Sua vez de ajudar

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S/N fungou, o seu nariz entupido tirava a sua concentração.
Naquela noite, queria deixar um conteúdo preparado para os alunos quando voltassem do acampamento, porém era impossível fazer isso com seu nariz escorrendo o tempo inteiro.

Ela respirou de boca aberta, visto que quase não conseguia o fazer pelas narinas.
Esfregou os olhos com sono, observando o relógio acima da sua cabeça 1:29. Não iria ter problemas com horário, afinal era sexta e não precisaria ser preocupar com nada até quarta da próxima semana.

Só iria dar aula a tarde, o reforço, e depois seria liberada.
Não que estivesse mesmo animada com o estágio, apenas queria descansar nos dias seguintes sem precisar interromper seus momentos de tranquilidade só com trabalho.

Tomou um gole do seu café, que parecia não ter efeito algum no seu corpo, continuava a quase adormecer sob os papéis bagunçados em cima de sua mesa, espalhados, outros empilhados e misturados com os livros.
Apoiou os braços na mesa e escorou a cabeça sobre eles, aprofundando seu rosto cansado. Planejava cochilar ali por 10 minutos, e depois voltaria ao trabalho.

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- Desculpe, Sr. Aizawa, mas não tem como dar aula nesse estado. - Ela disse ao telefone, fungando após falar de seu estado.

Aizawa notou mudança em sua voz e respiração sob o telefone. S/N foi pega por um forte resfriado naquele fim de semana, e como consequência não haveria reforço aquela tarde.

- Certo, certo. - Aizawa não parecia surpreso, notou o estado sonolento e desequilibrado de S/N na quinta, mas não comentou a respeito achando que ela só estaria cansada. - Você deu reforço até mais do que deveria, pode tirar uma férias se assim quiser e voltar para a escola só daqui um mês.

Ele ouviu um espirro, depois mais uma tentativa falha de inspirar.

- Obrigada pela proposta, vou pensar a respeito. - Ela com certeza iria aceitar.

Aizawa desligou, imaginando a reação triste de seus alunos ao receberem a notícia que sua professora favorita estava doente.
Denki, Uraraka, Sero, Mina, Iida e Midoriya seriam os principais afetados, e realmente foram.

S/N só teve tempo de chegar à sua cama antes de ser completamente imobilizada e rendida pelo sono e cansaço. Nem se deu ao trabalho de cobrir o próprio corpo.

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Duas batidas em sua porta arrancaram-lhe de seu sono profundo.
Zonza, cansada mesmo ser ter feito nada, fatigada, lutando para se manter em pé, fazendo esforço máximo para se segurar nos objetos de casa.

Ela abriu a porta, recuando um pouco com a luz alaranjada do pôr-do-sol, dormiu a tarde inteira, não tomou banho naquele dia e não tinha comido nada até agora.
Seu estômago roncou e revirou, estava faminta, mas exausta demais para fazer qualquer coisa para comer.

Colocou o braço ao redor da barriga e bocejou, depois fungou mais uma vez com o nariz escorrendo.

- Minha nossa, olhe só o seu estado. - Katsuki falou a ela, ríspido como sempre.
- Hum? - Ela limpou o nariz com as costas da mão.
- Argh! S/N!

Ele praticamente a empurrou para dentro de casa, ela quase caiu ao se desequilibrar, porém Bakugou foi rápido em segurá-la.

- Tsc. Olhe só para você.
- O que você quer, Bakugou? Veio zombar do meu estado? - Ela se encostou na parede, quase dormindo novamente.

Bakugou estalou os dedos na frente de seu rosto, tentando alertar de que ainda estava ali e que não era uma boa hora para dormir.

- Pelo seu estado, diria que você não comeu e nem tomou banho. - Sua mão correu até o rosto dela, S/N sentiu os dedos dele em sua testa suada. - Me mostra o banheiro.

S/N virou as costas, mostrando o quarto bagunçado e o banheiro como ele havia pedido. Ela se sentou na cama quando ouviu a água cair em sua banheira e Bakugou voltar segundos depois, enxugando as mãos em sua toalha de rosto.

- Vem logo, nem tente resistir. - Katsuki a puxou até o banheiro.
- Eu não quero tomar banho agora.
- Não tem essa de querer, você tá doente e mal consegue se manter em pé sem precisar se apoiar em alguma coisa.
- Mas Bakugou...
- Cala a boca e toma logo um banho.

Ele saiu do banheiro antes que ela pudesse se despir. S/N bufou, chutou o ar com raiva e mandou Katsuki e se foder em sua mente, também o xingou de todas as formas que conseguia se lembrar, até com palavras que ela nem imaginava que existiam em seu vocabulário.
Apesar disso, admirou a sua atitude nobre de vir a sua casa para cuidar dela, embora ele estivesse mesmo devendo vários favores a ela.

Quando se acomodou na banheira, pôde sentir o sono se dissipar conforme os minutos passavam.
Ficou ali, naquela banheira com água morna, molhando o rosto e esfregando o corpo para tirar o cheiro de suor impregnado.

Quando saiu do quarto, vestida com algo que não fosse seu pijama, um cheiro bom vindo da cozinha invadiu seu nariz e fez seu estômago roncar.
Praticamente correu para a cozinha, e seu movimento repentino não passou despercebido por ele.
Bakugou não falou nada, só a olhou de relance e voltou a sua concentração na comida. S/N queria puxar assunto, embora não soubesse exatamente como.

- Como está sua mãe?
- Eu que venho cuidar de você, e você pergunta da minha mãe?
- Ela não é ríspida em grossa comigo.
- Mas quem tá aqui sou eu.
- Eu não mandei você vir, mandei? - Implicou.
- Não quero ficar te devendo favores, só isso. Você me ajudou duas vezes, e ainda não consegui retribuir.

Bakugou não gostava de receber ajuda, por mais mínima que fosse, de qualquer pessoa que seja. Então, se S/N o ajudou, ele iria fazer o mesmo para não se sentir individado.

Mesmo que S/N não parecesse se importar com a sua ajuda.

- Onde você aprendeu a ser tão atrevida?
- Você é atrevido e desrespeita praticamente todo mundo, então eu faço o mesmo com você, não posso?

Era justo. Não acham?

- Eu tinha uma amiga que era bem parecida com você.
- Hã? - Ele parecia curioso com o assunto.
- Mayume, porém sempre a chamei de Mimi-San. Ela não era ríspida comigo assim como você é, mas era com outras pessoas. Eu observei a forma como ela sempre tinha uma boa resposta para tudo e quão boa de briga ela era, então resolvi seguir o exemplo dela em certos aspectos, mantendo um equilíbrio de quando é mesmo necessário responder ou não.
- Tsc. Não sabia que você tinha amigas.
- Não tenho muitas, mas Mimi foi mais do que apenas uma amiga. Ela foi A AMIGA.
- E onde caralhos ela se enfiou?
- Mudou de estado, perdi contato com ela meses depois, não sei o que aconteceu ao certo.

O que diabos você vê?! (Imagine Bakugou)Onde histórias criam vida. Descubra agora