Quando tudo der errado, segure o meu coração (Reeditando)

Céu e terra

Mew toca suavemente a pele olivada. Como se qualquer movimento brusco desconfiguraria a imagem. O contraste dos dedos brancos sobre a pele mais escura, o carinho vagaroso e clamoroso. Em contraponto, Gulf o puxa desejoso, toca o seu namorado como se aquele momento fosse o último. Toca-o com sede. Necessitado de esquecer-se nele.  

Os lábios se entrosam como a muito tempo não o tinham. Mew deixa-se levar pela rispidez de Gulf, forçando o corpo do mais novo contra o tecido macio da cama. Permite-se sentir a cura da saudade que sentia do mais novo. Mas algo sentia-se novo, inusitado quando retira as peças de roupas entre eles, quando os olhos de Gulf soavam menos apelativos e mais exigentes. 

Mew decide doar-se. Nem que fosse por uma última vez. Seria o que Gulf precisava. Sanaria o ausência que o recobria, o faria sentir-se completo por alguns momentos. Seria seu para sempre instantâneo.  E o mesmo Gulf faria por ele. Por isso, beija-o com amor. Toca-o com vigor. Rememora cada ponto do corpo do rapaz, da cintura mais fina, das coxas definidas, do peito que servia de tela para as pequenas pintas distribuídas na pele bonita e macia. Dá-lhe prazer o tocando no lugar onde Mew sabia que Gulf ainda não tinha permitido ninguém fazer o mesmo. 

Permite-se sentir-se ser dominado pela sensação egoísta de controle ao saber que foi o último de Gulf antes de sua memória se esvanecer e será o seu primeiro na sua consciência recuperada. O mesmo servia para Mew. 

Gulf era dele, sempre seria. 

Guarda todos os pensamentos, deixa-se chupa-lo e senti-lo sem interferências. Os gemidos de Gulf soando no quarto que por muito tempo foi silencioso sem ser o testemunho do amor dos dois. Gulf o puxa contra si, tomando por livre vontade o corpo de Mew. O sorriso do mais novo inundou o coração de Mew de amor e carinho. Ele era o seu para sempre. E era isso o que importava naquele momento. 

Os dois harmonicamente movimentam os seus corpos, amando-se pela primeira vez. Gulf se mostrava receptivo, sem traços tímidos, fluía junto a Mew, pedindo por mais. Mostrando-se completamente vulnerável e exposto. Sendo dele. Mew distribui beijos lentamente no rosto de Gulf, toca a face pequena como se decorando cada traço, cada expressão. 

Gulf o olha incerto, Mew volta a beija-lo, o distraindo de si consigo. Escondendo o rosto no pescoço do mais novo, camufla a singela lágrima que cai no canto de seu olho esquerdo. 

Os dois sentiam um misto de amor, prazer e dor. Em níveis diferentes, um físico o outro sentimental. Os dedos de Gulf aprofundam-se na pele clara, manchando-as, o mais novo repuxa o cabelo de Mew quando o regozijo se torna latente e constante. 

Gulf é levado ao céu e Mew à terra.