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Charlie Wright

Guilherme esperou pacientemente eu conseguir me livrar das lágrimas, não precisava ser um gênio para saber que meu coração estava em pedaços quando liguei, mas mesmo assim contei algumas coisas que aconteceram.

Não contei tudo, apenas as partes mais relevantes. Não queria soar tendenciosa, então fiz um resumo do que aconteceu no apartamento e depois li as mensagens para meu amigo.

Assim que terminei, voltei para a ligação.

Seu olhar beirava o desapontamento, sabia que de certa forma ele se sentia responsável por nós.

Sinto muito, Charlie.

― Que isso, Gui. – Abanei a mão ― Não é culpa sua.

Se eu não tivesse...

― Guilherme! – o chamei duramente ― Enfia na tua cabeça que tudo, exatamente tudo o que aconteceu entre mim e o Gabriel foi decidido entre nós dois. Se deu certo ou não, isso é "culpa" nossa – fiz aspas com os dedos ao citar a palavra, ninguém era exatamente culpado. Apenas perdemos o controle da situação. ― Estamos entendidos?

Sim senhora. – Ele suspirou ― O que você vai fazer agora?

― Preciso esfriar a cabeça. Vou tirar esses dois dias para pensar. – olhei para a tela ― E voce esta aonde agora?

― Paris, baby!

Ele fez uma careta fofa e eu ri.

― Trabalha bem ai, junta dinheiro, porque se tudo der errado aqui, eu compro uma passagem e vou morar contigo.

― Sempre soube que éramos perfeitos um para o outro. – Colocou a mao no peito, mas antes que eu o ralhasse, ouvi um barulho.

― Tem alguém ai com você? – franzi o cenho.

Guilherme me olhou de canto de olho, já que seu olhar estava direcionado para onde o barulho teve início.

― Guilherme? – tentei novamente.

Ele não precisou responder para eu entender que eu havia atrapalhado algo assim que o liguei.

― Por que não me disse que estava ocupado?

― Você arranja tempo pra mim e eu arranjo tempo pra você, lembra? Sou seu irmão mais velho postiço, loira. Você não me liga sempre, então eu soube que algo estava errado, e nada seria mais importante que isso.

Meus olhos marejaram.

Aquele era o Gui.

― Atrapalhei algo muito serio?

Ele negou com a cabeça.

― Nada que eu não possa fazer depois que desligar.

Fiz uma careta e ele gargalhou.

― Quero conhece-la. – falei e foi a vez dele de fazer careta.

― Só se for algo sério.

Concordei com a cabeça, não tinha mais memória para conhecer todas as ficantes de meu amigo. Meu cérebro dava pane.

― Você vai afasta-lo?

Suspirei.

― Não.

― Isso não tem nada haver com o Rafael, tem?

Neguei veementemente com a cabeça.

― Com toda certeza não. Em hipótese nenhuma. O que eu sinto pelo Gabriel é bem mais estruturado, bem mais...

Apenas AmigosWhere stories live. Discover now