24 - O próprio golpe

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- Você quer mencionar alguma coisa? - a psicóloga me perguntou, sim, eu voltei para outra consulta.

- Semana que vem... será... não, seria o aniversário da minha mãe... - falei e ela me olhava com compreensão, sem julgamentos - Vai ser o primeiro aniversário sem ela... todos os anos naquele dia eu programava o melhor dia para ela, eu queria vê-la sorrir por pelo menos no dia do seu aniversário, já que nossa vida de um bom tempo não foi regada de felicidades constantes...

- E então? - ela me incentivou a continuar depois que eu fiz uma longa pausa.

- Eu conseguia, ela ficava feliz, eu me achava uma super heroína por conseguir amenizar seu sofrimento no seu aniversário... - sorri me lembrando do sorriso caloroso da minha mãe - Mas depois de um tempo, eu enxerguei que a super heroína nunca fui eu e sempre foi ela... no seu aniversário de 33 anos, eu programei um dia com várias atividades como todos os outros anos... naquele tempo ela já lutava contra o câncer...

Respirei fundo antes de continuar, eu nunca tinha dito isso para ninguém, o quanto aquela memória podia ser dolorida para mim.

- Eu estava super empolgada, ela havia acabado de receber alta depois de uma semana internada, toda vez que ela recebia alta... eu em minha total inocência achava que ela se curaria...
Enfim no seu aniversário de 33 anos, ela fez todas as atividades comigo, pintou as unhas, fez skin care, assistimos os filmes de Harry Potter e eu completamente feliz por ver seu sorriso... até que ela foi ao banheiro, demorou um pouco e eu fui atrás... quando cheguei na porta escutei ela gemendo de dor... e dizendo "Eu preciso sorrir por ela" - eu limpei as lágrimas que caiam - Minha mãe estava morrendo de dor aquele dia, mas sorria por mim, ela não estava verdadeiramente feliz...

Abaixei minha cabeça, eu soluçava sem intenção.

- Eu acho que nunca consegui deixar minha mãe feliz... sinto que eu fui uma filha horrível, que não conseguiu enxergar a dor da própria mãe... - limpei minhas lágrimas na camisa.

- Se sua mãe se esforçava para sorrir por você, acho que você é capaz de saber a resposta se você fez sua mãe feliz... provavelmente você era a maior felicidade dela! - a psicóloga falou e eu sorri em meio as lágrimas - Não vejo duvidas de que sua mãe era feliz por tê-la, devia se orgulhar de si, é uma menina incrível e será uma mulher que dará orgulho para sua mãe.

- Obrigada! - respirei fundo me recuperando - Eu vou ir agora! - me levantei.

- As portas do meu consultório estarão sempre abertas para você, volte quando quiser! - agradeci mais uma vez e saí.

Fui ao banheiro, lavei meu rosto e encarei meu reflexo no espelho.

- Eu sou durona mãe... - falei para mim mesma e coloquei meu melhor sorriso saindo do banheiro.

Cheguei na minha sala, as pessoas estavam mais sorridentes do que o comum, bando de noiado.

- Oi galerinha!!! - falei para meus amigos.

- Oi! Demorou, onde estava? - Koji me perguntou.

- Psicólogo! - falei.

- Foi tudo bem? - Oikawa perguntou.

- Ainda não te vi de joelhos, não direcione a palavra para mim! - falei e ele resmungou.

- Foi tudo bem? - a Rin fez a mesma pergunta.

- Foi tudo ótimo, gata! - falei para ela.

- Terminaram o trabalho de matemática de vocês? - Koji perguntou para mim e para a Rin.

- Não, você terminou? - perguntei e ele assentiu - Passa a resposta para a gente!!! - pedi.

- Como assim não terminaram? A Rin não foi na sua casa para fazer isso? - Koji perguntou revoltado.

Segundos (Oikawa x Reader)Where stories live. Discover now