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Janeiro de dois mil e dezenove

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Janeiro de dois mil e dezenove.

— CHARLIE! – ouvi minha mãe gritar da cozinha.

Eu estava deitada na minha cama, tentando compreender que dali a algumas semanas as aulas voltariam.

— CHARLIE!!!  - Minha mãe gritou de novo.

Se fosse algo urgente, ela chamaria pelo meu nome completo, ou ent...

— CHARLIE SIV WRIGHT, SE EU TE CHAMAR DE NOVO...

Fodeu.

Levantei correndo da cama, e alguns segundos depois cheguei na cozinha toda atrapalhada.

— Oi, aqui, presente, as suas ordens. – falei sem ar, vendo a minha figura mais velha com uma das mãos na cintura e a outra segurando uma colher.

— O Guilherme ta me ligando sem parar, pede pra ele parar de ligar!

Foi só a frase ser concluída que o refrão de "El Perdon" começou a tocar. Peguei o aparelho que estava em cima da mesa e vi o ícone brilhar.

"Guilherme Oliveira"

Desliguei.

— Vou ligar do meu celular. – Avisei e minha mãe concordou.

Voltei para o meu quarto e peguei o aparelho que estava carregando na cômoda.

Bateria 100% carregada.

"Gui Bobão (7) chamadas perdidas"

Tirei o celular do carregador e o desbloqueei.

Apertei na ultima chamada perdida e a minha foto com Guilherme apareceu.

— ATÉ QUE ENFIM!

— Oi, Guilherme.

— Tem celular pra quê hein? Te liguei sete vezes, Charlie. Sete.

Rolei os olhos.

— Poupe-me da parte do drama, diga logo o que quer. Seja objetivo.

— Eu quero você.

Pisquei duas vezes e então caímos na gargalhada.

— Uh, acho que não hein. – Ri — Sério agora, Gui. O que sua ligação me trás?

— Um convite.

— Um convite? Pra quê exatamente?

— Passar o fim de semana aqui em casa

— E tu jura que meus pais vão deixar?

— Charlie, eu cativei seus pais. Eles me amam. Eu sou o responsável.

— Pra eles, não é?

— Shiu, eles não precisam descobrir isso.

Guilherme e eu estudávamos juntos, no mesmo colégio, ele era um ano mais velho, mas isso não nos impediu de construir uma amizade sincera e inabalável.

Apenas AmigosWhere stories live. Discover now