57 - Os velhos tempos...

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É hora de encarar o meu passado, estava no inicio da antiga rua que eu morava, estar a frente desse tanto de lembranças depois de um tempo me deixava apreensiva.

- Quer que eu tape seus olhos até a casa da velha? - Pedro me perguntou.

- Não! - comecei andar para mais dentro da rua com o garoto me seguindo, com o céu escuro as únicas iluminações vinham dos postes de luzes incandescentes, já disse que eu acho essa luz amarela feia? Prefiro as fluorescente!  

- Não mudou nada, né? - ele se referiu a rua, concordei com sua fala - Mas você mudou, como está seu comportamento no Japão? - ele parecia querer amenizar a situação que eu estava passando agora.

- Sou um exemplo de aluna, filha e pessoa! - falei e ele riu - Não entendi o motivo da risada, você que era minha má influência! 

- Acho que você é o exemplo a não ser seguido! Eu sim, virei um exemplo de menino, estou trabalhando, vou para a escola quase 3 vezes na semana... - eu ri, a gente era horrível de ir para a escola mesmo - Nunca mais fui expulso!

- Ok, conseguiu me surpreender! - falei - Eu nunca mais fui expul... - me interrompi ao notar que estava em frente a antiga casa que eu morava com minha mãe.

A parede externa ainda estava cinza, a cor que escolhemos e pintamos, eu e minha mãe, o jardim da frente estava descuidado as gramas antes verdes estavam amarronzadas e sem vida, minha mãe surtaria se o visse assim, ela cuidava do lugar tão bem, eu podia visualizar sua imagem facilmente com o velho regador azul, regando cada parte do jardim, enquanto brigava comigo todas as vezes que eu pisava na grama, podia vê-la até da janela que agora parecia empoeirada e esquecida pelo tempo, podia ver seu rosto cansado olhando através da janela, esperando ansiosamente eu voltar da escola.

- Ei... - Pedro me abraçou pelos ombros - Quer entrar? - não sabia o que falar - Provavelmente será invasão de propriedade, mas coisas assim nunca nos pararam...

- Ninguém mora ai? - perguntei sem tirar os olhos do lugar.

- Nunca mais foi alugada. - ele explicou.

- Aquele velho asqueroso não perdoava um aluguel, a casa não ter sido nunca mais alugada deve ter sido carma! - falei, eu guardava muito rancor daquele velho ridículo.

- Ele morreu! - Pedro falou e eu o encarei - A filha dele que toma conta agora...

- Que bom... - falei e o Pedro me deu um olhar de repreensão - Eu não vou ter dó dele não, ele ameaçou despejar a gente com minha mãe doente, o dinheiro que meu pai me mandava ia todo para ele, eu vendi muita bala na rua para conseguir comer direito... 

- Desculpa não estar aqui nesse tempo... - ele falou triste.

- Não tem culpa disso! - respirei fundo - Quero entrar... preciso me despedir e você está aqui agora! - ele segurou minha mão em sinal de apoio - Se nada mudou a janela dos fundos sempre foi fácil de abrir... - falei já andando para o lugar e como previsto depois de umas batidas nos lugares certos, consegui abrir a janela, dei um impulso e adentrei a casa.

- Quanto poeira... - Pedro falou espirrando em seguida.

Meus olhos nostálgicos conseguiram eliminar todos os vestígios de poeira por alguns segundos, nada mudou e ao mesmo tempo nada é igual, nem nunca vai voltar a ser.

A parede branca ao lado das escadas ainda tinha os rabiscos que mostravam o quanto eu havia crescido em cada aniversário.

- Pode me esperar aqui? - não esperei sua resposta e em passos rápidos eu subi as escadas.

Cheguei com velocidade até a porta do quarto que costumava ser da minha mãe, não entendi minha motivação ao subir até aqui tão rápido, não, na verdade eu entendia, minha expectativa é que se eu abrisse essa porta ela estaria lá deitada na sua cama enquanto ria dos seus filmes de comédia, seu gênero favorito de filme.

Segundos (Oikawa x Reader)Where stories live. Discover now