Dias chuvosos e agradáveis.

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— Então está me dizendo que se eu não quiser mais ver aquelas coisas a gente vai ter que parar de brigar tanto?
— Eu sei que parece uma espécie de chantagem, mas se encaixarmos as peças, o que aquela senhora me disse realmente faz sentido.
— Exemplo?
— Temos estado bem nos últimos dias, certo?
— Sim.
— Você tem visto alguma coisa?
— Não.
— Quando nós brigávamos, você me irritava ou me deixava triste, você via aquelas coisas, não via?
— É. Sim. - Ele concordou, apesar de estar tão disposto a admitir que esse raciocínio fazia muito sentido.
— Fora que eu não precisei falar da minha Quirk para ela saber como funcionava, e isso por si só já foi surpreendente.

Os dois permaneceram na casa de S/N ao fim do dia após o incidente, não só por causa da chuva que começou a cair das nuvens carregadas mas também porque não queria deixar ela sozinha, não depois do que aconteceu.
Mesmo que ela não quisesse ele por perto, ele iria ficar e fazer companhia.

Bakugou resmungou um simples "Tsc", mesmo que estivesse convencido que S/N estava certa no fim das contas. Ele já havia mudado boa parte de seu comportamento, pois de alguma forma, sentiu-se mal por ela sofrer em silêncio por tanto tempo. Queria que ela entendesse que poderia confiar nele.

S/N, não parecia muito alterada com as informações, na verdade apenas encaixou as peças. Sua mente, ao invés de ficar preocupada com tudo isso, vagou até a lembrança de Katsuki a abraçando para acalmá-la de alguma forma. Ela sorriu, boba com o pensamento de que ele estava evoluindo com ela, e aos poucos demonstrava isso com as outras pessoas.

— Acha alguma coisa engraçada? - Katsuki percebeu-a distraída, ela estava sorrindo para o celular. Não imaginou que fosse ele a razão para o sorriso.
— Perdão?
— Tá olhando pra esse celular e tá sorrindo.
— Ah? Não! Não é por causa do celular que estou feliz.
— Então?
— É besteira, Bakugou. Você vai achar ridículo e com certeza vai ficar com o ego muito inflado.
— Então por que não me conta?
— Não quero dar a você o gosto do orgulho.
— Diga em que estava pensando, não me deixe curioso, caralho!
— Estava pensando no abraço que me deu mais cedo.

Katsuki sorriu. Não da mesma forma que ela, não era de felicidade, mas sim puro ego tomando o seu rosto. Ele, por estar sentado no sofá quase do lado dela, pegou o celular de suas mãos.

— Hã? - Indagou confusa quando o garoto pegou o seu celular.

Ele não olhou nada no celular dela, o desligou e o deixou em seu bolso. Seus olhos, vermelhos vibrantes, estavam focados nela o tempo todo.
Não devia ter abrido o bico, ele com certeza riria da cara dela e se ela revidasse os dois com certeza iriam brigar depois de quase uma semana sem discutir, desde o beijo.

— Você gostou do abraço?
— Sim. - Ela foi sincera. - Não lembro de ter visto você abraçando qualquer outra pessoa além de mim, então me sinto orgulhosa por isso.

Ele riu, aproximando seus rostos perto o bastante para S/N sentir a respiração dele perto de sua boca. Os seus olhos, vermelhos e chamativos, continuavam a analisá-la com atenção, nunca perdem um único movimento, não importa o quão sutil e mínimo ele seja. Cada ligeira mudança na expressão de S/N, cada piscar de seus olhos. Absolutamente nada foi perdido para Bakugou.

~ Olhos bonitos. - Ele pensou.

Bakugou abriu a boca para dizer algo, mas a fechou rapidamente, optando por simplesmente puxá-la para um beijo. 
Ela imediatamente retribui seu beijo, tão suavemente quanto o primeiro, quando ele foi até ela se desculpar. S/N não ousou esquecer de sua evolução, mas é tudo tão incrivelmente cheio de sentimento que o momento é de pouca importância.

Katsuki ri quando os dois se separam, vendo-a em estado de choque. S/N piscou para voltar a realidade e abriu os lábios revelando um lindo sorriso, que enfeitou bem a sua face com o rubor se espalhando pelas bochechas. Ele franziu o cenho, sem entender a graça.

— O que acha engraçado?
— Não é nada demais, eu só estou feliz mesmo. - Explicou.

