Sentia-me nervoso. Logo Mew chegaria para o jantar. Tanan parecia contente, sorrindo e contando sobre como Mew deveria amar o vinho que ele ganhou de algum homem rico que era um sommelier; meu pai se mostrou um amante de vinhos e qualquer oportunidade que ele tenha de contar acerca da sua experiência na Itália, ele vai faze-lo.
Assim que a campainha toca me mantenho preso no chão da sala, deixo que Tanan abra a porta, receba um Mew muito bem vestido, tanto a calça quanto a blusa eram pretos. Ele aparentava muito bem com aquela cor. Engulo em seco.
- Entre Mew! Não precisava trazer nada, obrigada! - Tanan pega a caixa de vinho e abre um amplo sorrio para mim. - Veja Gulf, seu namorado entende de vinho!
Quase sorrio, mas estava atento demais à nova visita.
- Ele não te falou que sou um aspirante a sommelier? - Tanan questiona a Mew.
- Não, na verdade ele não vem falado muito nos últimos dias. Mas eu imaginei que seria algo plausível, que bom que acertei.
- Mew, você é oficialmente meu genro favorito. - Diz Tanan, dando um leve aperto nos ombros de Mew. - Fica a vontade, vou guardar esse vinho para mim e vou te dar outro, você vai amar. Já volto!
Mew acena, seus olhos acompanham quando meu pai nos deixa a sós na sala. Assim, sua atenção volta-se para mim. Num gesto simples, ele levanta a mão. Respondo do mesmo modo.
- Bom te ver. - Diz. Ele não parecia tímido, mas enfia suas mãos nos bolsos da calça, deixando sua forma corpórea mais definida.
- Digo o mesmo. - Murmuro.
Não desvio os meus olhos dos seus. Não o via pessoalmente desde o último dia do hospital, Mew me visitou em todos os dias possíveis. Pensei que se não o visse sempre, talvez diminuiria seja o que for que sentia. No entanto, diante dele agora, ciente da distancia que havia entre nós, podia sentir-me lutando com um imã que me empurra em sua direção. E nesse movimento, minha pele se arrepia ao imagina-lo me tocando.
- Você está bonito. - Sorri gentilmente para mim e meu coração dá um salto.
- Obrigada. Você está...apresentável. - Respondo, mordendo a minha língua.
- Quanto mais você luta contra isso, pior fica Gulf. - Mew abre um sorriso para mim, sem desculpas. E antes que eu possa rebatê-lo Tanan retorna já contando algum de seus casos fora do país, o que leva Mew a focar toda a sua atenção para o meu pai.
°°°
O jantar foi levado pela conversa entre Tanan e Mew, os dois se deram muito bem. Peguei-me admirando como os dois dialogavam, Mew sabia coisas demais para a sua pouca idade, ao ponto que Tanan o elogiou mais vezes do que eu poderia contar. Senti-me orgulhoso e contente vendo a interação dos dois e, por um momento, quis que Jin e Gloria pudessem estar ali. Contudo, considerando a realidade dos fatos, minha mãe nunca se sentaria na mesma mesa que Mew e se o fizesse amargaria a comida de todos com os seus comentários.
Após a janta, que meu pai fez questão de dizer que iria depositar mais dinheiro para a cozinheira, já que a comida superou suas expectativas e somou-se ao gosto do vinho, fomos para a sala. Tentei ser mais ativo nas conversas, deu certo. Tanan parecia estar tendo um ótimo momento, o que me fez rir. Ele era o completo oposto de minha mãe. Como a relação deu certo por longos anos era uma incógnita, visto que Tanan parecia despreocupado demais para Gloria.
Tempos depois, Tanan olha o seu relógio. Seus olhos logo repousam em mim.
- Eu tenho um encontro. - Diz calmamente. - Cuide de tudo Gulf. Seu pai ainda está bonito e precisa de carinho.
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Quando tudo der errado, segure o meu coração (Reeditando)
RomanceGabriel acorda após um ano em coma. Sem memórias e aprendendo a lidar com uma realidade desconhecida, torna-se um desafio saber quem foi antes do acidente. Aos poucos vai descobrindo que nada parecia estar certo em sua vida antiga. De tal forma que...