Inferioridade

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S/N pegou o guarda-chuva e o abriu, sorte que viu previsão do tempo antes de sair de casa.
Olhando para os lados, viu os alunos se juntando para irem pra casa juntos embaixo do guarda chuva, uns em dois, outros em três. Os que estavam sozinhos, corriam para casa para não se molhar, embora a pressa não ajudasse muita coisa.

Viu Bakugou se aproximar dela, como os dois moravam perto, iria oferecer companhia até em casa para ele não se molhar no caminho de casa, entretanto ele não queria sua ajuda.

— Você é muito hipócrita, garota.
— Hum? Do que está falando?
— Hã?! Ainda se faz se sonsa? Eu ouvi você e o Deku conversando, falando de mim pelas costas.

Ele a encurralou, olhando-a com uma raiva que ela nunca havia visto antes. Bakugou bateu no armário ao lado de seu rosto, deixando S/N em choque e ainda mais assustada do que antes.

— Vocês dois se merecem mesmo! São dois fracos que não valem merda nenhuma. Você toda sensível, e ele todo fraco!
— Não fale assim de Izuku. - Ela o empurrou, libertando-se dele. Não admitiria que ele metesse o doce menino em uma discussão que cabia somente a eles dois.
— Tá vendo?! Você está dando razão a ele falando mal de mim!
— Eu apenas perguntei sobre a relação de vocês dois! Ele fez bem em me contar a verdade!
— E você se sente toda heroica não é? Por ter afundado o rosto dele entre os seus seios, não é?! Ele deve ter gostado muito disso! Só pode estar tentando garantir uma melhor nota! Oh S/N! A grande heroína da U.A. - Bakugou não tinha piedade quando o assunto era humilhar alguém.

S/N estava prestes a perder o controle sobre si mesma. Sua vontade era de cair em prantos, e isso não passou despercebido por Bakugou, que fazia questão de continuar a humilha-la.
Mas não dessa vez, S/N não ia abaixar a cabeça tão facilmente na frente dele.

— Pelo visto sou melhor heroína do que você.
— Huh?
— A sua definição de herói é a mais superficial que eu já vi em toda a minha vida. Heróis ajudam independentemente de receberem algo em troca ou não, eles defendem os mais fracos. Tudo que você tem feito até agora é fazer outras pessoas se sentirem inferiores. Acredite em minhas palavras Katsuki Bakugou: Você pode até ser um herói perante a sociedade, mas para mim, que conheço seu comportamento desprezível de perto, não vai o considerar assim enquanto não mudar de atitude.

Ela cuspiu tudo que estava entalado até agora, e ele se manteve indiferente nisso, mesmo que estivesse destruído por dentro.
S/N o deixou sozinho com os próprios pensamentos, ainda contendo o choro que formava um grande nó em sua garganta, até desaparecer completamente entre a neblina que se formava naquele fim de tarde frio e chuvoso.

Chegou em casa mais tarde do que nos outros dias, pois optou por vir de ônibus do que por metrô. Quando finalmente abriu a porta, permitiu-se desmoronar em lágrimas, afundando a dor em seu próprio choro para afogá-la de uma vez.

Magoada como nunca antes, S/N atravessou o corredor de sua casa até o quarto. Seu estômago estava embrulhado demais para tentar comer e ela mesma não queria tomar banho naquele momento.
A única coisa que desejava era se encolher embaixo das cobertas quentinhas de sua cama, adormecer e esquecer da dor que sentia pelas palavras cruéis de Katsuki que ecoavam e faziam sua cabeça girar como se estivesse com ressaca.
Aquela noite terminou diferente das outras, ela não adormeceu assustada com os cochichos, mas sim com a amargura e melancolia tomando o seu corpo, a afogando na própria dor e no mar de seu travesseiro molhado com sua lágrimas.

O que diabos você vê?! (Imagine Bakugou)Where stories live. Discover now