Eu não sou como você

2.1K 341 71
                                    

— Aii! Cuidado! Seja mais cuidadosa, S/N - Haru gemeu de dor quando S/N limpou o ferimento de seu rosto.
— Haru, você é um dos garotos mais burros que eu já encontrei em toda a minha vida! Se não tivesse se metido, você não teria apanhado. - Ela o repreendeu.
— Mas você teria.
— Duvido. Eles me provocam, mas não acho que vão mesmo me bater algum dia. Cão que ladra não morde. - Ela colocou um curativo no ferimento e inclinou-se um pouco para limpar os outros arranhões do rosto sujo do garoto.

Haru sentiu-se intimidado por ter uma garota tão perto dele, e ainda sendo tão cuidadosa.
Naquele dia, ele tentou repreender o grupo para pararem de insultar com S/N o tempo todo, e que toda aquela "Brincadeira" já estava ficando chata e passando dos limites. Entretanto, sua intervenção só trouxe problemas à ele, e acabou levando uma surra de quem ele considerava serem seus amigos.

— Mimi teria feito a mesma coisa que eu. - Implicou o menino inflando as bochechas.
— Mimi coloca medo até no diabo, ela não teria apanhado como você. - S/N rebateu seu argumento.

Era verdade, Mimi conseguia ser um amor de pessoa com S/N e uma verdadeira peste com outros.

— Eles vão ver só, vou colocar chiclete nas carteiras de cada um deles. - Haru riu quando pensava em mais uma de suas traquinagens.
— Perdendo a criatividade? Poderia colocar baratas mortas na mochila de alguns deles, você fez o mesmo com a professora de geografia no ano passado.
— Perdi dois pontos na matéria dela.
— E passou ileso mesmo assim, me pergunto como.

S/N guardou o algodão na mochila e os curativos no bolso de sua saia escolar. Mimi se metia em briga com frequência, e mesmo que sempre saísse vitoriosa não poderia evitar de ser machucar em algumas vezes. Pensando no bem estar da amiga, S/N passou a levar alguns curativos e algodões para limpar os ferimentos de Mimi, e mesmo que ela não estivesse mais ali, S/N ainda tinha o mesmo hábito.

Haru pareceu hesitante quando S/N falou a respeito dele nunca ter sido expulso ou ter tomado punições mais severas. Se qualquer outro aluno fizesse ao menos metade do que Haru fazia, esse aluno seria transferido para outra escola em menos de 3 meses ou reprovaria e alguma matéria por perder vários pontos.

— Meu pai é dono do colégio, o terreno inteiro está no nome dele e foi o avô dele que mandou construir essa escola, por isso que nunca tomo punições.

S/N passou a encaixar aquelas informações em sua cabeça, aquilo fazia sentido. Haru não tinha medo de aprontar porque nunca seria tratado como os outros ali.

— Eles são hipócritas demais, apronto porque não quero ser tratado como diferente por causa do meu pai. Isso não é justo. Quero ver até onde vai a paciência deles.
Garoto, você é um verdadeiro idiota.

°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•

S/N preencheu os dados dos alunos para irem ao teste de admissão para conseguirem uma permissão temporária para usarem as suas Quirk's.
Para ela, todos ali tinham habilidades suficientes para lidarem com mais uma responsabilidade. Eram bons alunos, mesmo que alguns ficassem travados em alguns conteúdos.
Ainda sim eram bons alunos.

Quando terminou, o sinal de intervalo tocou, liberando os alunos de suas classes para o almoço. Viu uma sombra familiar aproximar-se, e sorriu para ele.

— Sensei. Gostaria de agradecer pelo apoio de ontem a tarde. - Izuku foi gentil em suas palavras, aliviando o coração dolorido de S/N.
— Não tem de quê, Izuku. És um bom aluno e um bom amigo pelo que posso observar pelo seu comportamento com os outros. Continue assim e só haverá elogios em suas fichas.
— Ah... - Ele ficou nervoso, erubescido pelo elogio.

Bakugou debochou com mais um de seus resmungos:
— Tsc. Isso é ridículo. - O garoto insistia em desafiar a autoridade de S/N.

