Desculpas

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- Você está me escutando? - Diana, prima de Mew, o arranca forçosamente de sua própria cabeça. - Você está estranho desde ontem, o que aconteceu? Nem zoou o namorado de Naila comigo. Aquele cara é esnobe dos pés a cabeça como ela está com ele? 

Mew foca em sua prima, talvez fosse a sua face compenetrada ou o humor indecoroso que a alertou que ele não estava como o usual. 

- O que aconteceu? - Seu tom muda, visto a preocupação. 

- Eu vi Gulf ontem. 

- Por que você está assim? Ele cuspiu em você? Espero que sim. - Mew a olha surpreso, não esperava tal resposta da sua prima. - É isso mesmo. Veja, você largou o homem depois dele sofrer o cão que o diabo amassou. Eu te odiaria para sempre. 

Mew, atônito, só conseguia olhar para ela. 

- O que ele fez? Sorriu? Te abraçou e disse que tudo estava bem? Meu ex noivo não foi tão baixo quanto você. 

- Você sabe da história por que está tão reativa? Não é sobre ter lado! E o seu ex noivo te traiu com outra mulher! 

- É sobre perspectivas, Mew! E eu tenho a minha, não disse nada na época porque você estava com aquele olhar de gente morta. E agora, o que? Se terminou com ele, segue sua vida! Vamos. Pare de agir como sofrido! 

Diana era a pessoa que mais o ajudou quando Gulf esteve em coma, mas a mulher podia ir da inércia à velocidade da luz. De fato, quando ele se mudou para a cidade dela, absteu-se de qualquer comentário acerca da vida dele. Diana não era de se meter nos problemas alheios, ao menos que fosse para ajudar. E pela primeira vez a via confronta-lo. 

- Eu não estou sofrido! Mas é sim estranho vê-lo após dois anos! Eu ainda me importo com ele. 

Diana encara os olhos escuros do mais velho, catalisando sua atenção. 

- Se se importa com ele, deixe-o viver a vida. Amanhã voltamos, apenas segue em frente. 

Diana repara que Mew mais uma vez divagou. 

- Olha, você sabe que não sou boa em conselhos, eu sou mais a amiga que leva para beber. Mas se a minha palavra serve de alguma coisa e faz algum sentido dizer isso, nada vai mudar ou tudo pode mudar. 

- Você sabe ser poética. - Mew murmura irônico. 

- E você sabe quebrar o coração de meninos com desordem de personalidade. 

Mew sorri, apenas para extirpar as pontadas de culpa que a fala de sua prima o causou. 

- Você falou com ele? - A curiosidade ressalta nos olhos dela. Mew deveria saber, ela amava uma fofoca completa. 

- Sim. Foi estranho. Ele está muito diferente. 

- Isso o que o tempo faz com a gente. Nos força a mudar, seja para o melhor ou para o pior. A questão é: ele mudou para melhor longe de você? 

Diana lembra de todo o enredo. Ela não falava, mas mantinha cada detalhe guardado. Sentia que estava assistindo uma trama de seis anos e infinitos episódios. E, reparando que Mew ficou extremamente abalado por rever aquele que ele mesmo decidiu deixar para trás, mesmo que ela soubesse dos motivos dele, sensibiliza-se que provavelmente essa história não chegou ao fim. 

- Com certeza ele o fez. Isso é bom. - Um genuíno sorriso se formou no meio de tanta melancolia. 

Diana cancela o voo de Mew sem avisa-lo. Ela sabia que voltaria para casa sozinha de qualquer forma.  

°°°

Mew sentia-se ansioso. 

Ver Gulf ontem mexeu com ele mais do que imaginava; não pensou que poderia encontra-lo tão facilmente. Estava nos seus planos vê-lo, porém, o faria de modo que Gulf não soubesse. Os últimos dois anos foi exatamente como Mew pensou que seria. Viveu como se algo continuamente o perturbasse. Uma sensação de que ele perdeu a pessoa mais importante. O fato é: ele não perdeu, mas sim renunciou. 

Quando tudo der errado, segure o meu coração (Reeditando)Where stories live. Discover now