capítulo 8

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Júlia Mospiert


Acabei acordando mais tarde do que pretendia, mas me senti renovada pelo cochilo. Feliz porque os sinais daquela dor insuportável já não fazia parte do meu corpo, levantei tomando o cuidado de arrumar o roupão, que com o sono, acabou fora do lugar. Ainda sonolenta desci as escadas com calma e fazendo silêncio depois de ver que Vinicius já estava em casa, mas não sozinho pois uma loira estava sentada no sofá da sala de frente para o meu marido.

— É bom revê-la, Amanda, mas eu não acho que sejam as melhores circunstâncias para que você trabalhe aqui.— Ele disse passando a mão na nuca, um gesto que eu sabia ocorrer quando ele estava nervoso.

—Senti tantas saudades de você, meu amor — Ela aproximou o corpo do dele e um apito soou no meu cérebro me mandando avisar que eu estava ali, mas a parte que venceu foi a da curiosidade de saber o que faria.

— Não — Segurou os punhos dela que estavam prestes a tocar se rosto — Não volte a fazer isso, por favor. — Embora suas palavras fossem gentis, seu tom era tão frio que deixava óbvio a distância que ele queria manter.

— Licença — Disse revelando minha presença e Vinicius soltou as mãos dela ficando de pé e passou a mão nos cabelos mais uma vez. — Vinicius, podemos conversar? — Perguntei meio incerta do que dizer na conversa e de como seria tratada, já que naquela tarde as coisas não estavam boas entre nós.

— Júlia, não é nada que você está pensando — Ele caminhou bem rápido ao meu encontro, que ainda estava parada nas escadas.

—Não sabia que você tinha visitas — A mulher falou mais baixo— Me desculpe — Olhou para Vinicius que mantinha seus olhos presos aos meus.

—Prazer Amanda, não é? — Ela confirma ainda de cabeça baixa— Júlia Mospiert —Ela me encara e eu passo por Vinicius caminhando até ela e estendendo minha mão.

—Você casou? Casou com outra mulher? — Perguntou aflita e Vinicius ainda sim não se pronunciou.

Vinicius me olhou com uma expressão nada boa e eu fiz um sinal com os ombros tentando dizer que não me importava, ele voltou aqueles olhos castanhos a ela e afirmou. Amanda o encarou com tanta decepção que eu me senti intrusa naquela sala e estava prestes a sair, mas ele se aproximou mais uma vez dela e eu não sairia daqui de jeito nenhum.

—Achei que soubesse que tudo que tivemos não passou de diversão, nunca disse que teríamos algo. Sinto muito que tenha entendido errado, mas sim, eu casei e volto a dizer que não acho apropriado que você trabalhe aqui. — Ainda em silêncio, observei a situação já sem paciência. Ela se apaixonou, ele não e é só isso. Quanto drama fariam mais em cima disso?

— Eu preciso do emprego — Falou sussurrando — Acabei de voltar do interior, por isso não sabia do seu casamento. — Ela explicou e ele assentiu — Minha vó está doente e eu preciso mesmo desse emprego, não farei nada, mas por favor me deixe ficar. — Suplicou apertando as mãos de Vinicius que soltou assim que percebeu meu olhar para aquele local.

—Não acho que Júlia vá gostar disso — Me encarou como se pedisse ajuda com os olhos.

—Eu não me importo — A confusão tomou conta do rosto dos dois — Seja lá o que aconteceu com vocês dois, ficou no passado. — Fingi ser a mais evoluída possível para não me comportar como uma vaca egoísta, principalmente depois do que ela disse de sua vó.

Ela assentiu me agradecendo e eu não esperei mais nada antes de subir até o quarto para colocar uma roupa fresca e comer, Vinicius veio logo atrás de mim e passou por fim ao entrar no quarto entrando no closet e voltando com um sutiã meu nas mãos.

—Por que suas coisas estão aqui? — Perguntou confuso olhando de mim para a peça. Caminhei rapidamente e tirei o objeto de suas mãos.

—Eu pedi para que Rose colocasse aqui. Não acha que vão acreditar que estamos casados dormindo em quartos separados, acha? — Ele negou parecendo se dar conta do erro que cometeu e irritado entrou para o banheiro.

Sem perder tempo coloquei o vestido ficando mais uma vez sem o sutiã, o vestido não necessitava e eu não era fã da peça. Só então me dei conta das sacolas que Rose falou mais cedo. Sentei no chão e tirei algumas peças das sacolas reconhecendo uma marca de lingerie famosa e conhecida pelos modelos de renda. Havia peças de todas as cores e modelos, peças realmente muito bonitas, mas foi justamente quando eu coloquei uma sobre o corpo, que a porta do banheiro abriu revelando um pedaço de pecado com uma toalha enrolada na cintura e água pingando do seu tronco.

—Não pense que vai acontecer algo de mais aqui, porquê não vai. — Ele falou baixo me encarando enquanto eu o secava descaradamente.

