Apenas Amigos

17

13 de março

— Você realmente não vai contar como foi à viagem? - Elizabeth pergunta pela décima quinta vez em menos de dez minutos.

― Elizabeth, por favor, eu cheguei de madrugada. ― falei.

― Mas voc―

Olhei para ela de forma séria, o que era um indicativo de que: se aquela pergunta saísse mais uma vez de sua boca, eu provavelmente arrancaria a língua dela.

— Beth, deixa a Charlie. - Tiana interferiu por mim — Você sabe que se algo de importante tivesse acontecido, ela nos contaria.

Então né meninas... Eu e Stein... Hm... É...

Não, definitivamente eu não contaria. Bom, pelo menos até achar uma boa abordagem.

— Mas ela voltou diferente! - minha amiga, falou dando argumentos ao seu ponto.

— Pelo amor de José Bezerra, menina! Acalma os teus nervos! - falei me virando para Beth e a segurando pelos ombros. — Quieta!

Elizabeth se emburrou, mas se quietou.

Finalmente!

— Não fale o nome de José Bezerra em vão! - ralhou e eu rolei os olhos.

Por isso que eu não tinha crush, e muito menos colocava o nome de personagens que eu gostava neles.

— Finalmente formandos. - falei olhando para a farda personalizada de cada um do ultimo ano.

Beth largou o drama, parando-se ao meu lado em seguida.

— Sim, finalmente. - suspirou — Sempre quis isso, mas agora... Não quero que acabe. Estranho né?

Ela não ficou para ouvir a resposta, foi até o seu crush e o abraçou - meio que se jogou em cima dele - fazendo o garoto se assustar, rir e a abraçar de volta.

— Não é estranho, é compreensível. - falei para ninguém em especial, fazendo Tiana me olhar como se perguntasse "está falando sozinha?".

Olhei de volta para Elizabeth que ainda conversava com o garoto da nossa turma.

Balancei a cabeça negativamente.

Ai Elizabeth.

Como eu havia faltado às primeiras semanas de aula, só sabia o básico e o mais importante. Eu e minhas amigas continuávamos na mesma sala.

Depois de alguns cumprimentos e abraços rápidos, fomos para sala e como de praxe nossos lugares continuaram os mesmos, não por conta de mapeamento de sala, mas porque a sala se organizou do mesmo jeito que no ano anterior.

Estranhando algumas coisas e sentindo uma paz no meu coração, puxei Tiana para sanar a pulga atrás da orelha que estava me incomodando.

— Ti! - chamei-a.

— Oi. – sussurrou como se tivéssemos guardando segredo de estado.

Ri da leseira.

— Quem está na nossa sala? Digo, das pessoas do ano passado. - perguntei.

— A maioria. - respondeu evasiva. Ela sabia onde eu queria chegar.

— Tiana. ― falei um pouco mais seria.

— Bom, algumas p―

— Bom dia, classe! - a professora a interrompeu com a sua entrada na sala. — Pra quem não me conhece eu sou a professora Paula, e eu vou lecionar Língua Portuguesa para vocês. Vejo alguns rostinhos novos, mas a maioria já é conhecida, mas não tem problema eu memorizo os nomes bem rápido.