Acordei com um grito agudo preso na garganta e confusa na escuridão do meu quarto.
Tentei me levantar, mas a tontura me obrigou a me satisfazer apenas em ficar sentada na cama. Aos poucos as memórias iam voltando.
Depois de toda a aclamação, o olhar bravo de papai havia intimidado todos os espectadores de seu show particular.
Voltando-se pra mim, ele sussurrou em meu ouvido.
— Você é oficialmente princesa do inferno.
Ele falava sorridente, mas eu não tinha tanta felicidade assim.
Sorri e tentei me distanciar de Cerberus, mas assim que o fiz, minhas pernas bambearam de novo.
Eu teria caído no chão se a metamorfose de Cerberus não tivesse sido rápida o suficiente para que ele me segurasse com seus braços.
— Você não tá nada bem!
Mesmo distante de meu melhor estado, eu podia sentir a aflição dele.
— Você não tem mais cara de cachorro. — Foi tudo oque eu consegui balbuciar.
Ele me ergueu em seu colo enquanto ria.
— Agradeço a você por isso.
Cerberus começou a fazer o caminho para me levar de volta ao trono, mas parou quando encarou algo a sua frente.
— Leve-a para o quarto dela. Faça-a descansar. — Ordenou mamãe numa voz terna.
— Creio que ainda existem questões para debate. — Ouvi a voz de Asbanch dizer.
— Não que exijam a presença dela. — Rebateu ela.
— Ela é nossa princesa, não é?
Asbanch dizia, mas de certo ele não sentia a ameaça ou subestimava mamãe.
Mesmo com a consciência oscilante, pude ver mamãe afastar-se de seu trono e passar por nós. sua voz começou baixa, mas foi elevando-se até quase parecer-se com um grito.
— E eu, Asbanch, sou sua rainha.
— Minha senhora... — Ele tentou interpelar.
— E quando eu digo, minha palavra é lei.
— Creio que oque Asbanch quer dizer milady é que agora, ela como princesa, o que a senhora quer não tem muito valor sobre os acordos que exigem a presença de todo o conselho durante a assembleia... — reconheci a voz de Lestat, mas logo ela foi interrompida.
Mamãe estreitou os olhos. Como ele ousava?
— Não aconselho a nenhum de vocês, — ela se direcionava aos seis conselheiros. — a testar minha benevolência.
— Não é um teste. — Asseverou Lestat.
— Não, não é. — Assobiou ela. Sorrindo sozinha, com uma piada que somente ela entendia. — Por que num teste, você teria alguma chance de se sair bem ou ter boas avaliações. Mas não, esse não é o caso. Se minha benevolência for testada...
— Será um massacre. — Completou papai.
Ambos estavam lado a lado e amedrontadoramente protetores.
— Ouçam todos aqui — a voz de mamãe agora parecia se modular de aguda para algo gutural e estático — Meus filhos são seus senhores. Desafia-los é desafiar a mim. E diferente de Lúcifer, eu não sigo os acordos.
— Isto é uma ameaça? — Lestat perguntou.
Frio. Toda a temperatura do ambiente pareceu ser sugada.
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As Crônicas do Caos - Perdição (EM REVISÃO)
Paranormal🐍 Até onde você iria por uma segunda chance? Serafine já foi um anjo, da mais alta hierarquia, mas tudo mudou quando ela quis interferir na liberdade de escolha dos homens. Condenada a uma eternidade num corpo inerte, em Perdição, Serafine s...