Pessoas confusas machucam pessoas incríveis

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Bakugou não a viu nos próximos dias, e talvez fosse melhor para ela não o ver novamente. A relação de amizade dos dois poderia ter se encerrado ali mesmo.

Em seu quarto, o garoto virava-se de um lado para o outro com o celular mãos, olhando o contato salvo de S/N.
Melancólico, ele deixou o celular em cima da mesa de canto ao lado de sua cama e ali ficou. O silêncio causava um zumbido seu ouvido.
Bakugou encarava o telhado, refletindo sobre o peso de suas ações com outras pessoas.

Ele fez da vida de Izuku um inferno, o garoto cresceu inseguro por culpa dele. Agora era S/N, que provavelmente carregava consigo o peso de não ter o devido controle sobre a sua Quirk, não era culpa dela.

— Bakugou! Eu tô te chamando à uns 10 minutos, não me ouviu? - Mistuki entrou no quarto claramente impaciente com o filho.
— Não. Eu não ouvi. - Respondeu.
— Tem uma menina lá embaixo querendo falar com você. Desde quando você tem tantas amigas bonitas assim?
— É a S/N? - Bakugou levantou frenético, rapidamente vestiu uma calça e ajeitou o cabelo no espelho.
— Não. - A mãe negou. - Quem dera fosse. É uma garota que diz ser Mizume Ryotaro.

Katsuki procurou em sua memória, aquele nome não era estranho para ele. Talvez fosse quem estivesse pensando.

— Tem certeza que ela não errou de endereço?
— Tenho certeza que não. Afinal ela disse claramente que queria falar com o Katsuki Bakugou, eu não conheço nenhum além de você. Vai logo e não deixa a menina esperando.
— Inferno. - Resmungou.
— Cala a boca, ela tá lá fora. - Mitsuki o repreendeu com uma esbofetada em sua nuca.

Bakugou desceu as escadas sem reclamar e seguiu até a porta, ainda tentando lembrar-se de quem pertengia aquele nome.
Quando saiu, fechou a porta atrás de si e encarou a menina, boquiaberto.

— Mimi?
— Pensei ter dito que você deveria me chamar de Ryotaro. Não fale como se fosse meu amigo.
— Foda-se. - Ele cruzou os braços. - O que caralhos você quer?
— Estava certa em dizer que a sua mãe é uma delícia.
— Você veio aqui só para falar da minha mãe, porra? Garota, o que você tem na cabeça?
— Não vim aqui só por causa disso. Queria acertar as contas com você por causa da S/N.
— Veio defender a sua namorada?
— S/N não é a minha namorada.
— Mas você gosta dela.
— Reconheço que esse gostar não é o suficiente para manter um relacionamento. Não daríamos certo como namoradas.

Bakugou sentiu-se levemente aliviado com o que Mimi havia contado, mas não deixou isso transparecer em sua carranca. Ao invés disso, franziu o cenho e a encarou, esperando que ela continuasse a falar.

— S/N me contou tudo o que ocorreu nos últimos meses, e bônus, ela se sente extremamente culpada por ter feito você ver aquelas coisas.

Katsuki deixou a cara ruim de lado, e ficou neutro perante ao que ela falava a ele.

— Sabe, eu não posso dizer que entendo a S/N porque não sei o que ela vê. Mas eu sei que não é algo legal, e sei que se fosse passar essa Quirk para alguém, ela não o faria.
— Como pode ter certeza?
Ela não deseja o inferno que é a própria vida à ninguém.

Bakugou sentiu a culpa em suas costas, o sentimento de frustração o fez ficar enjoado. Ele engoliu a própria saliva e olhou para o lado, tentando de alguma forma esconder a sua expressão melancólica carregada de arrependimento.
Mimi notou a sua preocupação. Mesmo que S/N não a contasse diretamente o que ocorreu, sabia que foi sério o bastante para fazê-la chorar.

Dizer que Mimi estava furiosa era um eufemismo. Deus, queria socar a cara de Bakugou até quebrar os próprios dedos, arrancar sangue de seu rosto e fazê-lo entender de uma vez que o mundo não gira e nunca girará entorno dele.
Entretanto, optou pelo diálogo dessa vez. Se por algum acaso Bakugou ao menos dissesse um único A com a amiga, ela atravessaria um continente inteiro para dar um chute entre as pernas do loiro.

— Saiba que talvez você nunca mais a veja.
— O que?
— S/N pretende mudar de cidade comigo, ir embora até a poeira abaixar.
— O que você quer dizer com isso?
— Ela vai amanhã cedo. Vamos descobrir como controlar a Quirk dela para não causar mais problemas a ela e nem a ninguém.
— E você sabe quando ela vai voltar?
— Eu acho que ela não quer voltar, Birimbinha. Também não adianta mandar mensagem, ela bloqueou o seu número. - Alertou quando viu o loiro pegar o celular.
— Tsc...
— Ela não quer ver você, ainda se sente culpada. Se você quiser acertar as contas com ela, vá até este ponto de ônibus amanhã cedo, o ônibus sai às 7:00, deve dar tempo você chegar.

Mimi virou as costas depois de entregar o papel ao garoto de olhos vermelhos. Kastuki encarou o post-it azul, refletindo se seria certo ir até ela ou não.
Sua mente gritava para deixar ela ir, seria melhor para os dois. Mas porra, seu peito apertava com a possibilidade de não poder vê-la nunca mais. O último contato, a última lembrança, a última vez que se viram seria marcada por uma discussão feia, a responsável por fazer os dois se afastarem um do outro.

E era culpa dele, mais uma vez.

— Mimi! - Ele a chamou.
— Ryotaro. - Ela o corrigiu, ainda não gostava nem um pouco da ideia de Bakugou a chamar por um apelido carinhoso, justamente o de infância, cujo a autora dele era a própria S/N.
— Obrigado.

Mimi arregalou os olhos surpresa, logo ele havia agradecido, esperava que ele fosse mandar ela ir se fuder e cuidar da própria vida.
Não que estivesse reclamando, aquele obrigado vindo dele era mais do que o suficiente.

Tinha ciúmes? Com certeza. Ficou com raiva de Bakugou por ter brigado com S/N? Sem dúvidas. Iria tirar proveito disso? Ainda não chegou nesse nível de filhadaputagem.

Não sabia dizer que se o "loirinho do tchan" iria ou não seguir os conselhos dela, se iria engolir o orgulho ou se iria ajoelhar-se perante a ele, não se permitindo pedir desculpas a S/N.
Entretanto, sorriu satisfeita, tinha feito a sua parte, seu trabalho de manter a amiga bem e segura, mesmo que não fosse ao lado dela.

O que diabos você vê?! (Imagine Bakugou)Where stories live. Discover now