Apenas Amigos

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24 de abril de 2019

— Amiga? Amiga!!

Pisquei algumas vezes e então meu olhar se focou em Elizabeth.

— Tá tudo bem?

Não.

— Claro. Por que não estaria? - perguntei forçando um sorriso fraco, que pareceu passar despercebido pela garota de cabelos castanhos.

— Sei lá, você tá estranha. - Beth comentou enquanto tirava o caderno e o livro da bolsa — Passou um tempão olhando pro nada quando te perguntei do Stein.

Prendi a respiração.

Stein.

Engoli seco.

— Ah. - falei e me remexi desconfortável na cadeira. — Ele tá bem. Eu espero. ― sussurrei a ultima parte.

Ela riu.

— Disso eu sei besta, eu falei com ele ontem. - ela começou a falar. — Ele disse que tava ocupado resolvendo umas coisas do colégio, que tava puxado, e as vezes eu acho que ele estuda demais sabe? Eu...

Ela continuou falando e minha mente se desligou, me relembrando do fatídico dia em que quase amaldiçoei toda a linhagem de Stein.

— Você vai falar com ele ou vai ficar nessa indecisão? - Amanda foi simples, direta ao ponto.

Eu teria uma semana de folga do colégio, mas ficaria sem celular na bendita segunda, que por acaso, eu não teria aula.

Ate parecia mentira, segunda-feira, o dia que meu pai disse que eu ficaria sem celular caia dia 1˚ de abril. O dia da mentira.

Mordi a unha do dedão.

— Talvez eu nem precise, ja te falei como o Gabriel é. Ele sempre está estudando, então se tudo o ocorrer como sempre, é apenas eu evitar mandar mensagem para ele, que eu não vou precisar dizer...

— ... tchau. - Amanda completou. — Acha mesmo que ele não vai perceber? Você sempre fala com ele, principalmente em finais de semana. E advinha, hoje é sabado!

— Era para você estar me ajudando e não piorando a minha sanidade! - falei com raiva.

— Faz o que eu estou te falando então! - Amanda bateu nas coxas — Vai conversar com ele! Você sabe que o nosso pai realmente vai demorar a te devolver o celular, então não perde essa chance, Charlie!

Eu andava de um lado para o outro.

— Papai te falou isso na quarta, hoje é sábado. Segunda é depois de amanha! Do que você tem medo? É só conversar e depois falar que você vai ficar sem celular. - Amanda falou calma.

Sentei-me na beira de minha cama e apoiei meus cotovelos em minhas coxas. Coloquei meu rosto entre minhas mãos e suspirei.

— Do tchau. - falei e o som da minha voz foi abafado por minhas mãos. Levantei a cabeça sentindo meu nariz arder. Amanda me olhava atentamente — Eu tenho medo do tchau.

— Você não tem medo do tchau, você tem medo de se tornar um adeus.

Concordei com a cabeça, sem conseguir emitir uma palavra.

Me assustei quando percebi que se abrisse a boca, eu choraria.

E me bati mentalmente por conta daquilo.

Amanda veio até mim e me abraçou.

— Sabe que há outros meios de vocês conversarem, não sabe?