Alguém importante

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— Então... Você vai embora, Mimi?
— Papai disse que por agora sim, mas que eu poderia voltar depois se eu quisesse.
— Podemos nos divertir muito até a mudança, não é? - S/N estava esperançosa em aproveitar os últimos dias das férias com a amiga, embora Mimi não parecesse feliz com a ideia.
— Nós vamos embora amanhã, S/N. Desculpe não ter te contado antes.

As palavras de Mimi soaram como se tivesse enfiado facas quentes em seu peito, doía muito saber que agora ficaria sozinha.

— Está tudo bem. - Mentiu.
— Você está triste.
— Estou. Mas não é como se fosse fazer muita diferença, não é?

Mimi iria repreendê-la por esse pensamento, embora fosse verdade que um sentimento não iria mudar a sua atual realidade.
Mimi deu um sorriso fraco, mas que dessa vez não foi retribuído.

— Bom... Estou indo pra casa ajudar o meu pai. Você quer vir comigo?
— Não. - S/N recusou o convite. - Eu com certeza vou chorar se for te ajudar a embalar suas coisas.
— Sinto muito.
— Me liga quando chegar no outro estado, só para saber se você está bem.

S/N soltou a mão de Mimi, recolhendo-a para si mesma. Não deu uma única palavra a mais depois disso, virou as costas sem se despedir, andando na direção de sua casa sem olhar uma última vez para amiga.

Mimi iria dizer algo a S/N antes de partir, mas conteve a própria língua e fechou a boca poucos segundos depois de abrir. Encolheu os ombros e as sobrancelhas, sentindo-se culpada por não ter dado um tempo a mais para a amiga aceitar o fato.
Mimi saiu do local de encontro quase que em prantos, coração apertado e insistindo para ir atrás, e assim confessar o amor que continha pela amiga.

°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°

De manhã, ainda cedo, S/N conversou com Katsuki.

💥Birimbinha💥

Viu alguma coisa hoje de
manhã?                                

Não, não vi nada.
Você viu?

Vi sim, mas isso não é de
grande importância.     


Hum.

S/N sente uma grande acidez subir e descer em seu estômago revirado até a garganta. Em frente a sua janela, observou uma mulher em prantos, sem os braços, implorando por misericórdia. A cena quase a fez vomitar, mas não havia nada para por para fora.

Suavizando seus pensamentos, S/N foi para a escola o mais rápido possível. Logo no metrô, encontrou-se com Katsuki.

— Bom dia. - Ela disse.
— Tsc. Não tem nada de bom. - Sabia que ainda estava afetado pelo o que ocorreu na noite anterior, e não o culpou por isso.

Era uma experiência desagradável para qualquer um.

— Você está bem?

Ele a encarou, suspirando. Era óbvio que não estava no seu melhor dia, mas ainda sim ela fez questão de perguntar. Estava tentando aliviar o clima, melhorar a relação dos dois.

— Estou. - Ele disse em uma voz baixa, que soou mais como uma espécie de resmungo.

S/N sorriu, aliviada. O sorriso não passou despercebido por Bakugou, mas ele não disse nada a ela.

S/N ficou em choque, apavorada, paralisada quando repentinamente apertou as mãos. Pareceu prender a respiração por uns segundos e expirou, esse mesmo movimento se repetiu umas quatro vezes, até Kastuki perceber que ela estava tremendo, mas não era por estar incomodada com o frio.
A expressão de terror que S/N guardou em seu rosto foi o suficiente para ele entender que havia algo por lá.

Mas onde exatamente? A alguns metros? Do lado deles? Essas coisas estavam tentando algum contato com ela? Será que estavam com Katsuki ou com alguém perto deles?

— O que está vendo? - Ele perguntou.

S/N sacudiu a cabeça negativamente em resposta, deixando claro que não queria falar para ele do que se tratava.
Ele ficou furioso por isso, mas não a culpou.
Começou a ficar tenso só por vê-la nesse estado e não poder fazer nada por ela. Era um inferno.

Ele queria ser um herói, que tipo de herói não consegue ajudar quem precisa?

Ali, no metrô, em meio à tantas pessoas, Katsuki a segurou pela cintura e a puxou para perto. Um cheiro de perfume masculino e caramelo invadiram o nariz de S/N, seguido do calor que irradiava do corpo do rapaz.
Seu movimento a forçou colocar a cabeça sob seu peito, afundando-se em seu cheiro perfeitamente equilibrado. Os dedos dele ficaram encravados em seu casaco, mantendo-a quase que imóvel.
O cheiro do Shampoo de S/N o deixou tonto por um segundo, mas procurou manter a compostura.

S/N estava em choque pela atitude tomada por Katsuki, não precisou falar nada para ele entender que estava vendo algo horripilante e nojento.

— O que você está vendo?

Criaturas estranhas vinham emergindo desde a última parada, porém ainda estavam longe, e S/N entrou em pânico quando uma delas surgiu trás de Bakugou.
Não estava temendo por ela, e sim por causa dele. Tinha medo que ele também visse, e que reagisse de forma errada, que não ignorasse e atraísse problemas para ambas as partes.

Não era exatamente pessoas, nem espíritos de pessoas mortas, pareciam lobos, entretanto com pernas e braços humanos. Uma das criaturas, por exemplo, possuía braços, pernas e orelhas que eram todos desiguais, como se tivessem pertencido a pessoas
diferentes e tivessem sido unidos em um só corpo.

Outro, parecia estar derretendo com cera perante ao fogo, queimado, como se tivesse sido carbonizado, mas se desfazendo, dando a garota a impressão de que se ele encostasse nela, iria grudá-la com aquela gosma pegajosa que era a sua pele.

Já outra criatura, tinha mais tá metade do corpo equilibrado como um verdadeiro humano, porém com um rosto vazio, pálido, sem olhos, sem boca, sem nariz.

Alto e esguio, lembrava-lhe o tal "Slender".

Não seria uma tarefa fácil desviar os olhos daquelas coisas, ainda mais quando pareciam chegar cada vez mais perto.

— Eu não sei explicar. Mas pode ter certeza de que não é algo bom, Bakugou.
— Katsuki. - Ele a corrigiu.
— Hum?
— Me chame de Katsuki quando estiver vendo algo, e eu chamarei você pelo segundo nome se eu estiver vendo algo.

Era um bom plano, uma forma discreta de avisarem um ao outro que tinha algo errado.
Ela acenou com a cabeça, e ele fez o mesmo.

Ao chegarem em sua parada, Bakugou se recusava a deixá-la ir, temendo que ela caísse por causa do seu estado de pavor.
Receosa, S/N se afastou, embora desejasse ficar mais perto.
Kastuki apoiou a mão em suas costas, guiando-a para fora e finalmente respirar um pouco.

Pensou em oferecer água, mas ela já parecia calma o suficiente para seguir viagem até a escola.

Quando saíram do metrô, ele afastou as mãos e o corpo de perto dela, desejando ficar um pouco mais perto. Bakugou recusou as necessidades do próprio corpo, imaginando que isso pudesse ser consequência dos hormônios e pelo frio incomum que fazia aquela manhã.

— Bakugou.

Ele parou.

— Obrigada.

Ele não a respondeu, mal a olhou nos olhos na verdade. S/N baixou um pouco o olhar seguindo-o até a escola, separando-se dele quando começou a ver os outros alunos.

O que diabos você vê?! (Imagine Bakugou)Onde histórias criam vida. Descubra agora