Isso é tudo o que eu peço

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- Você vai ficar aqui por quanto tempo? 

O sol já se punha, apresentando a noite. Os dois encaravam o horizonte. Sentiam-se particularmente mais calmos um com o outro. Como se as resoluções acabassem de serem concretizadas. Gulf sentia que o fim chegava com mais ardor, contudo evita pensar sobre o que sentia naquele momento. 

- Eu iria embora hoje, mas Diana cancelou o meu voo. De qualquer forma, estou de férias. 

- Está indo bem no trabalho? 

-Sim. Mas já queria me aposentar.

Gulf sorri.

- Você não tem idade para isso.

-Isso é o que dizem. - Mew vira a sua cabeça e m direção a Gulf, sem reservas o mais novo imita a sua ação. 

Os detalhes do rosto de Mew ainda eram os mesmos, Gulf repara nas sobrancelhas grossas, lábios rosados, acho bonito como as marcas de expressão não criaram mais do que duas ou três finas linhas ao redor dos olhos grandes e ainda atenciosos. Ele parecia jovem demais. O lembrava do Mew de dois anos atrás, mas agora carregava uma saudade de algo que não existia. 

- Você gosta de onde mora? 

- Não muito. Lá as coisas são muito caras.

Gulf acena, mesmo enrolando acerca de amenidades, sua mente continua a rodear o mesmo tópico.

-Depois de hoje, não nos veremos mais, certo?

Mew o analisa por indecifráveis segundos.

-Não sei. Eu cheguei a pensar que nunca mais te viria, mas aqui estamos nós. 

-Posso te pedir uma coisa? 

-Pode. - As réplicas de Mew estavam demasiado ligeiras, como se a ideia de demorar para responder tornasse tudo menos real ou alcançável. 

Porém, não havia mais nada a dizer.

Tudo o que foi dito ou redito já estava amostra. Gulf não via porque explicar a si mesmo de novo e ser redundante. Por que eles não fingiam? Por que não podiam encarar aquele momento como se não fosse nada demais. Por que Gulf apenas não fingia que não tinha medo do amanhã vir e acordar achando que tudo o que aconteceu hoje não passou de um sonho detalhado?

-Da última vez que eu te vi você teve a chance de se despedir de mim, só que eu não tive a mesma. Eu sei que não somos os mesmos e amanhã cada um irá voltar para as suas vidas. Então, você poderia me deixar ter essa última noite com você? 

Mew acena. Não havia relutância. Gulf se recusa a pensar sobre isso. 

-O que você quer? Eu faço. 

-Vem cá. - Gulf sussurra, tentava a todo custo controlar a sua respiração e nervosismo.

Mesmo após dois anos ... 

Mew fecha a distancia entre eles. Nenhum dos dois se tocam, apenas congelam em seus lugares, sentindo o arfar dos peitos próximos. 

-Me dê uma lembrança que eu possa usar. 

-Por que? - O tom de Mew sai seco. 

Gulf se atem, não iria toca-lo ainda.

-Porque é importante como isso acaba. Por que e se eu nunca mais amar de novo? - Sua voz saiu quebrada demais para o seu próprio bem, mas Gulf já não sentia que tinha controle sobre as emoções que flutuavam sob a sua pele. 

Mew rompe o silêncio do tato e segura a face de Gulf. O toque o fez arrepiar e desmantelou toda a resistência que vinha forçando contra Mew. 

°°°

Gulf senta-se no colo de Mew. Toca-lhe onde suas mãos conseguiam alcançar. Trabalha em prol de poder lembrar desse momento. Lembrar dele. Não podia dizer quantas vezes imaginou que poderia ter Mew de volta, nem que fosse por uma noite. Nunca achou possível, mas ali estavam eles. 

Não sabia se acreditaria em Mew ou se o mais velho ainda teria algum tipo de sentimentos por ele, porém, sempre foi certeza que se houvesse uma oportunidade, Gulf mudaria suas últimas lembranças com ele. 

Beija-o reconhecendo a boca alheia, suga a sua língua e deixa-se comandar toda a ação. Jogando o corpo masculino contra cama, passeia os seus dedos contra a pele do peitoral largo e branco, Gulf o aperta e o machuca a cada oportunidade que tem. Queria que Mew lembrasse de quem fez as marcas nele no dia seguinte. 

Havia tanto amor reprimido que sentia-se com raiva por não poder nega-lo, faze-lo sofrer nem que seja um pouco do que ele o fez. Mas no fundo, não era o que ele queria. Essa vingança vazia não sanaria as suas saudades. 

Solta um gemido não contido quando Mew segura o seu cabelo com força entre os dedos longos. Mew volta a dominar a sua boca. Gulf não percebe que sentia falta disso. De que alguém o dominasse sem licenças. Ou talvez o seu corpo sempre foi condicionado apenas para uma pessoa. 

- Se essa é a nossa última vez, eu vou fazer o quero com você. - Mew murmura mudando de posição e voltando para chupar o mamilo ouriçado de Gulf. 

-Não é bem assim. Seria no caso a minha vez. Você já teve a sua! - Responde em meio a voz embargada pelo prazer de ter a boca de Mew em seu corpo. 

-Isso foi a dois anos atrás. 

Gulf se arrepia quando Mew desce as mãos pela lateral de seu corpo.

-Porque você foi um imbecil e quis que eu fodesse com mais pessoas. - Gulf ri quando Mew o força a abrir as perna. 

-Podemos não falar disso? - Os olhos atenciosos demostram uma parcela de aversão a fala de Gulf. 

-O que? Incomoda saber que outras pessoas chuparam o meu pau? 

Mew fecha o semblante. Gulf sentia-se imensamente feliz e não recusa tal sentimento. Levaria isso com ele. De qualquer modo, sua mente desvai quando Mew começa o chupar e o provocar descaradamente. 

Independente de como o amanhã se formará, esse momento era o mais feliz de Gulf em dois anos. 


Quando tudo der errado, segure o meu coração (Reeditando)Where stories live. Discover now