Kou tá mudando de opinião?

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........Minamoto Kou-on..........

Sentado no sofá assistindo qualquer coisa desinteressante passando na TV, o homem dos meus pesadelos chega, na minha casa, falando que é meu novo irmão. Palavrões que não existiam passaram pela minha mente. Além de uma imensa vontade de afundar a cara na terra permaneceu.

Sempre, sempre, quase sempre, fui comunicativo, gentil e educado com qualquer pessoa. Com o Mitsuba não colava isso, ele é diferente das outras pessoas, me tira do sério mais do que qualquer um.

– "Irmão" é uma palavra muito forte – comentou Teru-nii, soltando uma das bolsas. - Tenho a sua guarda, mas não sou seu pai, Mitsuba Sousuke.

Mitsuba deu de ombros, observando os detalhes da casa.

–Não me falou que eu moraria numa mansão.

– Aqui nem grande é - levantou, a minha irmã mais nova. Segurando seu bichinho de pelúcia com um grande sorriso. - Nii-san quem é essa?

– Esse é Mitsuba Sousuke e vai morar com a gente até virar um adulto. Se não morrer antes no processo de crescimento.

O invasor indesejado arregalou os olhos e começou a gritar bem alto:

– Cê tá doido?! Eu não vou morrer não, só por cima do meu cadáver!

– Ele não pode morar aqui – retruquei, apontando para Mitsuba. - É uma pessoa insuportável.

– Não fale assim com o nosso novo escravo – Tiara repreendeu. Ela entrelaçou as mãos dela com a do Mitsu. - Vamos escravo, vou te mostrar nossa residência.

Parecia estar tão incrédulo, ele, que acabei sorrindo sem perceber. Quando os dois começaram a subir as escadas encarei meu irmão com raiva. Teru-nii não tinha culpa, mas era o único que podia descontar minha raiva, pelo menos agora. Sei que não é justo, mas a vida nunca é justa comigo, também. Por que não pode ser com ele, os problemas de adolescente, pelo menos uma vez? Isso foi um pouco egoísta da minha parte.

Levantei do sofá tentando passar um ar de "mais velho fodão", mas acabou dando um ar de "eu preciso ir ao banheiro, logo". Então desisti da pose especial que uma vez tentei.

– Nii-san....

– Kou....?

– O que foi isso que acabou de acontecer? Ele morar aqui? Logo esse traste?

– Não sabia que tinha algo contra ele – deu uma risada leve. Mas logo parou quando percebeu que eu ainda encarava seus olhos com muita vontade de quebrar a cara de alguém.

– É, tenho algo contra ele. Então poderia mandá-lo pelo correio?

– Se eu pudesse, Kou. Mas o Aoi vai me matar se eu fizer isso – suspirou. - O que houve para vocês se "amarem" tanto?

Somos irmãos então um instinto me falava para contar pra ele sobre meu amigo ter se levantado muito rápido, enquanto eu pensava no Mitsuba, não só uma vez, duas vezes. Outra parte de mim pensou: ele vai usar isso de conteúdo pra te fazer passar vergonha em momentos mais constrangedores ainda. Como um jantar de família. Desse jeito não contei nada, pelo bem da minha própria dignidade.

– Como vai o Aoi-senpai? - mudei de assunto.

– Ele hoje... – deu uma pausa e percebeu o que eu estava fazendo. – Não caio mais nessa Kou – mostrou um biquinho. Desligando a tevê e fez cafune na minha cabeça. - Se quiser me desviar do assunto vai ter que fazer melhor. Ah e eu vou dormir na sala hoje.

– Por que?

–O quarto do pai tá cheio de troço, você não limpa lá a quanto tempo? Bom, o Mitsuba dorme no meu quarto. Não quero perder a guarda dele caso uma assistente social decida passar, por deixa-lo nos maus tratos.

– Ei, qual motivo esse garoto é tão importante?

Teru-nii, mais uma vez, acariciou meus cabelos.

–Coisa de adultos.

– Aoi-sepai não é um adulto e sabe de tudo – resmunguei tentando me separar dele. Como ele é mais forte sem sucesso. – Sabe que fico mal quando me excluem dessa amizade estranha. E nem pense em dormir no sofá, eu divido o quarto com aquele mongoloide.

– Gentil como sempre, já vou tomar banho, ok? – se despediu e assenti.

Me dirigi ao meu quarto e peguei o futon que estava debaixo da cama. Não e 'tava cheio de poeira graças aos meus amigos Yokoo e Satou insistindo me visitar todo final de semana. Como esses dois cabiam num futon de solteiro? Não sei.

Arrumei tudo certinho pronto para meu visitante se sentir bem acolhido. Tratei de esconder algumas revistas. Que dariam uma baita de uma mal impressão para cima de mim (não me julguem). Com o quarto pronto desci para requentar a janta do meu nii-san.

Lavei os pratos que sobraram do jantar do Teru-nii e fui levar sanduíche pro meu novo colega de quarto. Mesmo já começando com o pé esquerdo, queria tentar manter a paz na casa.

Abri a porta e me deparei com Mitsuba apenas de toalha em cima da minha cama com a revista, que era a última coisa que ele deveria estar lendo na vida. Gotas de água desciam pelas suas costas, seu cabelo estava molhado e solto. O mesmo prendia um sorriso como se tivesse achado o tesouro escondido. Seus pés se movimentavam animados martelando o ar como se estivessem dançando uma canção de ciranda. Seus olhos demostravam sadicamente estar se divertindo, não com o que estava na revista e sim o que acabará de descobrir.

– O-oque está fazendo? – segurei o prato e o copo, com mais força, para que não caíssem no chão.

– Tinha quase certeza de que você não era um pervertido. Mesmo depois daquela cena da banana madura – soltou a revista e com um salto ficou do meu lado, me encarava, parecendo que tinha roubado doce de criança. Não ligava que estivesse quase nu na minha frente, na ele poderia estar pensando inconscientemente "somos garotos não têm problema de ficar assim na frente dele". Porém, meu cérebro se mostrava estar tentando me socorrer de um pani no meu sistema de vê-lo quase nu. Isso me incômoda muito, por que deveria ser normal, afinal somos garotos. - Quase certeza, aí resolvi investigar.

– Não poderia investigar vestido?

– Por que? Gostou do que está vendo?

– Esse é um dos motivos de eu não gostar de você.

– Você fala como se eu devesse me importar com o que você acha de mim – ele se aproximou mais ainda. Mordendo o lábio.

Dei um passo me aproximando mais dele.

– Por qual motivo você mordeu o lábio?

– Não posso mais morder minha boca? – riu - você é estranho, Kou.

– Tenho comida aqui – deixei em cima da cama e fui correndo para o banheiro.

Ele me chamou de "Kou", não foi? Talvez não seja tão ruim morar com ele.   

Gaya: Um jogo sem limites - MITSUKOUWhere stories live. Discover now