Capítulo 23

385 92 56
                                    

Vicente me acorda cedo no dia seguinte, com batidas escandalosas na porta

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Vicente me acorda cedo no dia seguinte, com batidas escandalosas na porta. E quando eu digo cedo, quero dizer cedo. O sol ainda nem tinha nascido, e ele já parecia pronto para acordar metade da cidade se fosse preciso para me arrastar dos cobertores. Eu preciso de no mínimo vinte minutos para me tornar uma pessoa descente e suportável pela manhã. É por isso que estou especialmente propensa a bater a porta na cara dele quando me levanto para atendê-la.

— Bom dia! — ele diz, transbordando alegria e energia às cinco horas da manhã.

Vicente não cansa nunca?

— Não é dia ainda. — aponto.

Ele sorri, aquelas duas marquinhas despontando em cada uma de suas bochechas. Meu coração revira e me apoio na porta.

Droga de covinha.

Ele aperta os olhos em minha direção.

— Por que você está sempre fulminando minha covinha?

O problema com a sua covinha é que quero beijá-lo toda vez que ela aparece.

— Ela te deixa convencido.

Vicente sorri ainda mais, e preciso desviar o olhar de seu rosto.

— Boa noite, Vicente! — cantarolo, fechando a porta.

Antes que eu possa encostá-la no batente, o pé dele a intercepta e relaxo minha força contra ela com medo de machucá-lo. Inclino a cabeça, questionando.

Ele passa o rosto pela fresta, encarando-me como se soubesse exatamente como me convencer a fazer qualquer que seja a coisa que o levou a interromper meu sono.

— Vem comigo.

Nego avidamente.

— Sem chanc...

— Eu fiz café pra você.

E, simples assim, ele me compra.

Então agora nós estamos há mais de trinta minutos seguindo uma trilha deserta e um pouco escondida, o gosto do café ainda no fundo da minha língua. Eu não sei o que ele pôs naquilo, mas pra alguém que odeia café, o dele é bom demais.

A luz faz coisas bonitas aqui. Sinto meus dedos coçarem por um papel e lápis de cor.

— Nós encontramos esse lugar ontem, eu e Pietro.

Último Som Where stories live. Discover now