A volta

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S/N caminhou de volta para a escola, a tempos não fazia aquele percurso. O tempo de seu estágio estava encerrado, então ela levaria o relatório dos últimos meses para a escola onde estudava e avaliariam a sua experiência.
Ela suspirou, desejando alguns dias de folga a mais antes de retornar às suas aulas. Abriu o seu armário, vendo os seus livros organizados da mesma forma que havia deixado antes de ir. As pessoas também pareciam praticamente as mesmas, não mudaram muito nos últimos meses.

Sorriu e pegou o celular, aguardando uma mensagem, ela não sabe dizer de quem. Olhou a hora e depois olhou para a janela no corredor, admirando o sol se pôr. Suspirou, gostava de caminhar essas horas como Mimi, e perguntou-se onde ela estaria agora.
S/N refletiu por um segundo, pensava em Mimi com frequência, fosse imaginando onde estaria, se havia arranjado alguém melhor do que ela, ou que faria em determinadas situações.
Se Mimi soubesse o quanto a amiga pensa nela, com certeza riria. Se ela fosse mais parecida com Mimi, muita coisa teria sido diferente. Provavelmente teria dado um soco em Bakugou na frente da Classe inteira, não teria cuidado dele quando ficou doente, e talvez tivesse flertado com a mãe dele na maior cara de pau, na sua frente de preferência.
Mimi teria feito um inferno em seu lugar.

— S/N-San! - A voz era familiar, parecia justamente aquela que S/N estava pensando. - S/N! Você ficou surda por acaso?
— Mimi? - S/N virou-se, avistando a amiga de infância correr pelos corredores da escola. - Mimi!

S/N abriu os braços, recebendo-a em um bom abraço apertado, a tempos sentia falta disso.

— Desculpa ter ido embora sem avisar e... E desculpa por não ter mantido contato.
— Besteira. Estou feliz em ver você. - S/N logo notou as mudanças na amiga, o óculos continuava no mesmo estilo, ela estava mais alta do que S/N, o cabelo não era mais longo e ela não usava mais os aparelhos.
— Fiquei sabendo que você ficou trabalhando na U.A, estou orgulhosa de você. - Mimi passou o braço ao redor do de S/N e continuou o caminho como costumavam fazer.
— Sim. Gostaram do meu desempenho lá, talvez eu volte ano que vem ou ainda este ano. Mas e você, a quanto tempo você está aqui em Musutafu?
— Cheguei antes de ontem. Mas o hotel em que estou é caro demais, com certeza não vou passar mais do que 5 dias aqui.
— Pode ficar no meu apartamento.
— Você tem um apartamento? E os seus pais?
— Não moro mais com eles a quase um ano. Então não tem com o que se preocupar.
— Ahhhh! Você salvou a minha pele.
— E quanto a escola?
— Houve um ataque na minha escola, estão em reforma. Não se preocupe, o ataque ocorreu quando a escola estava fechada, então não houve feridos.

Conversa vai e conversa vem, não faltava assunto e risadas entre as duas naquele meio tempo. Mimi sentia falta da amiga, assim como S/N sentia falta dela.

— E como estão... "Eles"? - Mimi não poderia evitar tocar no assunto. S/N via muita coisa, obviamente estava preocupada com sua saúde mental.
— Nunca deixei de vê-los, mas descobri muita coisa.
— Descobriu é?
— Sim. Descobri que consigo fazer outras pessoas verem o mesmo que eu.
— O que?! - Mimi engasgou.
— Não foi da melhor maneira possível, convenhamos. Foi no trabalho, sinto que poderia ter prejudicado um aluno com isso, afinal nunca contei à eles.
— Você disse que não tinha Individualidade?
— Sim. Bom, eu tive que desmentir sobre isso depois para explicar para aquele aluno em específico, os outros continuam pensando que eu não tenho e acho melhor assim. Não sei o que a U.A pensaria se soubesse que estou ocultando isso deles.
— Conte à um deles.
— Você ficou maluca? Eu vou perder o meu estágio.
— Se mentir vai ser pior, tenho certeza.

Mimi foi honesta como sempre foi, S/N entende bem que não pode esconder isso para sempre, mas ela ainda sente muito medo de contar.
Podem não levá-la à sério, mesmo que parecesse improvável.

