Capítulo XI

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Acordei com um grito agudo preso na garganta e confusa na escuridão do meu quarto.

Tentei me levantar, mas a tontura me obrigou a me satisfazer apenas em ficar sentada na cama. Aos poucos as memórias iam voltando.

Depois de toda a aclamação, o olhar bravo de papai havia intimidado todos os espectadores de seu show particular.

Voltando-se pra mim, ele sussurrou em meu ouvido.

— Você é oficialmente princesa do inferno.

Ele falava sorridente, mas eu não tinha tanta felicidade assim.

Sorri e tentei me distanciar de Cerberus, mas assim que o fiz, minhas pernas bambearam de novo.

Eu teria caído no chão se a metamorfose de Cerberus não tivesse sido rápida o suficiente para que ele me segurasse com seus braços.

— Você não tá nada bem!

Mesmo distante de meu melhor estado, eu podia sentir a aflição dele.

— Você não tem mais cara de cachorro. — Foi tudo oque eu consegui balbuciar.

Ele me ergueu em seu colo enquanto ria.

— Agradeço a você por isso.

Cerberus começou a fazer o caminho para me levar de volta ao trono, mas parou quando encarou algo a sua frente.

— Leve-a para o quarto dela. Faça-a descansar. — Ordenou mamãe numa voz terna.

— Creio que ainda existem questões para debate. — Ouvi a voz de Asbanch dizer.

— Não que exijam a presença dela. — Rebateu ela.

— Ela é nossa princesa, não é?

Asbanch dizia, mas de certo ele não sentia a ameaça ou subestimava mamãe.

Mesmo com a consciência oscilante, pude ver mamãe afastar-se de seu trono e passar por nós. sua voz começou baixa, mas foi elevando-se até quase parecer-se com um grito.

— E eu, Asbanch, sou sua rainha.

— Minha senhora... — Ele tentou interpelar.

— E quando eu digo, minha palavra é lei.

— Creio que oque Asbanch quer dizer milady é que agora, ela como princesa, o que a senhora quer não tem muito valor sobre os acordos que exigem a presença de todo o conselho durante a assembleia... — reconheci a voz de Lestat, mas logo ela foi interrompida.

Mamãe estreitou os olhos. Como ele ousava?

— Não aconselho a nenhum de vocês, — ela se direcionava aos seis conselheiros. — a testar minha benevolência.

— Não é um teste. — Asseverou Lestat.

— Não, não é. — Assobiou ela. Sorrindo sozinha, com uma piada que somente ela entendia. — Por que num teste, você teria alguma chance de se sair bem ou ter boas avaliações. Mas não, esse não é o caso. Se minha benevolência for testada...

— Será um massacre. — Completou papai.

Ambos estavam lado a lado e amedrontadoramente protetores.

— Ouçam todos aqui — a voz de mamãe agora parecia se modular de aguda para algo gutural e estático — Meus filhos são seus senhores. Desafia-los é desafiar a mim. E diferente de Lúcifer, eu não sigo os acordos.

— Isto é uma ameaça? — Lestat perguntou.

Frio. Toda a temperatura do ambiente pareceu ser sugada.

As Crônicas do Caos - Perdição (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora