22

69 6 3
                                    

Charlie Wright

Um mês.

1 de maio.

Um mês sem falar com ele.

Um maldito mês.

O tempo nunca passou tão devagar.

Felizmente eu tinha uma irmã que me ajudava a não enlouquecer.

Eu poderia ficar sem celular por um ano, mas eu precisava ouvir música.

Eu necessitava.

Ainda mais quando eu tentava escrever.

Amanda ficava impressionada com a quantidade de folhas amassadas que tinha pelo chão quando ela acordava. Ela agora dormia no meu quarto, para - segundo ela - se certificar de que eu não estava virando um zumbi.

E eu estava quase conseguindo isso.

Quase.

— Você vai acabar com o caderno desse jeito. - ela falou quando viu o número de folhas no chão.

Frustrada, arranquei a folha que eu rabiscava, amassei-a e joguei no chão.

— Nada fica bom. - falei cansada.

Amanda se aproximou e segurou meus ombros.

— Você não precisa escrever uma música ou um poema. - ela falou — Escreva como se fosse conversar com ele. É apenas o Gabriel. Não há nada demais nisso.

Apenas o Gabriel.

Oh Amanda, se você soubesse...

Cansada, me encostei em seus braços e fechei os olhos.

Eu já não havia aprendido a lição?

Não, eu não poderia aceitar aquilo.

Era coisa da cabeça de Elizabeth. Certeza.

Absoluta.

Ou talvez nem tanta...

Mas eu tinha que sufocar aquilo, minhas memórias não eram boas. E se eu deixasse aquilo se desenvolver... Iria fugir do meu controle.

— Você está no controle? - Amanda perguntou e eu ri.

Aquela era uma brincadeira nossa. Ela perguntava para saber se eu já estava apaixonada ou não. Mal sabia ela que eu podia sabota-la e me sabotar com a resposta.

— Sim. - falei som um sorriso no rosto — Eu ainda estou no controle.

Suspirei baixinho e me levantei da cadeira, recebendo finalmente as reclamações da minha coluna por ficar ali a noite inteira.

Me deitei na cama e Amanda me agasalhou completamente, sentando-se na beira da mesma em seguida.

— Algum conselho para me dar? - perguntei. Afinal das contas, minha irmã era uma das poucas pessoas no mundo que me conhecia o suficientemente bem, talvez até melhor do que eu mesma.

Ela sorriu, meio triste e meio feliz.

— Eu só quero que você seja feliz, Char. - falou — E saiba que eu farei o que estiver ao meu alcance para lhe ajudar a alcançar a felicidade.

Sorri para ela e senti meus olhos pesarem.

— Bom dia. - ela falou.

— Bom dia. - respondi e senti Amanda depositar um beijo em minha cabeça antes de eu apagar completamente.

[...]

— O que é isso? - perguntei quando meu pai apareceu com meu celular em suas mãos.

Apenas AmigosWhere stories live. Discover now