— Posso saber quem é esse aluno?
— O nome dele é Katsuki Bakugou.
— Hum. - Resmungou Mimi.
— O que?
— Não é aquele aluno que foi sequestrado na queda do All Might?
— Sim. Mas não toque neste assunto com ele. - Alertou.
— Por que? É verdade, não é?
— Sim, eu sei que é. Mas é imprudente dizer isto a ele e ponto final.

Mimi resolveu obedecer, mesmo que estivesse desconfiada. As duas garotas pegaram as coisas de Mimi e retornaram ao apartamento de S/N.

— Não entendo como você mantém tudo limpo desse jeito.
— Você sabe que sujeira pode atrair essas coisas, descobri isso da pior maneira possível.

É claro, ela devia ter uns 8 anos quando passou cinco dias sem limpar e arrumar nada do quarto, a poeira acumulou e incomodou o seu nariz, mas ainda sim não arrumou o quarto.
Quando retornou da escola, o quarto não só estava bagunçado mas também repleto de sombras com formas humanoides em todos os cantos. Foi um inferno, ela teve que arrumar tudo com eles ali, e só foram embora no dia seguinte.

— Esse apartamento não parece ser tão caro, mas ainda sim um salário de estágio pode não ser o suficiente. De onde você tirou dinheiro em?
— Meus pais pagam algumas contas e a minha avó paga outras já que não consegui um trabalho fixo ainda. Mas quando estava estagiando houve vezes em que nenhum dos três precisou pagar, eu mesma fiz.
— Seu salário cobriu tudo?
— Fiz hora extra e abri um tempo a mais de aula para reforço. Ganhei o bastante para lidar com as contas, e ainda sobrou dinheiro.
— Admiro sua coragem, acho que eu não serviria para professora.

S/N acenou em concordância com ela. Na primeira desobediência, Mimi bateria no aluno, e se os pais viessem reclamar ela bateria neles também. Era melhor para a cidade inteira Mimi trabalhar com qualquer outra coisa que não fosse com pessoas.
Não é que Mimi não soubesse conversar, ela só não tinha paciência.

— Já que deixou eu ficar aqui, deixa o jantar por minha conta, eu pago esta noite.
— É sério?
— Vejamos o que você tem aí nessa sua geladeira. - Mimi entrou na cozinha e foi para o balcão, olhou a geladeira e os armários, pensando no que faria para as duas comerem. - Caramba em S/N, meu nutricionista choraria se fosse lidar com você.
— Perdão? - S/N ficou indignada com a provocação.
— Olha só a quantidade de besteira que você ingere. Você quer morrer?
— Talvez. - Brincou.
— S/N!
— Tá, tá... Desculpa?
— Não é para mim que deve pedir desculpas, é para o seu corpo, coitado.

Ela revirou os olhos, ignorando as piadas de Mimi, mesmo que a amiga estivesse certa. Sua alimentação não era regular e muito menos saudável.

— Que seja. - Deu de ombros. - Vou tomar banho.

Não esperou uma resposta, pegou sua toalha e entrou no banheiro.
Resolveu demorar um pouco mais aquela noite, visto que Mimi seria a cozinheira então ela não precisava se preocupar com isso.
Deve ter ficado em torno de uma hora no banheiro, e com certeza teria ficado teria ficado mais se não tivesse ouvido Mimi discutir com alguém, em minutos, ouviu gritos raivosos de duas pessoas, ambas familiares para ela. Frases repleta de palavrões, onde a cada sete palavras 4 delas eram xingamentos.

— Mas que caralhos... - Levantou-se da banheira rapidamente, enrolou-se na tolha e saiu as pressas do quarto.
Seus pés molharam a cerâmica da casa, quanto mais se aproximava, mais altas ficavam as vozes. - O que tá acontecendo aqui?

— Foi ele que começou, esse folgado dos infernos. Falou com você só por alguns meses e já se acha o superior. - Mimi apontou o dedo na cara de Bakugou.
— O que?! Quem você pensa que é pra gritar comigo desse jeito?
— A SUA MÃE, AQUELA DELÍCIA.
— O QUE VOCÊ FALOU DA MINHA MÃE?!

O que diabos você vê?! (Imagine Bakugou)Where stories live. Discover now