmim por todo canto, trazendo a sensação de nostalgia brincar no seu interior. Poderia passar a eternidade ali, deitado sobre a grama úmida pelo orvalho da manhã.

As luzes piscavam através de suas pálpebras ainda fechadas, aquilo lembrava o brilho de diamantes e ouro refletidos. O sorriso preguiçoso que não dava em muito tempo se formou em seus lábios vermelhos, inchados, latejando. A pressão em seu peito era confortável, a risada exagerada tocava sua alma, fazendo que ele acompanhasse cada nota alta em meio ao campo vazio. As lufadas de ar morno que ela soltava contra seu corpo tentando se recompor o lembrava de cada momento que o levou até ali.

A lembrança da noite estrelada, as juras de amor além da eternidade que tinham a lua como sua única testemunha, as carícias trocadas, cada toque, cada beijo. A maneira com que seu nome saia da boca dela, tão manhosa, era a coisa mais linda que poderia escutar, fazia seu coração querer escapar do peito. As borboletas se mantenham vivas em seu interior, estavam apenas adormecidas.

Seus braços agiam por instinto ao envolvê-la em um abraço apertado, temendo que interrompesse o momento, desejava apenas que continuasse ali por mais tempo - o máximo possível. Ela apenas se aninha ali, pressionando-se mais contra ele. Momentos assim poderiam ser eternos, mas a eternidade ainda seria pouca para os dois e o que nutriam um pelo outro. Ele pensava que poderia romper mundos com o que guardava em seu peito. Era algo tão forte e poderoso, não conhecia nada que se equiparasse.

Seus dedos roçaram entre os fios bagunçados do cabelo cheio. Os frios brilhavam em um castanho dourado contra o sol, ele reparou, guardando cada detalhe que pudesse. As margaridas que cresciam livremente pelo solo balançavam em uma dança delicada, chamando sua atenção.

Ela ficaria ainda mais bela no lugar certo.

Rindo do próprio pensamento egoísta, ele puxou a pequena flor pelo caule e colocou no emaranhado de cachos, perto da orelha de sua amada. O cheiro verde se espalhou entre os dois e ela elevou o olhar para ele com um sorriso tímido, tocando as pétalas macias da flor em seu cabelo.

Sempre era um choque quando o castanho encontrava o azul acinzentado, como o choque do impacto da onda que quebrava em meio às pedras de calcário, tirando o fôlego de ambos. Uma paz estranhamente nova se alojava em suas entranhas logo depois que isso acontecia, tão natural e assustador.

Era claro que sentiam uma pontadinha de medo com o que sentiam, pois sabiam que quanto mais poderoso, mais destrutivo poderia se tornar. Mas poderiam ver aquilo como a pitada de sal que equilibrava a doçura da sobremesa ou o açúcar que reduzia a acidez do molho de tomate. O toque ousado e necessário, que quando usado na medida certa, apenas deixava o prato ainda mais especial.

As respirações de ambos pareciam estar no mesmo ritmo calmo quando ela sorriu travessa para ele, despertando a curiosidade do garoto que não saberia o que esperar. Nunca sabia o que vinha depois daquilo, era uma das poucas coisas nela que eram imprevisíveis. A garota apenas se sentou sobre ele, o puxando para perto. Ele meneou a cabeça e ela apenas sorriu achando graça.

Ele estava fascinado com a maneira que ele a olhava, com aquele sorriso bobo, os olhos brilhando, tudo aquilo através daquele filtro que seu sentimento mantinha em seu olhar, deixando tudo mais intenso e belo. Naquele momento ele se amaldiçoou por não ter talento para a arte, pois uma pintura daquele momento seria digno de uma pintura que ocupasse toda uma parede de sua mansão.

Suas bochechas estavam coradas, mas não sabia se era pelo tempo que estava exposta ao sol ou por vergonha - não que aquilo realmente importasse. Só conseguia pensar que desde que ela estivesse ali com ele, o seu lado, ficaria tudo certo.