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Por favor, lembrem-se de que os personagens erram igual a nós. Eles nao sao perfeitos, nao nessa história.

Dia seguinte: 27 de outubro, domingo.

― Charlie?

Fechei os olhos com força.

― Char?

Ouvi a porta abrir, fiquei imóvel.

Alguns segundos se passaram.

― Ela está dormindo.

― Amanda, – meu coração deu um solavanco ― se ela estiver acordada eu posso-

― Gabriel, ela está dormindo – o tom de minha irmã se tornou um pouco mais forte. ― Você deveria estar agradecendo por ainda entrar nessa casa, não sei o que deu em você, mas saiba que você so está aqui porque eu deixei você entrar, porque eu inventei uma desculpa para os nossos pais do motivo pelo qual ela está na cama – meus lábios tremeram, as lágrimas caiam por minha face e eu tentava ao máximo não fazer um ruído se quer. ― Você não vacilou, Gabriel, você fez algo bem pior. Se não sabe o que quer, não insista em querer mante-la por perto. Sei que minha irmã provavelmente lhe disse que nunca te deixaria, e ela estava realmente falando a verdade, mas nós dois sabemos como você quer mantê-la. Não seja egoísta, se não gosta dela não minta dizendo que sente o mesmo. Não a iluda, não cultive nela sentimentos que você não sente.

― Mas eu s-

― O que você está fazendo aqui? – minha voz saiu rouca. Não queria ter que ouvir mais coisas, não havia dormido, a noite havia sido tao clara e dolorosa.

Não me virei, não tirei a cabeça de debaixo do lençol, apenas emiti a frase abafada.

― Charlie.

Contra minha vontade, tirei o lençol da minha cabeça.

A luz me fez fechar os olhos com força, mas diante de tudo que havia vivenciado, não me importei em estar parecendo a minha pior versão. Era a versão verdadeira.

A versão quebrada.

Levantei-me devagar, sentando com as pernas cruzadas na cama.

Os olhos de Gabriel se arregalaram minimamente, não era pra mais, eu estava horrível.

Meu rosto provavelmente estava inchado de tanto chorar. Minhas pálpebras estavam pesadas por conta do choro e do sono que não tive.

Meus cabelos estavam bagunçados em um coque que estava se desfazendo, mas eu não ligava.

Porque me importar com minha aparência naquele momento era a ultima das minhas preocupações.

Minhas mãos tremeram levemente quando Stein deu um passo a frente, entrando no quarto, já que eles estavam na porta.

Sua boca abriu e fechou um par de vezes, mas ele não falou nada.

Acabei deixando um sorriso amargo aparecer em meu rosto diante de sua falta de jeito.

Ergui as mãos para arrumar meu cabelo.

― Faltou a coragem ou só não tem ideia do que me dizer?

Gabriel ficou serio.

Parte de mim queria machuca-lo, fazer seu coração quebrar, mas não havia nada que eu conseguisse tal feito.

Porque para quebra-lo, Gabriel teria que se importar comigo. Teria que gostar de mim, e ele não o fazia.

Machuca-lo nessa altura so iria me machucar. Porque eu me importava com ele, porque eu gostava dele.

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