capítulo 34

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Júlia Mospiert

—Vamos, amor —Vinicius gritou pela milésima vez me apressando para o bendito almoço. Odeio quando ele combina as coisas sem mim e ainda vem querer encher o saco. Ah, da um tempo!

—Já falei que estou pronta —Já estava prestes a perder minha paciência e mandar ele ir sozinho— Por que você não vai tirando o carro da garagem enquanto eu procuro uma bolsa? Prometo que em menos de 5 minutos eu estarei lá em baixo.

Para o bem dele, fez isso. Peguei minha bolsa e desci as escadas me certificando que todas as janelas estavam fechadas, já que Rose não estava em casa se chovesse não teria ninguém para fecha-las e molharia tudo.

Entrei no carro e sem muitas delongas Vinicius deu partida para o lugar que combinou com Henrique. A cidade estava calma e quase não tinha trânsito, por isso chegamos em menos de 10 minutos e a demora para sair de casa não nos fez chegarmos atrasados.

Logo na entrada fomos encaminhados até onde Henrique já esperava pela gente e como estamos falando da minha história com Vinicius e contando com nossa imensurável sorte, Débora também estava junto.

—Desculpem pelo pequeníssimo atraso, eu sempre consigo esse feito antes de algum compromisso — Fui a primeira a me pronunciar não me deixando constrangida com a presença da jararaca, na verdade eu fui tão natural quanto pude. 

—Não se preocupe com isso, eu mesma faço a mesma coisa —Helena sorriu e levantou-se para me cumprimentar—Meu Deus, quanto tempo, você disse que iria na Itália e fazem o que... — Pareceu pensar a quanto tempo tivemos essa conversa.

—Exatos 4 meses —Sorri e passei os braços ao redor de Victor.

—É verdade —Sorriu e voltou a se sentar. Eu e Vinicius fizemos o mesmo— E nós atrapalhamos os planos de vocês.

—Na verdade, não. Ontem eu sugeri que fossemos fazer uma pequena viagem para um chalé que fomos a um mês atrás e ele me contou do combinado com seu marido. Ambos fizemos planos "secretos" e acabou que aqui estamos.

—Vinicius nunca gostou de comemorações, ele sempre disse que eram chatas e entediantes —Foi a vez de Débora se intrometer, mas eu não fiz nada, simplesmente continuei ignorando a presença dela.

—Bom, já conseguiu ver seu filho? —Vinicius perguntou em uma obvia tentativa de tirar a atenção de mim e de Débora. Garoto esperto.

—Não, mas segunda feira bem cedo ele estará comigo e Helena de mala e tudo. Viajaremos na quinta, bem cedo.

—Que bom que conseguiu vencer a causa, na verdade seria quase impossível que você perdesse. — Ele sorriu e assentiu.

—Como estão as coisas na empresa? —Assim que as últimas palavras escaparam por sua boca Vinicius me olhou tenso, acho que todos perceberam porquê a mesa toda ficou em silêncio e enquanto eu e ele nos encarávamos, eu podia sentir os três pares de olhos na gente.

—Se não se importa, eu gostaria de pedir para que não falássemos de negócios, eu e Vinicius passamos toda a semana ocupados trabalhando e nos fins de semana não gosto que tragámos trabalho para casa e hoje é uma data especial. —Eu usei o tom mais amigável que conheço e embora eu estivesse tensa, aquilo pareceu convencer eles. Ótimo.

—Sabe o que dizem quando o casal não tem tempo para a relação, Júlia? —Eu não me dei o trabalho de respondê-la, eu sequer olhei na direção que ela estava, mas isso não a impediu— Que o sexo esfria e logo o divórcio vem.

Eu não olhei na direção dela, eu me virei para o homem com quem eu transava todos os dias e sorri beijando seus lábios em um simples ato de carinho, ele sorriu e pegamos o cardápio avaliando algumas das nossas opções.

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