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18 de agosto, domingo.

Eu não era uma pessoa apegada ao local chamado igreja, apesar de acreditar fielmente na existência de Deus. Apenas não confiava na instituição que era regida por homens, a história do mundo e da humanidade me deixaram com uma pulga atrás da orelha depois de tudo que os humanos fizeram uns aos outros usando o nome de Deus.

A raça humana as vezes me dava dor de cabeça.

Mas ainda sim está caminhando vagarosamente para a Igreja mais próxima da minha casa, na companhia de minha mãe.

Todo domingo ela ia ver a missa, e geralmente eu e meus irmãos íamos, mas o menor ficou com o papai em casa e Amanda estava desmaiada na cama, então apenas eu vim.

Eu vestia uma calça jeans de cintura alta e uma blusa branca de manga longa, meu celular estava no bolso direito da frente, um pouco antes de entrarmos na igreja, senti o aparelho vibrar.

― Eu vou falar com a vizinha. – Minha mãe falou e eu concordei com a cabeça, vendo-a se distanciar até uma idosa próximo à entrada.

Peguei o celular e vi que Gabriel havia respondido minha mensagem.

Desbloqueei o celular e abri o whatsapp, vendo minhas ultimas mensagens e as dele.

Charlie: Vou pra missa.

Charlie beijos.

Gabe: Beijos.

Gabe: Ei

Gabe: To indo ai

Franzi o cenho.

Charlie: Aqui?

Charlie: No caso, aqui na igreja?

Ele ficou online.

Gabe: É

Gabe: Não posso ir na igreja?

Provavelmente havia um ponto de interrogação enorme em meu rosto.

Gabriel não frequentava igreja.

Fiquei olhando pra conversa sem saber o que falar, mas logo Stein acrescentou mãos mensagens.

Gabe: To chegando já

Charlie: ok, vou te esperar aqui na frente.

Charlie: mas se a missa começar, eu entro.

O visto confirmou a visualização, mas Gabriel não respondeu nada.

Fiquei com o celular na mão, enquanto olhava para o portão maior da igreja, esperando que seu corpo aparecesse ali.

Três minutos se passaram.

Chequei as horas.

08:50

10 minutos para começar a missa.

Por que Gabriel estava indo até a igreja?

Obvio que era para me ver, ele não frequentava a igreja apesar de ter crescido em uma.

Ambos éramos católicos, católicos não praticantes, já que nenhum de nós tinha rotina de frequentar a igreja ou se importava em continuar o curso da catequese, a crisma.

Arriscava dizer que, apesar de ter sido batizado e ter feito a catequese, Gabriel era quase ateu. Ou talvez sua fé tivesse sido abalada por algo.

Nunca conversamos sobre.

Nunca achamos necessário.

Olhei para dentro da igreja e percebi que pela primeira vez, eu e Gabriel estávamos em extremos diferentes.

Apenas AmigosOnde histórias criam vida. Descubra agora