O rapaz de olhos carmesin segurou Izuku pela gola, parecendo disposto a iniciar mais uma briga, mesmo que tivesse saído do castigo à poucos dias.

— O que você quer, nerd? Pontos extras? Hã.
— Kachan! Pare com isso. - Izuku pareceu tentar se afastar de Bakugou. Não queria tomar outra bronca e perder mais conteúdo por causa de uma suspensão.

Não havia mais ninguém na classe além dos três, se S/N não intervisse, ninguém mais iria.
Seu sangue ferveu, não aguentava mais tantos desafios em sua autoridade, e questinou-se sobre ser boa como uma profissional da área da educação. Talvez não fosse tão boa quanto pensasse.
Esses pensamentos inseguros nublaram ainda mais a sua mente confusa, sentia-se tonta e com uma dor sob os olhos como se estivesse com ressaca.
Ainda sim, não poderia deixar mais nada ocorrer ali.

— Pare com isso. - S/N deu um tapa no braço de Bakugou, forte o bastante para fazer o garoto soltar Izuku.

Bakugou pareceu recuar, surpreso. Ele preparava mais uma de suas explosões, disposto a usar contra ela. As chamas não a assustaram, e ela insistiu em pôr-se na frente do menino de cabelos esverdeados como um escudo.
S/N poderia não ser forte o bastante para proteger alguém, mas aprendeu ser esperta para livrar-se de situações que envolviam violência.

— Sou influente o bastante para fazer você ser expulso deste colégio. - Chantagem emocional poderia funcionar bem às vezes. - Você acha mesmo que nós, professores, não observamos vocês? Oh... Bakugou. Se ousar me machucar com sua Quirk, nenhuma empresa vai querer contratar você como herói.

Bakugou parou um instante, não tinha intenção de usar a peculiaridade contra S/N, queria apenas assustá-la. Entretanto, as palavras dela o fizeram girar em sua memória, revendo as suas ações e disciplina, a mãe já o repreendeu pelo comportamentos egoísta e impulsivo e agora S/N fazia o mesmo, mas dessa vez com ameaças reais e sérias.
Ele percebeu as fichas na mão da garota, ela estava preenchendo as fichas dos alunos, e parecia ter a sua em mãos.

— Izuku, pode sair para o almoço, eu e Bakugou temos que ter uma boa conversa.

Midoriya não questinou a autoridade de S/N, mas despediu-se com um aceno preocupado. Mesmo depois de tudo, não queria ser ele uma das razões pela possível expulsão de Bakugou.
S/N pareceu procurar algo entre as fichas, até retirar uma e entregar ao loiro.
Bakugou olhou, leu e releu o conteúdo incrédulo.

Não havia absolutamente NADA que pudesse o prejudicar. As observações que tinham ali, poderiam ter uma ótima solução e ser bem resolvidas com trabalho em equipe e atenção, mas não dificultaria a sua entrada na carreia de herói.
Ele a olhou com medo. Aquela S/N era boa em chantagens.

— Você...
— Fiz o mesmo que você. Queria me chantagear com sua Quirk, então eu usei a sua carreira contra você mesmo.

Ela sabia desde o início que Bakugou não iria machucar ela com a sua Quirk.

— Eu. Eu não sei o que dizer. - Katsuki não estava surpreso com o desempenho dele, mas sim com as observações anotadas.
— Eu não faria nada que o prejudicasse se quisesse. Sei separar vida pessoal e trabalho. Sabia que não atacaria pois você nunca hesita quando começa algo. E sobre Izuku... Ele é um garoto doce, se o seu problema é comigo deveria vir até mim, e não ir descontar nele.

Ela pegou a ficha de volta e a guardou, vendo Bakugou a encarar com uma expressão que ela não sabia dizer se era surpresa ou apenas medo. S/N afastou-se dele, mas Bakugou não queria deixar ela ir.

Solte. - Ela ordenou quando Katsuki a segurou no pulso, não parecia estar brincando dessa vez.

Ele a soltou, deixando-a ir pelo seu caminho. Dessa vez era ele que estava magoado e ressentido.

O que diabos você vê?! (Imagine Bakugou)Where stories live. Discover now