Como tudo isso funciona?!

3.3K 447 63
                                    

- Papai. Eu a vi de novo ontem a noite. - S/N ainda pequena falou ao seu pai.

Em passos cuidadosos, S/N, de apenas 11 anos, coçou os olhos sonolentos devido a mais uma noite mal dormida. Sua vontade era de chorar, mas sabia que não a ajudaria em nada.

O homem, do outro lado da sala, tirou a sua atenção do jornal que lia e o deixou em cima da mesinha de centro da sala.
Suspirando, ele chamou a sua filha para perto.

- Venha cá, princesa.

Ela o obedeceu, quase engasgando ao engolir os próprios soluços de choro.

- O que você viu dessa vez?
- Uma mulher de cabelos pretos e longos, ela tinha os pulsos cortados e pedia desesperadamente por ajuda.

A cena voltou a mente da menina, que imediatamente balançou a cabeça de um lado para o outro. Quase vomitou em repulsa quando lembrou do sangue escorrendo pelos pulsos daquela mulher desconhecida, suplicando em gritos o mínimo de ajuda possível.

O pai de S/N odiava ver a filha naquela situação. Ele e sua esposa sabiam das coisas que a sua primogênita falava ver e ouvir, mas não sabiam como lidar com tudo jsso ainda.

Não era frequente quando S/N tinha em torno dos 4 ou 5 anos de idade, porém foi piorando depois que a menina completou 7. E já era bem visível as olheiras abaixos dos olhos cansados de S/N. Era horrível ver ela assim e não poderem fazer nada para ajudar a própria filha.
Ficar no quarto dos pais também não a ajudou com as noites mal dormidas.

Já era a 6° casa que a família Yoshida ocupava, e só estavam lá a 2 meses.

- Quer tomar café da manhã? - Perguntou ele.
- Não estou com fome. - Ela estava enjoada por causa da falta de sono.
- Ao menos tome um banho e tome um café, você parece uma morta viva.

°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•

O som do celular tocando invadiu os seus ouvidos em pleno fim de tarde. S/N virou pro outro lado, tentando ignorar o celular fazendo um barulho atanazante.

- Que inferno... Isso é uma merda. - Sussurrou a garota levemente irritada.

A tempos não dormia tão bem nesse horário, e quando finalmente consegue alguém a interrompe.
Ela pressionou o lado frio do travesseiro contra o rosto, prestes a se render ao sono mais uma vez e dormir até onde conseguiria.

O celular parou de vibrar, porém por pouco tempo. Nem um minuto depois de ter parado ele voltou a tocar como antes. Pelo visto ela não dormiria tanto quanto planejava.

- Porra! - Ela gritou enfurecida, pegando o celular da mesinha ao lado de sua cama.
- QUE MERDA VOCÊ TÁ FAZENDO QUE NÃO ATENDEU ESSA PORRA DESSE CELULAR LOGO? - S/N nem se deu ao trabalho de reconhecer quem a ligava.
- Se você falar um pouco mais alto vai me deixar surda. Eu estava dormindo, vocês alunos cansam. - Ela levantou-se da cama, saindo do quarto e caminhando em direção a cozinha.
- Eu não tô nem aí para essa merda.
- Que seja. Eu disse para você que poderia me ligar quando visse algo estranho, se puder me mandar alguma foto do que você está vendo.
- Eu não estou vendo nada, sua idiota.
- Então por que ligou? - S/N disse em um bocejo.
- Porque eu quero saber como esse seu... Sei lá como chama... Funciona. Você vê isso desde quando?
- É difícil explicar por telefone. Não entendo o motivo de tanta curiosidade.

Houve um silêncio, e depois um suspiro pesado.

- EU VI UM DEMÔNIO NA ESCOLA A POUCAS HORAS ATRÁS SÓ DE TER ENCOSTADO EM VOCÊ! COMO EU NÃO VOU FICAR CURIOSO COM TUDO ISSO?

Se ele continuasse a gritar, S/N com certeza iria precisar usar aparelhos auditivos em um dos ouvidos.
Ao chegar na cozinha, ela pegou um copo de água e encheu totalmente, molhando a sua garganta seca e dando um fim a sua sede.

- Para de gritar.
- VOCÊ NÃO MANDA EM MIM!

S/N logo viu que não seria fácil manter um diálogo com o garoto sem ele gritar a cada segundo. Ela já encontrou muita gente barulhenta em sua vida, mas esse menino em específico superava a todos.

- Escuta... Como é o seu nome mesmo?
- É Bakugou, Katsuki Bakugou. Inferno.
- Presta atenção, Bakugou. É algo muito complexo para explicar por telefone, tem algumas coisas que eu quero testar e...
- Vou te mandar a localização de onde a gente pode se encontrar, vê se não se atrasa. - Ele não a deixou terminar de falar. Que garoto complicado.
- Espera. Você quer se encontrar comigo ainda hoje? Cara eu ainda tô de pijama
- Você é lesada assim mesmo ou é por causa do sono? É só vestir uma roupa e vir para cá, porra.

Ela suspirou, escorou-se no balcão da cozinha e coçou os olhos. Seus músculos estavam bem relaxados pelo ótimo sono que teve, mas ainda se sentia muito cansada. Soltando um bocejo, ela sentiu que poderia dormir ali mesmo em pé.

- VOCÊ AINDA TÁ ME OUVINDO, YOSHIDA?!
- Você não precisa gritar comigo o tempo todo, eu não sou surda. Talvez eu fique se você continuar falando assim comigo.
- SÓ VEM LOGO.
- Te vejo em uma hora.

Pensou em mandar o garoto se foder em mais de 15 idiomas diferentes, entretanto a educação falou mais alto do que seu ego.

S/N se arrumou rápido, apenas molhou o corpo para aliviar o sono, vestiu a primeira roupa que pegou em armário e comeu um macarrão instantâneo.

Odiava sair a noite, mas o faria mesmo assim.

Ela sabia que esse cansaço em excesso que sentia não era saudável nem normal. É aquele tipo de exaustão que você sente que não dormiu o suficiente por algum motivo, mesmo tendo dormido por várias horas.

Seu corpo está bem descansado, mas você quer continuar deitado e dormindo. Totalmente desconectado da realidade do mundo.

Quando saiu do apartamento e o trancou, ela viu alguma coisa se esconder pelo canto de seu olho. Não parecia humano, era grande e se movia rápido demais. Com certeza não era humano.
Seu peito acelerou, mas optou por ficar em silêncio como sempre fazia.

~ Ignore-os.

Era algo automático de sua mente.

O que diabos você vê?! (Imagine Bakugou)Where stories live. Discover now