Uma linda mulher

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Os olhos de Gulf estavam cheios de lágrimas, Mew prende o riso. Assistiam a célebre cena de Richard Gere levando flores para Julia Roberts em Uma Linda Mulher. O mais velho não entendia a comoção por detrás do filme e muito menos conseguia medir o que Gulf sentia, sendo que era a décima vez que eles reviam. Sabia ser um dos filmes favoritos de Gulf, o que torna tudo mais excêntrico, já que na lista do rapaz a maioria eram de ação.  

- Na vida real essa relação com toda certeza não seria assim. - Mew murmura quando os créditos começam a subir. 

- Por que diz isso? - Gulf se vira para ele, as lágrimas intactas em seus olhos, quase que com medo de se aventurarem pelo rosto do garoto. 

- Porque na sociedade em que vivemos quais as chances de um homem de elite assumir tal relacionamento em público com uma ex prostituta? Não estou dizendo que é impossível, mas os fatos são que há poucas chances. Além de imaginar como a mente desse homem funciona, considerando como somos criados numa cultura machista.  - Mew passa suas mãos no cabelo, lembrando de sua irmã.  - Eu pareço a Naila agora, ela ficaria orgulhosa de minha análise. 

Se virando para Gulf com um ar risonho se depara com a face séria do outro. 

- Ele pode ama-la e aprender a respeita-la. - Murmura o encarando com o semblante triste.

- Claro que pode, mas as chances são mínimas. A depender, ele pode sempre jogar na cara dela que antes dele, ela era apenas uma prostituta. Querer diminui-la, há tantos poréns nisso e você sabe. Eu sei que é seu filme favorito só estamos pondo em uma base fora da cinematografia romântica. - Mew bebe mais um pouco de suco, esperando que Gulf se recupere.

Os olhos cheios de lágrimas de Gulf não eram sobre o filme. 

- Ei, eu não gosto de você chorando. Fique assim do meu lado com um sorriso. - Com o polegar e o indicador Mew força as beiradas do lábio de Gulf para cima.  - Desse jeito, deixe assim. 

Vendo como o garoto forçava contra a vontade um sorriso frio, decide mudar de estratégia.  Aproximando seu rosto do dele, enfia os dedos por dentro da massa do cabelo escuro, acariciando o couro. Deixa-se perto o suficiente para que seus olhos consigam enxerga-lo com afinco. 

- Isso significa que você acha que são mínimas as chances dele aceitar esse lado da vida dela? - Mew não responde, pelo menos não da maneira objetiva que Gulf esperava. 

- Não. Ele pode ama-la e aceitar seu passado. Talvez, ele a ame a tal ponto que imaginar o futuro sem ela lhe pareça um mundo sem cor.  Monocromático e frio. Ele não tem outra opção a não ser estar com ela. 

- E você me disse que era ruim em metáforas. - Perpassa um tímido sorriso no rosto de Gulf. 

- Eu aprendi com o artista de minha vida. - Mew sussurra próximo ao ouvido de Gulf.

- Isso foi realmente péssimo. Mas vou dar um desconto porque você é um ótimo aluno. - Mew abre um sorriso para o seu amado, vendo os fios de sua nuca se levantarem. 

- Você pode aceitar tudo em uma pessoa? Mesmo se ela tiver um passado assustador? - Mew murmura sua resposta sem frases completas, espalhando selares no pescoço de Gulf. - Eu estou falando com você! 

- Se não for um assassinato ou qualquer outro crime que desrespeite os direitos humanos, não vejo porque não aceitar, ainda mais se houver amor. - Forçando o corpo de Gulf contra o sofá, Mew se põe por cima. 

Gulf desvia do beijo dele, o que o faz soltar um gemido de inconformidade.

- O seu amor é fiel a tudo? - O tom temível fez com que Mew deixasse de se ocupar a morder a pele do pescoço de Gulf para olha-lo. 

Quando tudo der errado, segure o meu coração (Reeditando)Onde histórias criam vida. Descubra agora