—Claro que não vai acontecer nada, eu não tenho um pênis entre as pernas — Olhei em seus olhos deixando um sorriso debochado nos lábios.

—Júlia — Sorriu se aproximando de mim — Nem você acredita nisso, porque insiste em continuar repetindo? — Sua mão tirou um mecha caída do meu cabelo e colocou atrás da orelha.

Dessa vez eu cortei a nossa distância e deixei que minhas mãos percorressem por todos os gominhos do seu abdômem, sentindo cada parte e notando ambas as respirações se modificarem conforme os movimentos. Aproximei minha boca da sua orelha e sussurrei ao mesmo tempo que minha mão encontrava seu membro duro, implorando por toque.

— É engraçado você colocar essa distância entre nós. Me pegar de jeito e depois me tratar mal, como se isso diminuísse a tensão que nos cerca, de como você fica duro cada vez que eu te provoco — Apertei seu pau escutando um gemido escapar por seus lábios, mas eu continuava sussurrando em seu ouvido — Você me deseja? — Perguntei me afastando o suficiente para encara-lo— Não negue.

— Eu te desejo — Ele puxou meu corpo para próximo do seu e beijou meu pescoço, roçando os polegares no meus seios.

— Você tem que fazer por merecer, marido — Beijei seus lábios com calma, saboreando todas as partes e me afastando quando senti que não conseguiria parar. — Não se atrase para o jantar. — Virei as costas e saí.

— Júlia — Ele gritou irritado — Volte aqui — Sorri satisfeita por tê-lo feito engolir suas palavras.

"Não vai acontecer nada" Isso era antes do meu corpo desejar você, marido.

Rose estava em desespero correndo de um canto para outro, pois Vinicius acabou chegando mais cedo que o previsto e ela ainda não tinha terminado o jantar.

— Fique tranquila, ele demorará alguns minutos no quarto e podemos esperar na sala por alguns minutos — Tranquilizei-a — Ainda não são nem sete da noite, é cedo. — Ela assentiu ainda apressada correndo de um canto a outro da cozinha e eu já estava ficando tonta — Vou esperar na sala.

Peguei minha bolsa que estava no aparador da entrada e tirei meu celular de dentro. Abri em minha rede social e não tinha nada de novo além de algumas marcações sobre o casamento, não respondi pois eram todas de páginas de fofoca e eu não quis dar a impressão de que responderia coisas relacionadas a isso, ou eles saberiam o que fazer para chamar atenção.

Coloquei na câmera frontal me olhando e gostando da coloração vermelha e natural que estava em minhas bochechas, sorri para foto no mesmo momento que Vinicius descia as escadas. Acabou que ele apareceu na foto, a encarei por alguns segundos, até o sofá afundar do meu lado.

Vinicius estava com uma calça moletom cinza e uma camisa preta, muito justa para minha sanidade mental. Seus pés descalços também poderiam facilmente ser o motivo do meu colapso.

— O que está fazendo? — Perguntou com tanta normalidade que eu tive vontade de ri — Vai me provocar agora? Será que não consegue não me provocar? — Sua repentina irritação me deu ainda mais vontade de ri, mas me controlei querendo manter o clima leve entre nós.

— Rose está em desespero porque você chegou mais cedo — Comentei olhando em direção a cozinha — Eu gosto dela.

— Ela não costuma passar a semana aqui, ela e Amanda só trabalham três dias por semana e a comida fica congelada nos outros dias — Ele explicou — Mas se quiser posso ver a disponibilidade dela para a semana inteira.

— De jeito nenhum. Fiquei até mais aliviada que aquela senhorinha não trabalha tanto assim. — Peguei novamente o celular desbloqueando e mostrando a foto que tirei agora a pouco — Você se incomoda se eu portar? Digo porque você é bem reservado e é a sua casa, mas minha rede social é privada. — Me adiantei a explicar vendo que ele estava interessado demais no que eu falava — Eu gosto de postar — Finalizei, sorrindo sem graça.

— A casa também é sua e eu não me importo, fique a vontade. — Agradeci e iria publicar a foto quando ele pegou o celular e abriu a câmera tirando uma selfie com a expressão bem séria. — Pode também postar fotos minhas. — Ele me devolveu o celular como se me fizesse um favor e eu o encarei incrédula.

— Eu não vou — Respondi divertida. — Você tem uma conta, poste você suas próprias fotos e — Fui interrompida com Amanda que passou do outro lado da sala esbarrando em um móvel e causando barulho. — O que aconteceu entre vocês? — Perguntei alguns segundos depois que ela passou.

— Eu não vou conversar isso com você — Falou irritado, sumindo com todo o clima leve que até pouco tempo estava entre nós.

Por sorte Rose apareceu nos avisando que estava tudo pronto e eu levantei sem dizer mais nada. Vinicius era um ponto de interrogação, quando eu solucionava algo, aparecia o sinal no fim da frase.

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