Capítulo 7

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Nós continuamos andando pela cidade quase inteiramente desconhecida para mim, e ele me mostra coisas que eu nunca vi

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Nós continuamos andando pela cidade quase inteiramente desconhecida para mim, e ele me mostra coisas que eu nunca vi. Vicente tem uma forma de olhar para as coisas que difere do sentido convencional. E ele sorri. Ele sorri muito, e quando faz isso parece agarrar a própria felicidade em seus braços. Vicente é apaixonado pela felicidade, finalmente entendo. Ela é a sua música.

Quando olho novamente pra ele, essa percepção muda um pouco as coisas. Perco o controle da língua, porque as palavras escapam dela sem minha autorização.

— Você ama isso, não é? Ser feliz.

Ele para e me observa, achando graça.

— E alguém não ama?

Franzo a testa, e ele passa o polegar pelo vinco que se forma ali, como se fosse um movimento habitual.

— Você não ama. — ele conclui.

Dou um tapa leve e desajeitado em sua mão para afastá-la dali. Ele nem mesmo tem a decência de fingir dor.

— Não é assim, do jeito que você está colocando as coisas. Eu amo me sentir feliz, de verdade. Eu só... não me esforço pra agarrá-la, do jeito que você faz.

— E por que? — Ele pergunta e não consigo pensar em uma resposta que vá convencê-lo.

— A felicidade pra mim é como ondas. Eu a recebo e a abraço toda vez que ela quebra contra a praia, mas ela sempre volta, inevitavelmente. Quando ela regressa, eu a deixo ir. É só isso.

— Há uma diferença muito grande entre ser feliz e estar feliz, Luísa. — ele segura minha mão. — Ser feliz é como levar o oceano com você mesmo depois de sair da praia. Não deixe as ondas morrerem só porquê você não as sente arrebentando contra você.

A expressão em seu rosto e seu toque reconfortante em meus dedos me faz sentir que ele está abrindo o mundo para mim, ou pelo menos o seu mundo. É como ganhar um greencard para a mente de Vicente, e quase consigo enxergá-lo como um garotinho de pequenos cachos e olhos castanhos clareados pelo sol da praia, lutando para segurar a espuma do mar entre os dedos, guardando cada gargalhada em um pote de cor azul como o universo para levá-las para casa e revivê-las sempre que as ondas esmorecessem. Sinto vontade de compor, ou pintar, ou escrever. Preciso encher minhas mãos com arte e eternizar esse vislumbre. Mas não antes de saber:

— Como você consegue?

— Consigo o quê? — ele indaga, e percebo que passei tanto tempo visitando-o em minha cabeça, que ele até mesmo perdeu o rumo da conversa.

— Como faz para guardar as ondas? 

É um crime o que acontece com o mundo todo quando ele sorri. Ele destrói cada grama de beleza ao seu redor e as concentra em si. Não quero que pare.

— Eu as entrego para Jesus. Ele faz todo o trabalho para mim.

Vicente me gira, sem soltar minha mão, e sou pega tão de surpresa que solto uma risada sem perceber. Meus lábios ainda estão curvados quando ele me estabiliza diante de si e observa.

— Esse, perfeito. Entregue esse para Jesus. Você vai perceber que não tem outra opção a não ser viver a felicidade quando ele te lembra todo dia o quão feliz você é.

Minha mente gira. Cada palavra acerta bem fundo, e continua ecoando. Assisto toda uma vida de felicidade, como se Vicente tivesse disparado um tipo de gatilho para cada centelha de sentimentos bloqueada. É barulhento e musical ao mesmo tempo. Seguro as lapelas de seu casaco para me apoiar.

— Eu tinha pensado em um pote azul, mas Jesus me parece um guardião muito melhor.

Covinhas aparecem, e seu som me envolve.

Entrego esse pra Jesus, e peço para guardá-lo em um lugar especial.

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