27

61 4 0
                                    

5 de setembro, quinta-feira.

Talvez eu tenha subestimado quem Elizabeth era.

Não me surpreendi quando ela saiu pulando de felicidade pelo aeroporto, e também não me surpreendi muito quando deu um gritinho e abraçou minha tia que apenas franziu o cenho e me olhou.

― É a Beth - movimentei os lábios para que Camila os lesse de longe.

Tia Camz devolveu o abraço enquanto eu me aproximava delas com minha mala e a de Elizabeth.

— Pega sua folgada - falei e larguei a mala mediana ao lado de minha amiga. — Não vai esquecer de esperar os seus pais.

— Os teus também estão vindo com eles. - Beth respondeu e revirou os olhos.

Ri e balancei a cabeça, esticando minha mão até que ela alcançasse os cabelos castanhos perfeitamente arrumados em um rabo de cavalo.

Balancei minha mão rapidamente na parte de cima de sua cabeça e me afastei correndo. Elizabeth branca, talvez não como eu, mas não chegava a ser considerada parda.

Ela grunhiu algumas coisas inteligíveis, bateu os pés e resmungou até nossos pais chegarem. Estava claro sua chateação com a desarrumação de seu cabelo.

E então ela se calou.

Voltei a me aproximar do grupo de pessoas e peguei meu celular para ver que horas eram.

12:10

— ... então vamos deixar as coisas no hotel de vocês e vamos. - meu pai falou.

— Eu vou na livraria e a Charlie vai comigo! - Beth falou e levantei minha cabeça sabendo que meu nome havia sido citado.

— O que tem a Charlie? - perguntei olhando para eles com o cenho franzido — A Charlie quer comer. - falei colocando as mãos em minha barriga, por cima da blusa preta.

— Ok, me diz quando você não está com fome? - Beth perguntou e Amanda riu.

— Quando ela ta dormindo! - minha irmã respondeu.

Ergui as sobrancelhas em concordância, era verdade. Meu irmão mais novo resmungou alguma coisa e eu quase o agradeci, porque depois que ele falou todo o grupo começou a andar.

Nossos pais conversavam entre si, a irmã mais nova de Elizabeth estava segurando a mão de Bernardo enquanto ele falava alguma coisa pra ela, e ela fingia entender, já que estava estampado em seu rosto que ela não queria conversar.

Os adultos estavam atrás, as crianças um pouco na frente deles, enquanto eu, Amanda e Elizabeth estávamos mais na frente.

Quando o celular de Beth começou a apitar demais, a olhei entediada.

— Seu namorado vai parar de mandar mensagem, não vai? - perguntei e em seguida fiz uma careta e toquei em minhas costelas esquerdas.

Olhei para Amanda.

Ela havia me beliscado!

— Isso doeu, ok? - falei indignada, ainda com a mão no local.

— Seja mais legal com o menino. - Ela me ralhou e eu rolei os olhos.

— Ela nem se importa mais! - tentei argumentar por mais que soubesse que ainda continuava errada.

Amanda abriu a boca para retrucar, mas Beth deve ter feito algo porque a morena apenas suspirou e decidiu deixar o assunto quieto.

Quando virei para olhar para minha amiga, ela instantaneamente bloqueou o celular e o guardou no bolso.

Suspirei contrariada e cruzei os braços.

Apenas AmigosWhere stories live. Discover now