Bakugou pareceu não acreditar, embora S/N fosse verdadeira. Desconfiou se o motivo do sorriso dela era o beijo ou se ela estava apenas zombando da cara dele.
S/N pareceu notar o quão perdido ele estava em seus pensamentos mesmo que não deixasse passar isso em sua carranca, pois foi dela a vez de aproximar os lábios dos dois.

Ela sorriu para o garoto, que permaneceu imóvel e em dúvida sobre o que planejava. S/N arrastou o polegar suavemente ao longo da pele lisa de sua bochecha, pressionando um beijo no canto de seus lábios primeiro.
Impaciente demais para esperar, Katsuki que usou a mão direita para segurar a nuca de S/N, inclinando-se em seus toques e encontrando seu toque gentil.

Quando ele a solta, ofegante, ela está sorrindo vitoriosa. Bakugou arqueia uma das sobrancelhas e nota o celular dela em suas mãos.

— Mas... - Ele coloca as mãos em seus bolsos, buscando o celular de S/N que havia tomado para receber dela um pouco de atenção.
— Peguei enquanto você estava perdido em mim. - Declarou ligando o celular e repentinamente levantou-se para caso ele tentasse pegar novamente.

Bakugou permaneceu no sofá, seguindo-a com os olhos e admirando a sua maldita ousadia. Quando ela teria se tornado tão atrevida dessa forma.

— Vem cá. - Ele tentou puxá-la para si, mas ela desviou da sua mão furtivamente.
— Venha me pegar então, otário! - S/N provocou largando o celular em cima da estante e correndo até a entrada.

Ele sorriu convencido de que ia alcançá-la em poucos segundos. Porém, não imaginou que o atrevimento de S/N fosse tão grande ao ponto de fechar a porta na cara dele depois que saísse.

— Mas olha que vagabunda... S/N! - Ele abriu a porta com raiva, vendo-a correr para sair do apartamento, nunca a viu feliz e brincalhona desse jeito antes.

Bakugou acelerou os passos e correu atrás dela até alcançá-la, não se incomodou em molhar-se na chuva só para brincar. S/N pulava alegremente pela rua vazia, parecia uma criança brincando com a água que caía e molhava seu corpo.

A doce travessura em seu rosto alegre fez o coração dele palpitar como nunca antes. S/N tirou os cabelos grudados na testa pela água da chuva, ajustando a visão e avistando um Bakugou completamente perdido nela.

— O que foi? - Ela questinou.

Katsuki sorriu em resposta, mas não disse nada até chegar perto o bastante para vê-la sorrir.

— Você é esquisita. - Declarou, mas não para ofendê-la.
— Então por que está aqui?
— Porque eu gosto da sua esquisitice.

Ele apenas deslizou a mão pelas costas da camisa de S/N, sentindo sua pele na dele enquanto a empurrava para colar os seus corpos e poder capturar seus lábios com os dele.

Bakugou realmente ligou o foda-se para o seu orgulho por aqueles minutos, ele não iria perder essa oportunidade de jeito nenhum. Ele mudou muito desde que a conheceu, sentir-se na pele angustiada dela o fez pensar sobre as sua ações e palavras. O medo dela foi compartilhado, e ele a entendia mais do que qualquer outra pessoa agora. Mesmo que ele a afastasse e a tratasse mal, ela voltou e o desculpou, dando-lhe a oportunidade de reparar o seu erro.

Ela sempre o tratou com tanta delicadeza que chegava a doer, as pessoas não costumavam ser assim com ele. Por causa disso, ele passou a perder o controle sobre os próprios pensamentos. O garoto colocou as mãos em seus quadris, posicionando-a de forma rude e não deixando ela se afastar outra vez caso tentasse brincar com ele de novo.

Bakugou negaria esse sentimento doente, até a morte se fosse precioso fazê-lo.

— Eu te amo. - Murmurou, abafando seus beijos.

Quando notou que havia falado aquilo em voz alta, ele quis empurrá-la por causa da vergonha, mas o cheiro doce, o carinho na forma como ela reagia a ele o deixava enraizado no local. Ele parou e olhou-a, estava rezando em sua consciência, mas não sabia se estava esperando que ela correspondesse ou apenas não o ouvisse.

— Eu também te amo. - Ela respondeu, já sabia que ele disse aquilo sem querer, pois apenas se entregou a ela em um momento de fragilidade.


O que diabos você vê?! (Imagine Bakugou)Onde histórias criam vida. Descubra agora