Algo estranho

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Bakugou a acompanhava pelas ruas, mesmo que achasse a curiosidade de S/N ridícula na maior parte das vezes.

Não conseguia entendê-la, e talvez fosse por isso que continuasse ali, andando poucos centímetros atrás dela, enquanto andavam de casa em casa buscando respostas para a inquietude de S/N.

Já haviam passado por 7 casas antes daquela, mas ainda sim muito sucesso, a maioria das pessoas pareciam muito hesitantes em falar do sobrenatural, ele era do mesmo jeito antes.

— Obrigada mesmo assim, tenha um bom dia! - Ela despedia-se alegre, mesmo que estivesse profundamente decepcionada com o fracasso contínuo daquela manhã.

Bakugou se pôs ao lado de S/N enquanto caminhavam para a próxima casa que chamasse a atenção dela de alguma forma. Ele suspirou pesadamente. Pensou se ela estaria tão entediada ali quanto ele.

— Por que caralhos nós estamos aqui mesmo? - Questinou Bakugou escondendo as mãos no casaco.
— Estou em busca de respostas. - Ela respondeu a mesma coisa nas últimas duas vezes que ele perguntou, no mesmo tom de voz que anteriormente.
— Respostas para que?
— Tem muita coisa estranha nesse bairro.
— Eu não acho. Isso aqui parece ser uma grande perda de tempo.
— Claro, claro... Não é você que tem que lidar com gente morta, não é? Bom, a sua casa é para aquele lado ali, se não quiser me ajudar então não me atrapalhe.

Katsuki esquecia que seus insultos já não a afetavam, não que já chegaram a mudá-la de alguma forma. Mas se ele quisesse convencê-la a ir a outro local, teria de usar outra estratégia, algo que não fosse suas malditas provações que eram facilmente rebatidas.

— Tuché. Você ganhou.
— A vovó me disse algo na noite que me visitou, não contei a você pois eu não tinha entendido, não até ontem.
— E o que merda ela disse para convencer você a "Pesquisar" sobre os casos sobrenaturais do seu bairro?
— Ela disse que o certo não era ignorá-los, e de alguma forma isso me fez repensar alguns dos meus conceitos. Você sabe, um deles me ajudou.
— Sim, e isso por algum acaso faz você pensar que todos eles podem ajudar você?
— Eu não sei, mas eu quero tentar saber o que está acontecendo aqui.

E assim ambos continuaram a descer pela rua, Bakugou resmungou umas vezes ou outras mas desistiu de insistir depois de um tempo.

Pararam em frente a uma casa que a dias atrás não estava ocupada, S/N notou a placa de aluga-se a algumas semanas antes e depois não a viu mais ali. Os novos donos eram vizinhos novos, recém chegados, provavelmente não tinham nada para dizer, porém isso não a impediu de tocar a campanhia da casa.

Bakugou se pôs a poucos passos atrás dela, já imaginando que a resposta seria a mesma que das anteriores.

Um homem atendeu a porta. S/N logo notou suas feições levemente estranhas. Viu que era alto e magro, de ombros largos, com olhos verdes duros e frios, que a fitaram alguns segundos a mais do que era aconselhável. Calculou  que estivesse perto dos 40 anos.

— Bom dia, senhor! Me chamo S/N Yoshida, e tenho investigado fenômenos paranormais que ocorrem neste bairro. O senhor, de alguma forma, poderia me dizer se testemunhou algo no tempo em que morou aqui?

O homem franziu o cenho para S/N, e ela sem entender continuou a olhá-lo com leve constrangimento. Ele aqueceu a voz antes de começar a falar.

— Sim. - Confirmou. - Moro nesta casa à 4 dias e já quero me mudar por causa do histórico desse bairro.

Sua voz carregava a aresta áspera de cigarros em demasia. Bakugou, pareceu ouvir a conversa pois imediatamente virou-se para os dois, atento a qualquer detalhe.
Por não esperar essa resposta, ela inclinou um pouco a cabeça pro lado antes de questionar.

— Histórico? Então alguma coisa aconteceu mesmo aqui?
— Não apenas uma, menina, como várias. Me chamo Michel Will, sou detetive e tenho acesso ao histórico desse bairro. - "Michel" retirou de seu bolso uma carteira, mostrando a S/N um documento que confirmava a sua profissão.
— Oh... O senhor lembra de algum caso?
— São muitos para ver. Me diga, porque está tão interessada?
— Eu... Bem... - S/N não sabia dizer se o detetive ia mesmo acreditar nela se o dissesse a respeito da Quirk, imaginou ser difícil processar essas informações.

O garoto loiro olhou diretamente para S/N, esperando que ela confirmasse ao homem sobre a verdade e revelasse o motivo do seu interesse.

— Você os vê também?
— Perdão? O que o senhor quer dizer com "também"?
— Eu os vejo e os ouço, garotinha. Foi graças a minha curiosidade e contato com o mundo espiritual que me tornei detetive.
— O senhor está certo. Eu também sou assim, e... Quero de alguma forma ajudar com essa minha individualidade.
— Não é fácil conviver com um caso não solucionado, não é?
— Um?
— Vários. - Ele riu. - Eles aparecem o tempo todo.
— ... E em ocasiões erradas. - Completou S/N.
— Escute, menina, eu não posso dizer com firmeza se por algum acaso isso levará você a algum lugar, mas também não vou impedi-la. Espere um segundo.

O Sr. Michel adentrou a casa após pedir para S/N esperar. A garota virou-se para Bakugou, sorrindo cinicamente em vitória.

— Eu disse que isso não seria viagem perdida! - Afirmou vitoriosa.
— Tsc.

Vamos admitir, ela realmente não esperava conseguir essas respostas e ainda mais alguém como ela. Ah, Deus! Ela tinha tantas perguntas para fazer ao homem que nem sabia por onde começar a falar, mas por outro lado achou melhor ficar em silêncio, não queria atrapalhar.

— Aqui. - O homem entregou o que pareciam ser jornais antigos, relatos, datas, nomes e endereços desconhecidos para ela. S/N arqueou as sobrancelhas para o homem, sem entender o que ele queria que ela fizesse.
— Tudo isso? Oh... Deus...
— Eu sei, eu sei. É muito para ler, mas é o que posso oferecer para você, se eu contar posso acabar misturando os casos, então é melhor você investigar por conta própria.
— Eu entendo, já é de grande ajuda!
— Aí tem de tudo um pouco do que você pode precisar, venha a minha casa se precisar de ajuda, ok?
— Claro! Muito obrigada Sr. Michel Will!

Ela virou as costas para o homem e fez a rota para retornar a sua casa. Bakugou logo a acompanhou e pegou alguns dos papéis para si. Antes que S/N pudesse protestar e pegar os papéis de volta, Katsuki a calou com um selinho em seus lábios.

— Você acha que eu vou ficar sem fazer nada vendo você descobrir um monte de coisas e fazer tudo sozinha? De jeito nenhum! Me dá essa porra aqui.

O que diabos você vê?! (Imagine Bakugou)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن